(imagem retirada da internet)
Fátima e os seus Homens!
É curioso sentir na pele como ainda vivemos numa sociedade vedada por medos e desejos incontestados à luz do dia, talvez porque a minha raiz de pensamento advém das Ciências Socias, tenho o dever de questionar todas as vertentes do saber que intrigam o “eu” do sujeito e as estruturas feitas por todos os indivíduos. Não obstante das várias questões que tenho vindo a pespontar ao longo do ano 2011/2012, o meu trabalho não seria de todo original se nesta novela quotidiana não apresentasse os problemas que envolvem a sexualidade da sociedade, transcrevo as palavras de um Senhor com quem tenho o privilégio de pertencer ao leque das suas amizades, “Vivemos numa Sociedade Erótica”, não diria melhor, de fato convivemos e nos relacionamos eroticamente em sociedade. Um Sociólogo, um Filósofo, um Antropólogo, um Hermeneuta, entre muitos outros pertencentes tal como eu, às Ciências Sociais, não pode já mais prescindir do cuidado em perceber a intimidade de um sujeito e a forma como este se relaciona com o exterior, refletindo deste modo qual a causa/efeito ou os efeitos determinantes da causa! (aqui depende da sua perspetiva). O Ser Humano não é completo sem o seu sexo, não é completo sem a consciência da sua sexualidade ou falta dela. Por isso, novamente inclino-me com todo o respeito para mais uma história (real) com o propósito de atendermos à sexualidade, incorporando-a no nosso dia-a-dia em diálogo consciente entre familiares, amigos e nas escolas, centros, hospitais. A sexualidade é uma questão de saúde pública!
Pesquisas evidenciam que as mulheres estão a tornar-se mais bonitas, independentemente do seu tamanho, graças à sua independência económica, a crescente procura cosmética e ao crescente avanço das clínicas estéticas. A beleza de uma mulher à primeira vista será sem dúvida um belo passaporte para a entrada de um novo emprego, contudo pode seguidamente atrapalhar, pois seus colegas tendem a menosprezar as suas capacidades e poderão abusar das próprias julgando-as apenas capazes de combinar a cor dos sapatos com a camisola do dia! Mas não fica por aqui, as mulheres bonitas mostram fraqueza emocional quando as relações amorosas terminam, questionando como é possível o namorado ou marido terminar a relação se esta é fisicamente atraente, sem se interrogarem quais as falhas da sua personalidade, mas essa dor de cotovelo não dura muito tempo, pois o egocentrismo vivido cada vez mais pelo sexo feminino, não deixa margem suficiente para desgostos amorosos quando tomam a atitude de progredirem na carreira profissional. Ao que parece são as que têm mais filhos e as mais maduras que adquirem maior autoestima e com isso adoçam o paladar do sexo masculino! Em suma, as mulheres estão a evoluir naturalmente na sua beleza enquanto os homens ainda se assemelham aos da pré-história, não sou eu a dizê lo mas vários investigadores, tais como Markus Jokela, Satoshi Kanazawa…
Segue-se então este caso…ATENÇÃO, o texto seguinte é para maiores de 18 anos...
A prova de que não são apenas as mulheres vistosas que mais pretendentes contabilizam, mas sim ou talvez, unicamente mulheres com personalidades distintas!
Fátima, uma mulher tão conhecida, tradicionalista, discreta, senhora de bons costumes, respeitada pelos mais jovens, pelos seus conterrâneos, sua família e pela paróquia, respeitada por todos aqueles que a bebem de baixo dos lençóis.
Fátima é tudo menos a mulher de curvas sublimes, talvez a sua sensualidade seja transmitida quando esta, por momentos mais oportunos dirige-se para os demais com atrevimento em suas silabas!
Digo que Fátima é uma senhora perspicaz, por vezes imagino-a ainda jovem…de quantos arbustos avistou Fátima as gaivotas aquando ainda donzela? Para os maioritários desta freguesia, Fátima ainda é uma donzela!
O que faz Fátima? Fátima faz de tudo, é mãe de seus sobrinhos, viuvou ainda muito jovem, enfeita Igrejas e Ermidas com as mais frescas e belas flores, é professora primária, cuida de seus pais e dos pais do falecido, está sempre pronta a dar…e dá mesmo.
Dá carinho e colo quente!
Conheço a Professora Fátima desde muito cedo, nessa altura poucos na ilha tinham computador e poucas mães conduziam, normalmente os nossos pais é que nos levavam logo pela manhãzinha à escola ou então as nossas mães pelo braço, lamento que esta senhora não tenha sido a minha professora, invejava os meus coleguinhas, estavam sempre alegres e gozavam mais 5 minutos de recreio do que a minha turma, só anos mais tarde tive o privilégio de conversar com esta senhora, ambas nas compras e a senhora discretamente perguntou o meu nome e afirmou que leu e ouviu-me a falar sobre um trabalho que fiz sobre Sexologia…
_ Não senhora, apresentei uma crónica e debrucei-me sobre algumas questões preocupantes para esta nova geração- respondi-lhe com um sorriso de canto a canto, retificando que não sou sexóloga, então esta terminou o elo de conversa felicitando-me e convidando-me a passar brevemente em sua casa.
