Os Leitores de Matrículas Automáticos
sabem por onde anda o seu carro
A situação de que vos falo hoje já foi testada em Portugal e embora não tenha sido totalmente implementada cá, ocorre já numa escala enorme nos Estados Unidos. E é apenas e só com base nos acontecimentos vindos da terra do ‘Tio Sam’ que vou falar um pouco dos Leitores de Matrículas Automáticos (LMA) e o rápido crescimento que estes mecanismos estão a ter.
Falo de um aparelho automático, com um aspeto semelhante a uma câmara de segurança exterior que tem como objetivo ‘apenas’ reconhecer e capturar a matrícula de todos os carros que passem para uma base de dados. São capazes de ‘ler’ até 60 matrículas por segundo e de seguida procurar por correspondências na ‘lista de suspeitos’, sejam eles carros roubados, veículos procurados pela polícia ou que pertencem a suspeitos criminosos tais como ladrões, pedófilos, raptores, terroristas e, potenciais imigrantes ilegais. Nunca param de funcionar e na existência de uma correspondência, o sistema envia um alerta automático para a viatura e computador do comandante da esquadra em questão. Podem estar à vista de todos, sendo montadas em estradas, ou nos carros-patrulha, ou podem estar ‘camufladas’ em parques subterrâneos e nos barris e cones de trânsito.
Podemos dizer que estes aparelhos estão a ter sucesso, quer em resultados, quer em críticas. Em 2005 o jornal The Times escrevia que existiam quase 18 mil casos de carros roubados na cidade de Nova Iorque. O primeiro LMA foi instalado em 2006 e em 2011 esse número cairia para apenas 10 mil, o que se traduziu numa quebra de 40 porcento. No ano passado a polícia daquela cidade indicou ter 108 LMA fixos e 130 aparelhos móveis e explica as vantagens que o sistema possibilita, atribuindo uma “responsabilidade direta” na recuperação de 3,600 veículos roubados e detetando quase 35,000 ilegais.
Nova Iorque não é a única neste ‘amor’, pois Washington, D.C., capital dos Estados Unidos, detém o recorde com 250 câmaras no total, sendo provavelmente a maior concentração de LMA por metro quadrado no país.
Atualmente, por todos os 50 Estados vemos uma expansão de novas câmaras semanalmente. A maior empresa Americana que fabrica estes equipamentos, a Federal Signal Comporation, afirmou já ter vendido 20,000 sistemas móveis por toda a América do Norte e 15,000 fixos nos Estados Unidos da América e Reino Unido. Mas esta companhia não é a única e estamos a falar de um mercado que movimenta muitos milhões. O crescimento do mercado é apontado para se situar entre os 8 a 10 porcento por ano. E o equipamento não é barato! Cada câmara custa entre 8.000 a 20,000 dólares americanos, isto porque os preços baixaram. O Departamento de Segurança Interna e a Agência de Combate às Drogas estão entre os principais clientes. Não restam dúvidas, portanto, sobre a rápida difusão destes aparelhos. Uma nova visão e uma nova maneira de pensar em “vigilância” estão a ser criados.
Mas todo o sistema é quase todo automático e com pouco supervisionamento e isso levanta questões de privacidade. Matriculas, datas, horas e locais de todos os carros são mantidas durante dias e meses a fio. Sem dúvida que um dos aspetos que gera mais discordância é o tempo que a informação é guardada. Se em alguns casos as bases de dados são mantidas por apenas um mês, em certos casos, como na Policia Estadual de Maryland falamos de um ano completo.
Já em 2010, esta tecnologia levantava as questões de tornar uma cidade completa num programa do “Big Brother”. Dúvidas também existem sobre o que se poderia fazer às imensas bases de dados e sua reutilização em investigações futuras. Da mesma forma, não será importante prevenir a utilização dessas informações privadas para fins menos… legais? Todas estas questões ainda não foram totalmente respondidas e o sistema continua a ser implementado e expandido para outras regiões e países.
Para além disto, obviamente que o sistema tem falhas e tende a lançar vários falsos-positivos. Um caso concreto aconteceu em 2011, onde uma cidadã foi mandada parar, sair do carro com pistola apontada e algemada, com base numa má leitura pelo LMA. Apresentou uma queixa contra os agentes, o qual foi encerrado com absolvição da polícia local.
Existem imensos casos judiciais, bem mais complexos inclusive, para além deste, os quais não vou enunciar aqui para que o texto não se alongar demasiado. Mas caso tenham curiosidade sugiro que os vejam pois têm vindo a causar grande polémica.
Para além das forças policiais, também empresas privadas capturam e criam bases de dados para depois as venderem. Vigilant Video, uma empresa da Califórnia admite ter uma base de dados que ultrapassa as 550 milhões de entradas, à qual os polícias têm acesso, sem custos. A ascensão dos LMA tem sido tão vertiginosa que alguns Centros Comerciais estão a instalar Leitores nos seus parques de estacionamento para ajudar os seus visitantes que ficam sem saber onde estacionaram o seu carro.
No meio desta miscelânea de argumentos positivos e negativos qual é a sua opinião se um sistema semelhante fosse aplicado em Portugal?
Tal como a tecnologia, inove, melhore, evolva!
João Oliveira
P.S. Esta crónica estará em destaque aqui blogue para dar oportunidade de todos os visitantes de darem a sua opinião sobre a mesma.A sua opinião é importante, PARTICIPE!
MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!
Olá João mais uma boa informação que nos trazes! Quanto á implementação deste sistema no nosso Pais, não é totalmente descabido, aliás até pondero que seja futuramente inserido pois a tendência para ilegalidades serão para ascender e isto oferece proteção aos restantes residentes! O que está aqui em causa são os custos e a interpretação válida do próprio sistema incorporado. Aguardemos essa melhoria…contudo devo acrescentar que não podemos comparar o nosso pequeno país á dimensão dos Estados Unidos, por isso é compreensível o aumento dos ditos aparelhos nos restantes países de larga escala populacional!
ResponderEliminarCumprimentos,