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Os Bastardos Reais:
filhos ilegítimos dos Reis de Portugal
No mês de Março foi editado o livro Os Bastardos Reais – os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal, de Isabel Lencastre. A obra apela para um tema que desperta a atenção dos leitores ávidos de conhecimentos, como, especialmente, os interessados em História de Portugal e dos homens que estiveram à frente da condução da política portuguesa e das suas fraquezas, sobretudo amorosas.
Isabel Lencastre, como a própria afirma, é o pseudónimo de uma personalidade da vida pública portuguesa, nascida nos anos 40 do século XX, que se lança, com esta obra, no estudo das monarquias europeias. A escolha do pseudónimo não deve ter sido casual, pois remete-nos para o nome da rainha D. Isabel de Lancastre, rainha consorte de Portugal, filha do Infante-Regente D. Pedro, Duque de Coimbra e esposa do seu primo direito D. Afonso V, com quem viveu uma bela história de amor.
A obra é muito interessante, pois envolve-nos nas intrigas e nas histórias dos reis e das suas amantes, mostrando-nos que, mesmo ilegítimos, os filhos bastardos dos Reis de Portugal, eram muito estimados, tendo, alguns deles, grande destaque na política nacional, quer no apoio ao pai, quer nas intrigas palacianas que sempre povoaram a nossa História, sobretudo nas guerras com os irmãos legítimos.
É bom relembrar que a II Dinastia (de Avis), iniciou-se com um bastardo, D. João I, o de Boa Memória, que foi um Rei que marcou o início de uma nova fase da História de Portugal e até do Mundo, os Descobrimentos e toda a Expansão Europeia. Dos seus filhos, Luís de Camões, haveria de dizer que foram a Ínclita Geração, educados de forma esmerada, sobretudo pela mãe, uma Lancastre, que efetivou a aliança luso-britânica ao casar-se com o rei português e que soube preparar os filhos para a modernidade. De um bastardo nasceu aquela quer seria a mais imponente e marcante Dinastia da História nacional.
O livro acaba por ter alguns lapsos, sobretudo na leitura de relações entre alguns membros da realeza, devido ao emaranhado de ligações de consanguinidade entre os vários Reis. Isabel de Lencastre divide a obra entre as 4 Dinastias e subdivide por cada reinado, exceto quando não há muito a dizer, agrupando num mesmo capítulo vários Reis, o que acontece, por exemplo, com D. Afonso VI (acusado pela esposa e pelo irmão de não consumação do casamento), que aparece junto do irmão, D. Pedro II.
A autora conta-nos que Portugal teve duas rainhas e 32 reis, destes últimos, apenas seis não tiveram filhos. E, dos 26 restantes, só dois não terão tido filhos ilegítimos, D. Manuel I e D. José I. Isabel de Lencastre procura, além de contar as histórias dos bastardos oficiais, abrir o interesse para o estudo dos bastardos não reconhecidos, relembrando-nos que o livro não encerra a história dos bastardos, pois muito ainda há a descobrir, dando-nos dados para fazermos o nosso estudo.
Com uma boa síntese historiográfica, o livro procura relatar uma parte escondida e apaixonante da História de Portugal, fazendo dos bastardos, pela primeira vez, o centro da análise da História de Portugal. Além disso, no final de cada capítulo, a autora faz os vários cruzamentos e as linhas genealógicas, para nomear as várias personalidades atuais que descendem de bastardos reais.
A obra Os Bastardos Reais – os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal, de Isabel Lencastre, é um texto muito interessante que, embora não seja perfeito, é completo e bem escrito, abrindo os nossos horizonte para as fraquezas reais e para o papel que os filhos ilegítimos tiveram no desenrolar da História de Portugal. Um livro que aconselho vivamente, porque nos mostra que os Reis, embora com todo o poder que detinham, eram homens iguais a todos os outros, que sucumbiam aos encantos amorosos e que amaram intensamente os seus filhos, mesmo os bastardos. Basta relembrar o caso de D. Pedro IV, que na sua imensa prole, tem um sem número de bastardos, que legitimou, dando todo o seu amor e com quem partilhou títulos e riquezas.
É preciso viver o passado para construir o futuro!
Francisco Miguel Nogueira
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Tens de me emprestar o livro, parece mesmo a tua cara. Gostei.
ResponderEliminarJá havia visto o livro nas bancas de algumas livrarias, resta saber da sua precisão histórica, ñ sendo o tema que mais me despertaria o interesse, ñ deve deixar de ser uma talvez o fato de ser bastardo ñ seja alheio à sua governação e personalidade...), poucas são as referências históricas aos bastardos dos nossos monarcas... Gostei da tua análise e do teu referido interesse por todas as vertentes da História.
ResponderEliminarEsta tua crónica diverge bem das restantes, mas muito pertinente. Consegues elucidar-nos das expetativas no respetivo livro. Aliás até já contamos que existe falhas, lapsos esses que pessoalmente não chegaria lá sozinha por não possuir os teus conhecimentos!
ResponderEliminarMas de facto, parece-me interessante, visto que mostra um outro lado da vida dos “Senhores” e suscita a curiosidade de como foi a vida dos bastardos, isto é, dos que foram identificados!
Abraço