Desde então mantemos contacto e posso vos garantir que ninguém a conhece tão bem… quanto conhece a minha escrita!
Dona Fátima tem 44 anos, rosto maduro, mas delicado, parece-me que tem umas ancas bonitas, mas o que me chama a atenção é a sua serenidade…o timbre suave que lhe sai de sua boca, todos os seus movimentos são lentos mas firmes, a sua voz parece o tilintar de pequenas folhas a cair no chão com a ajuda da brisa em início de outono…é tão…reconfortante!
Neste preciso momento em que me debato com a vontade de escrever sobre esta senhora, tenho a perfeita consciência de que a beleza é apenas um ponto a acrescentar ou a diminuir para a contabilidade de qualquer homem.
Fátima casou-se muito jovem, um erro, admitiu-me enquanto escrevia euforicamente no meu caderno de rascunhos com a sua autorização, este senhor (que Deus o tenha), foi o seu único amor puro, o casamento pouco durou mais de um ano, e esta permaneceu de luto durante 365 dias, chorou, lamentou-se…após 367 dias esta professora dedicou-se aos novos métodos de ensino, lutou para uma renovação de interação entre formadores/encarregados e alunos, nos seus tempos livres dedicava-se à musica, à pintura e nos recreios com os miúdos os incentivava ao bricolage …e novamente penso no meu tempo de menina, enquanto ouvia os professores entre si a comentar os muitos bons dessa turma, e eu e os meus restantes colegas a desejar insanamente para terminar o dia escolar!
Nesse período, Fátima rapidamente ascendeu na sua profissão, ainda hoje é diretora de duas escolas primárias próximas, fundou uma associação destinada a crianças deficientes, escusado será dizer que ficou desde então com um Cartão-de-visita como poucos, desde os anos 90, Educação e Cidadania era e é o seu forte e em consequência foi sempre convidada para apoiar e direcionar palestras, dar formação aos colegas, colaborar em outras Instituições, com tal reputação, soube de imediato que o seu futuro seria próspero, contudo, parte de si não deveria viver à luz do dia, não os seus desejos que teimavam em reaparecer todas as noites…
***
É impensável misturar trabalho com prazer, não da forma explícita que esta acaba de me contar…falo do prazer enfermo que a Dona Fátima sentira entre as pernas de todas as vezes que os olhos verdes e esmagadores do seu colega passavam por si, o jeitinho meigo de lhe entregar as capas e o livro de presença foi correspondido desde que este jovem presenciou trabalho na escolinha, poucos meses depois surgiu o convite:
_ Estamos todos a combinar para logo à noite, é sexta feira…
A noite foi sossegada, alguma vodka à mistura, os restantes colegas ficaram para o bailarico, mas Fátima já muito desabituada a noites longas, decidiu chamar o taxista que os tinham levado para a festa horas antes, nisso, em passos largos o seu colega gentilmente se ofereceu.
Pouco conversaram, vergonha e talvez um fio de ingenuidade de Fátima;
_ O primeiro e segundo beijo soube-me tão bem, os seguintes foram mecanizados, recordo-me de aproveitar ao máximo a sensação de sentir um lábio superior a sorar no meu inferior, senti um ardor no peito e os mamilos respondiam- acaba de me contar enquanto prepara a salada perfumada para logo almoçarmos nesta tarde abafada de sábado que se faz sentir em Angra do Heroísmo.
Ela estava nua…ele de jeans…o assento do carro era confortável, segundo o que consta, era um rapaz bem estruturado, Fátima concentrava-se no olhar, sentia que estava pronta para receber um homem dentro do seu corpo…no entanto, foi um momento infeliz o sexo do jovem afroixava-se de todas as vezes que tentaram, disse envergonhadamente que estava cansado…no segundo encontro também! Fátima afastou-se do colega e só mais tarde percebeu que este sofrera de disfunção eréctil, pois nesse mesmo ano foi traído pela sua única namorada, ficou muito abalado, parece que o rapaz até hoje não tem companheira…seria importante discutir este assunto e o incentivar a procurar um especialista, mas ao que parece ninguém o faz, a Fátima diz que se respeitam como colegas e tenta até hoje esquecer esses momentos!
Em setembro de 1996, rumo a Inglaterra, a sua amiga e colega de faculdade foi viver para a cidade de Cambridge, rápido casou e gerou dois meninos ativos e ganhou 14 quilos de peso e de ansiedade, rever a amiga e estar num ambiente longe de Portugal seria uma lufada de ar fresco, estava a precisar urgentemente de uma aventura, a sua silhueta tinha aumentado 3 centímetros, não que isso a preocupava mas era um sinal de excesso de trabalho, precisava de andar, passear, rir. Sabia que um casal com filhos e em altura de regresso aos serviços não teriam disponibilidade para a acompanhar, mas na certa era o verdadeiro desejo de Fátima, esta queria estar sozinha e ser ela própria, reconfortava-a a ideia de ficar em casa de conhecidos, quanto ao resto não se preocupava…
Procurou o bar mais próximo com bom aspeto, Ryles, aqui dança-se, bebe-se, conhece-se e reconhece-se muitos portugueses, há música ao vivo, Jazz, muita Salsa, gostos para todos, gentes bonitas e divertidas. Na tentativa de um pezinho de dança, Fátima sente-se observada, olha para essa pessoa e tem uma surpresa, um homem bem constituído, olhos castanhos com pigmento verde-escuro, um olhar como nunca antes visto, um sorriso branco perfeito, um português piloto que vivia há cerca de dois anos naquela cidade, Fátima percebeu que era um homem de palavras fáceis e estruturadas, demasiado seguro de si, mas portador de um perfumo forte de lascas de madeira e notas de sândalo, Davide Roxy, natural de Faro, mãe portuguesa e pai britânico, bons genes, confirmava a Dona Fátima.
