(imagem retirada da internet)
(re)Agir na indisciplina!
A indisciplina é um dos problemas que mais condiciona o crescimento de crianças e jovens. Afeta as relações, as aprendizagens, a autoestima e, consequentemente, o sucesso pessoal e académico. O que podemos fazer?
Apontada por pais e professores como um dos maiores obstáculos pedagógicos dos tempos atuais e vista como o pesadelo dos educadores, a indisciplina é também fonte de instabilidade para a maioria das crianças e jovens, criando barreiras e dificultando o seu processo de crescimento e de ensino-aprendizagem.
O que é:
A indisciplina pode ser definida como uma transgressão extrema e danosa às normas impostas pelo contexto em que se está inserido, dificultando desta forma o seu normal funcionamento. As situações de indisciplina podem ser de diversas ordens e suscetíveis a distintas interpretações, variando ao longo de um contínuo, desde situações pontuais de quebra de limites a comportamentos de violência extrema e de vandalismo. Por oposição à disciplina (que tem por base a definição de valores e de limites e que procura delimitar os contornos entre o certo e o errado), a indisciplina vem da desobediência, desordem e rebelião face às regras que estão instituídas e está intimamente ligada à falta de limites e de fronteiras entre o que é permitido e o que não é.
Pode ser vista por alguns como uma forma de expressão, isto é, como manifestação de descontentamento ou como chamada de atenção. E pode ainda encapotar situações de instabilidade e sofrimento emocional que, por dificuldades de expressão em idades mais precoces ou em situações emocionais mais intensas, são manifestadas através de comportamentos desajustados. Em ambos os casos é fundamental que os adultos cuidadores procurem perceber o que está por detrás dos comportamentos de indisciplina de modo a poder chegar ao foco da questão que o despoleta.
De entre os vários comportamentos que são apontados como estando na causa de situações de indisciplina salientam-se a falta de cumprimento das regras e o crescente desrespeito pelas figuras e situações de autoridade. Enquanto nas crianças os comportamentos de indisciplina tendem a ser irritantes, agressivos, impulsivos e de mau humor, os jovens demonstram uma maior oposição face às regras e normas sociais e um maior confronto direto com as suas figuras de autoridade (pais e professores).
A influência dos grupos:
Um dos fatores apontado como base da indisciplina é a relação da criança e principalmente do jovem com a sua turma e com os grupos de que faz parte, uma vez que a influência do grupo de pares e a identificação com modelos de comportamento característicos de certos grupos pode potenciar alguns comportamentos de indisciplina e de desrespeito pelas normas sociais.
A indisciplina é apontada por alguns estudos como catalisador da escalada do comportamento antissocial dado o não cumprimento de normas e regras sociais, a dificuldade de obedecer às figuras de autoridade e os comportamentos atípicos e ajustados, verificado em ambas as situações. Tendo por base a possível relação, é fundamental atalhar os comportamentos de indisciplina para que os mesmos não se transformem numa desadaptação generalizada ao meio.
O tipo de resposta a situações de indisciplina deve ser cuidadosamente pensado uma vez nem todos os comportamentos indesejáveis que são punidos desaparecem. Os castigos e as punições são úteis para controlar o mau comportamento, mas por si só não ensinam a forma desejada de agir nem reduzem a vontade de realizar um comportamento inadequado - mais do que o castigo é fundamental que a criança/jovem compreenda as implicações do seu comportamento e as consequências do mesmo. Os educadores deverão esclarecer as razões que explicam o porquê daquele comportamento ser errado e evitar dramatizar a situação ou fazer comentários que a tornem numa luta de poderes ou numa vingança contra a criança/jovem. Caso seja atribuído um castigo, é importante que a criança/jovem perceba que o que está a ser feito é punir o comportamento que foi desadequado, não deixando espaço para que esta punição seja entendida como uma rejeição.
Em família:
A família é o primeiro contexto de aprendizagem da criança, daí a sua importância na formação dos seus valores e das suas regras de conduta. É na relação que cada criança estabelece com as suas figuras de referência (habitualmente os pais) que vai construindo os seus modelos de comportamentos, de reação às situações que vivencia e de relação com os outros, uma vez que a maioria dos comportamentos é aprendida por imitação e por experimentação.
Desta forma a família tem particular importância no que toca à gestão dos comportamentos de indisciplina desde tenra idade. A desobediência e a falta de precisão nos limites familiares fazem com que as crianças não compreendam a importância das regras e das normas, desrespeitando-as com maior facilidade.
