terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

Imagem retirada AQUI

Afonso de Albuquerque:
O César do Oriente 



Há exatos 497 anos, a 15 de dezembro de 1515, morria Afonso de Albuquerque, um dos nomes mais importantes na conquista e estabelecimento do Estado português da Índia. Conhecido pelo seu génio e estratégia militar, Albuquerque foi chamado, entre vários cognomes, de O Grande, o César do Oriente, do Leão dos Mares e até do Marte Português, o que revela o relevante papel que desempenhou na afirmação de Portugal no Índico. Foi o 2º Vice-rei da Índia. 

Afonso de Albuquerque nasceu, em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, por volta do ano de 1453. Era o segundo filho de Gonçalo de Albuquerque, senhor de Vila Verde de Francos e de D. Leonor de Meneses, filha de D. Álvaro Gonçalves de Ataíde, conde de Atouguia. O seu pai desempenhava um papel importante na corte de D. Afonso V e, por isso, Albuquerque foi educado em matemática e latim clássico, travando um boa relação de amizade com o futuro D. João II. 

Albuquerque começou jovem a sua carreira militar, em 1471 acompanhou Afonso V nas conquistas de Tânger, Anafé e Arzila, tendo desempenhado, durante uma década, vários ofícios em África. A pedido do futuro D. João II participou nas guerras contra Castela. 

Em 1481, depois de 10 anos em África, Albuquerque regressou a Portugal, logo após a ascensão de D. João II e foi nomeado estribeiro-mor. Em 1489, regressou a África, tendo estado em Arzila e em Larache. Regressaria a Arzila novamente em 1495. Em 1490, fez parte da guarda de D. João II, que morre em 1495. 

Após a ascensão ao trono de D. Manuel I, Albuquerque era visto com desconfiança pelo novo rei, devido, sobretudo, à relação de proximidade com D. João II. Mesmo assim, D. Manuel I, reconhecendo as capacidades de Albuquerque, deu-lhe o comando de 3 naus, enviadas, em 1503, à Índia. Aí Albuquerque revelou as suas capacidades, travando várias batalhas. Sob o seu comando foi erguida a fortaleza de Cochim, a primeira estrangeira construída na Índia. Era o início de uma nova fase. Estabeleceu relações comerciais com várias cidades e reinos vizinhos, entre os quais o de Coulão. 

Em junho de 1504, Albuquerque regressou a Portugal “mais cheio de glórias que de despojos”, sendo aclamado por D. Manuel. Junto ao Rei, expôs o seu plano para a criação de um verdadeiro império português no Oriente que, passava, segundo ele, pela conquista de posições estratégicas nos mares do Índico. D. Manuel I aceitou as ideias e Albuquerque partiu novamente para a Índia. Em 1506 foi nomeado capitão-mor do mar da Arábia (1506-1509) e apesar das forças diminutas de que dispunha, conquistou Omã e, em 1507, submeteu Ormuz. 

A partir de 1508 as relações entre Albuquerque e o 1º vice-rei D. Francisco de Almeida foram tensas, em desacordo com a nomeação real de Albuquerque para o vice-reinado, a situação só acalmou com a chegada do marechal D. Fernando Coutinho, em outubro de 1509. Afonso de Albuquerque tornava-se o 2º vice-rei da Índia. 

Albuquerque já vice-rei da Índia, iniciou uma fase de afirmação e crescimento de Portugal. Primeiro conquistou Goa, em 1510. Em 1511, submeteu a cidade de Malaca, essencial ponto de controlo de toda a navegação entre a Índia e o Extremo Oriente, edificando de seguida uma fortaleza para proteção de Malaca e do seu estreito. Ao regressar a Goa, encontrou a cidade cercada, mas através de uma hábil estratégia militar, conseguiu tomar ao inimigo o Forte de Benastarim, e salvar a sua cidade. 

Nas cidades conquistadas, Afonso de Albuquerque seguiu uma política de miscigenação, estimulando o casamento das indianas com os seus soldados e marinheiros, que depois ficavam a servir na administração do território. Assim, formaria uma nova geração luso-indiana que seria incapaz, no futuro, de expulsar do território a ascendência portuguesa. Outra política muito importante. 

Com a construção da fortaleza de Ormuz, em 1515, Albuquerque concluiu o seu plano de domínio dos pontos estratégicos que permitiam o controlo marítimo e o monopólio comercial da Índia. O Estado Português da Índia era já uma realidade. O povo de Goa nutria por ele a mais profunda admiração, uma vez que reconheciam que o vice-rei os governava, com respeito e justiça. 

Segundo se diz, quando andava em deambulações pelo Oceano Índico, ao serviço de Portugal, e quando pensava ser ainda o vice-rei da Índia, foi informado por uma embarcação indígena de que havia sido substituído. Terá proferido, então, a famosa frase: “Mal com el-rei por amor dos homens, e mal com os homens por amor de el-rei!”. 

Albuquerque morreu a 16 de dezembro de 1515, junto à barra de Goa, à vista da cidade que conquistou e que adotou como sua. Tinha construindo uma cadeia de fortalezas, em pontos-chave, que transformavam o Índico num mare clausum português. 

O exemplo de Afonso de Albuquerque alerta-nos para a necessidade de lutarmos por novos caminhos e pelo crescimento, não só pessoal, mas do país. É essencial termos objetivos e não termos medo das pressões. O homem pode ter receios, mas tem de ter força e garra para não desistir de lutar e ultrapassar os seus medos. Neste momento, em que muitos sobrevivemos, temos de ser audazes e viver. 


É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira



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4 comentários:

  1. numa carta ao rei escreveu que so num dia os homens que comandava mataram quatro mil pessoas incluindo velhos mulheres e crianças. diz que foi a reconquista de Goa

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  2. Muito bem meu caro amigo. Gostei...

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  3. Personalidade incontornável da História de Portugal e Universal, Afonso de Albuquerque, ñ só pelas conquistas realizadas a nivel militar, pela sua visão estratégica militar, mas tb por a antecipação de uma promoção da miscigenação entre povos, algo inovador p a época. Vice Rei da Índia por mérito, ñ por herditariedade... A assinalar outro grande ribatejano inscrito em algumas das páginas mais marcantes da nossa História!

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  4. Personalidade incontornável da História de Portugal e Universal, Afonso de Albuquerque, ñ só pelas conquistas realizadas a nivel militar, pela sua visão estratégica militar, mas tb por a antecipação de uma promoção da miscigenação entre povos, algo inovador p a época. Vice Rei da Índia por mérito, ñ por herditariedade... A assinalar outro grande ribatejano inscrito em algumas das páginas mais marcantes da nossa História!
    Li e gostei mto, recordas sempre numa boa síntese, os nossos mais notáveis!

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