3 a.m., retorquiam os amigos de Davide, hora perfeita para pegar na Dona Fátima, já muito sorridente e a levar a uma visita guiada ao seu pequeno apartamento…
- O quarto era pequeno, um single bed, e com umas mãos quentes, beijou-me com firmeza no pescoço enquanto sentia vários arrepios ao longo da coluna cervical.- Ficaram completamente nus... Fátima respirava fundo e sorria, concentrando-se no momento enquanto olhava para a sua pulseira preta de madeira que comprara no México, mal sabia ela que aquela pulseira seria o fetiche predileto do Davide enquanto anos antes visitava as ruas empobrecidas do México. O fascinante Davide adorava peças rústicas místicas e desde que a viu no Ryles a desejava tela nua em sua cama, apenas com a dita pulseira mágica.
(…)
PARA ADERIR AO RESTO DA HISTÓRIA FAÇA O PEDIDO PARA : sociedaderadio@hotmail.com
Dona Fátima avistou-o algures mais algumas vezes, embora o ignorando de todas as vezes, certamente ele perceberia a reação, Fátima adorava este novo feeling de uma mulher que usara um homem por puro prazer, seria um gosto adquirido em nome de tantos milhares de mulheres que desde sempre foram usadas como objetos sexuais, seria idiossincrático! Regressou aos Açores com um brilho estonteante na sua pele, reflexos do que vivera intensamente fora do seu ninho, momentos esses que já mais poderiam ser vividos num ambiente tão pequeno e discreto como o do seu habitat.
Contudo, as aventuras das mulheres Fátimas...não terminam por uma noite singular, mas por tantas mais enquanto a imaginação as proporcionar!
(_ Sapatos?-Sei,…são para os pés e ponto!)
Autoria de, Marisa Leonardo
P.S. Esta crónica estará em destaque aqui no blogue até a próxima crónica para dar oportunidade de todos os visitantes lerem e darem opinião sobre a mesma. O seu comentário é importante, PARTICIPE!
MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!
Acabei de ler como sempre muito bem escrito com temas bem actuais acho que a nossa sociadade precisa de temas como esses onde alguns deles ainda são tabus nos dias de hoje, onde nos meios pequenos ainda custa falar de coisas tão banais como o sexo digo banal porque hoje em dia o sexo é falado em todos os lugares meios de comunicação ,nas escolas entre amigos , etc .Mas a meu ver esse assunto devia ser mais abordado entre pais e filhos onde deveriam falar sem medos sobre o assunto porque a educação vem de casa e isso faz parte do crescimentos dos filhos se houvesse mais coneversas entre pais e filhos certamente não teriamos uma sociedade tão fechada no que toca em falar em certos assuntos .Mas acho que com os passar dos anos certos assuntos já vão sendo falados sem medos e ai sim caminhamos para um futuro onde podemos falar de tudo sem medos e nem receios ... No que toca História da senhora Fátima como ela deve aver muitas mais mas acho que essa história não fica por aqui . beijinhos e continuação de bom trabalho .
ResponderEliminar"Click" perfeito de um quotidiano cheio de episódios que nos tocam, e que brotam da alma das pessoas e da quietude das coisas, ou da irreverência do tempo. Só é preciso conseguir descodificar os sinais e interpretá-los. E isto a Marisa Leonardo fá-lo de forma soberba! Parabéns!!
ResponderEliminarClick perfeito de um quotidiano cheio de episódios que nos tocam, e que brotam da alma das pessoas e da quietude das coisas, ou da irreverência do tempo. Só é preciso conseguir descodificar os sinais e interpretá-los. E isto a Marisa Leonardo fá-lo de forma soberba! Parabéns!!
ResponderEliminarSempre a dar grandes descrições no teu blog parabéns pelo teu Trabalho Marisa e continua tens mesmo jeito e parabéns por mais um "Livro ;)
ResponderEliminarNeta crónica que apresentei tinha vários pontos de extrema importância, tais como a disfunção eréctil e a necessidade de uma mulher reconhecida prosseguir com a sua vida, encontrando um novo amor, contudo impossibilitada de o fazer perante o respeito dos seus ex sogros e da sociedade! Se refletirmos bem, afinal quantas Fátimas conhecemos nas ruas de Portugal?
ResponderEliminarAbraço,
Ml