Os problemas de indisciplina, contrariamente ao que ainda é algumas vezes referido, não acontecem apenas em contextos familiares desestruturados, onde não há imposição de regras ou limites, ou perante momentos de conflitos. Muitas vezes, a indisciplina é a forma da criança demonstrar que não consegue lidar com determinadas situações e de chamar a atenção dos demais.
Em contexto académico:
A indisciplina e a desordem em meio escolar constituem um dos pontos de grande preocupação dos pais e dos educadores, dada a frequência e gravidade com que ocorrem estas situações. A indisciplina não é apenas uma infração ao regulamento interno da escola ou um desrespeito às boas maneiras. Esta é geralmente uma manifestação de um conflito dirigida a intervenientes específicos e de formas diversificadas e há que ter especial cuidado uma vez que os comportamentos indisciplinados de um aluno podem influenciar aos demais, criando um clima de total descontrole.
A indisciplina em sala de aula, despoleta um misto de sentimentos aos professores, nomeadamente: preocupação, impaciência, indignação e incapacidade. Muitos afirmam que o comportamento apresentado por certos alunos prejudica significativamente o andamento do trabalho pedagógico desenvolvido em sala de aula e que os prejuízos são causados pelos barulhos excessivos, pela não realização dos exercícios propostos para a sala ou casa e pela desobediência.
Há que ter em consideração que nem todos os comportamentos desajustados são resultado de atos de indisciplina, podendo dever-se a características individuais dos alunos. A distinção entre ambas as situações é fundamental para poder atuar de forma mais ajustada. Caso os comportamentos indisciplinados sejam apenas o reflexo de outras situações, as repressões e as sanções só são eficazes quando complementadas com estratégias mais abrangentes que abarquem também o foco do problema uma vez que, de outra forma, serão ineficazes e até contraproducentes. De entre essas situações salientam-se os alunos mais curiosos ou contestatários, os desmotivados/desinteressados, os imaturos e os que apresentam dificuldades escolares.
ESTRATÉGIAS PARA INTERVIR NA INDISCIPLINA
Embora cada situação seja única e irrepetível, e como tal não haja comportamentos padrão para fazer face a estas situações, é possível para os pais/professores gerir as situações de indisciplina de maneira mais eficaz. Desta forma é importante:
- identificar os alunos/situações perturbadoras;
- dialogar sobre as situações menos funcionais, adequando as palavras e procurando estratégias conjuntas para a sua resolução;
- diferenciar as situações de aprendizagem, indo ao encontro das necessidades individuais de cada criança/jovem;
- valorizar os comportamentos corretos e ajustados;
- responsabilizar a criança/jovem pelas suas aprendizagens e pelos seus comportamentos;
- mudar estratégias, discurso e posições na sala se necessário;
- reforçar as ligações escola-família, trabalhando em cooperação e articulação;
O PROFESSOR DEVE AINDA:
- refletir sobre as suas atitudes e funções enquanto educador;
- planificar as aulas cuidadosamente – quanto mais eficaz e bem organizada for uma aula, menos espaço haverá para comportamentos desajustados por parte dos alunos;
- cativar os alunos para a aprendizagem da sua disciplina;
- fomentar o respeito mútuo e o desenvolvimento da autoconfiança;
- debater o regulamento da turma com os alunos sempre que necessário, respeitando as várias opiniões e fazendo-se respeitar;
- ter em atenção a sua linguagem não verbal bem como a dos alunos, durante o decorrer da aula;
- utilizar uma linguagem e um discurso ajustado e construtivo;
- evitar comentários desnecessários sobre questões externas à aula ou à matéria, principalmente se os mesmos expuserem alguns alunos;
- diferenciar a aula de acordo com as características dos alunos;
- dar feedback construtivo e definir metas ajustadas às capacidades de cada aluno;
- gerir as expectativas de aprendizagem e valorizar o esforço;
- atuar nas situações menos ajustadas, com calma e firmeza.
A forma privilegiada de proceder perante os casos de indisciplina é, sem dúvida, a prevenção. É fundamental consciencializar as crianças e os jovens sobre a importância da escola e do seu envolvimento no processo de aprendizagem de modo a cativá-los e a responsabilizá-los pelo seu processo educativo. Ao assimilarem a importância que a escola tem na sua construção e na aquisição de ferramentas essenciais para o seu futuro, é mais fácil diminuir os comportamentos de desinvestimento e aumentar o empenho e a motivação dos alunos face às suas aprendizagens.
Informação retirada AQUI
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