segunda-feira, 29 de julho de 2013

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(imagem retirada da internet)




Adolescentes “agarrados” à Net


É difícil perceber o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da Internet para estabelecer com ela uma relação de dependência. Esteja atento ao tempo que os seus filhos passam online e saiba como limitar o uso desta poderosa ferramenta.

As novas tecnologias oferecem um mundo de possibilidades e entretenimento. Sem terem de procurar muito, crianças e adolescentes têm acesso a inúmeras formas de diversão virtual, quer seja no computador, no tablet, no telemóvel ou outro dispositivo, que levam consigo para todo o lado. Numa questão de segundos, e em qualquer hora ou local, estão conectados com o mundo, competem num videojogo onde assumem a identidade virtual de um super-herói, ouvem músicas, veem filmes, conversam com amigos ou comentam fotografias.
No que diz respeito à Internet, os jovens consideram-se uns verdadeiros experts. Eles dominam a rede como um autêntico Homem-Aranha e alguns passam horas "ligados" a um mundo virtual onde tudo é possível, o que pode extrapolar para uma situação mais problemática, com consequências reais a nível escolar e relacional. Apesar dos benefícios da Internet serem inegáveis, o uso excessivo ou abusivo da rede pode ser perigoso. Alguns especialistas chegam mesmo a falar de dependência da Internet ou ciberdependência, considerando-a tão viciante como o álcool ou a droga. A própriaAssociação Americana de Psicologia (American Psychological Association) tem vindo a alertar para a possibilidade de que crianças, jovens e adultos possam tornar-se psicologicamente dependentes da Internet (Internet Addiction Disorder).
Esta questão tem gerado tanta preocupação que, tal como nos diz Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegurosna.Net, o novo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) “passará a incluir uma secção que contempla as perturbações relativamente às quais é necessária mais investigação e onde se inclui a possibilidade de determinadas formas de uso da Internet poderem vir a ser consideradas como patologias”. No entanto, para a psicóloga Rita Duarte este problema não parece ser “uma perturbação por si só, na medida em que o que está desregulado é a intensidade, duração e frequência de um comportamento”. A psicóloga considera mesmo que falar em dependência da Internet “resulta da crescente tendência para patologizar os comportamentos das pessoas”.
Apesar da controvérsia e da falta de unanimidade em aceitar se o abuso de horas excessivas passadas a navegar na Internet é ou não uma patologia, nalguns países como Estados Unidos da América, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Itália, China e Japão, já existem clínicas especializadas para tratar o problema.


Sinais de alerta para os pais

Mas, afinal, quando é que a utilização da Internet se torna abusiva e uma forma de dependência? Rita Duarte responde: “Como qualquer situação perturbadora a utilização abusiva da internet surge se começar a interferir com o funcionamento habitual do adolescente e implicar sofrimento na sua ausência.” Ou seja, quando a Internet passa a ser o fator dominante na vida dos jovens e todas as atividades familiares, afetivas e escolares passam para um segundo plano.
Não é fácil detetar o momento em que alguém deixa de fazer um uso saudável e produtivo da Internet para estabelecer com ela uma relação que pode ser prejudicial, sobretudo numa era em que a World Wide Web nos acompanha para todo o lado. Contudo, passar demasiado tempo online, mudar rotinas e compromissos para ficar a navegar, não dormir, diminuir o tempo passado com os amigos, na prática do desporto ou nas atividades ao ar livre, ter estados depressivos e quebras no rendimento escolar em função do excesso de horas passadas a navegar, são alguns dos sinais de alerta a que os pais devem estar atentos. Para além disso, sentir irritação, ansiedade, angústia e mal-estar por não ter acesso à Internet e fazer tentativas frustradas para reduzir a sua utilização são sintomas evidentes de dependência. A esta lista de indícios, Rita Duarte acrescenta ainda “baixa autoestima e desenvolvimento de relações pouco íntimas e satisfatórias com os outros, levando a isolamento social”, sublinhando que “estes aspectos podem ser causas ou consequências do problema e devem ser analisados com a ajuda de um psicoterapeuta”.
Em troca de um clique a Internet dota os jovens com fontes de informação, ideias, ligações e recursos fantásticos. Reconhecida como uma poderosa ferramenta de conhecimento e entretenimento, a Internet permite, como sublinha a psicóloga, “a procura de experiências pessoais e emocionais (através dos jogos), o contacto social com os outros e a possibilidade de experimentar papéis que na vida real não são permitidos, o que na adolescência pode ser extremamente apetecível”.


Navegar sim, mas com regras

Mas se a Internet pode ser sinónimo de fácil acesso a um manancial de recursos que são essenciais à educação e desenvolvimento dos mais novos, também pode representar uma série de novos perigos e ameaças. Apesar disso, a rede não deve ser vista como um inimigo a abater e, como tal, não deve ser proibida. Para Rita Duarte e Tito de Morais a solução passa por usar este recurso com conta, peso e medida, cabendo aos pais fazer essa regulamentação.
O fundador do projeto MiudosSegurosna.Net considera que os riscos a que as crianças e jovens podem estar expostos são aqueles que geralmente estão associados à utilização da Internet e a que chama os “Cinco Cês”: Conteúdos, Contactos, Comércio, Comportamentos e Copyright (direitos de autor). Para evitar estes riscos, o especialista recomenda “às famílias uma estratégia que passa pela adoção de abordagens regulamentares, educacionais, parentais e tecnológicas, potenciando uma solução para a eventualidade de uma das abordagens falhar”. Assim, em vez de proibirem o uso da Internet, os pais devem discipliná-lo, impondo timings e regras para a sua utilização. E, tal como ambos os especialistas sugerem, existem programas de controlo parental que podem ser bastante úteis nesta questão. Estabeleça regras claras quanto aos conteúdos que os seus filhos podem jogar e mantenha os computadores com ligação à Internet numa área aberta, e não nos quartos deles. Limite o tempo que passam diante do ecrã e agarrados ao telemóvel, incentivando-os “a realizar outras atividades para ocupar os tempos livres”, recomenda Tito de Morais, como por exemplo, praticar desporto, passear, ler ou conversar com os amigos.
Imprescindível é, também, conforme sublinha a psicóloga, que as famílias tenham acesso ao que os filhos fazem na Internet. Quando se fala em aceder, não significa violar a privacidade, mas estar atento às amizades e aos conteúdos adicionados nas respetivas páginas. E para isso é fundamental desenvolver uma boa relação entre pais e filhos. “Uma relação apoiante que respeite e ajude na procura da identidade do adolescente sem que o asfixie ou negligencie. Os pais que têm boas relações com os filhos adolescentes sabem o que eles fazem, onde estão e com quem estão, sem que isto seja invasivo porque apenas é suposto os pais serem reconhecidos na sua autoridade cuidadora e não invasora”, constata Rita Duarte.
Em Portugal, os sinais de uso excessivo da lnternet nos mais novos já começaram a ser estudados. Segundo os últimos resultados do projeto europeu EuKids Online - investigação feita sobre o uso dos novos media pelas crianças -, a utilização prolongada da Internet refletiu-se em 45 por cento das crianças portuguesas com um dos seguintes sintomas: não dormir, não comer, falhar nos trabalhos de casa, deixar de socializar, tentar passar menos tempo online. Não é caso para alarme mas sinal de que as famílias devem estar atentas e apertar a vigilância.
Ao ditar as regras de acesso à Internet, conhecer os passos virtuais e os tipos de perigo a que os adolescentes estão sujeitos, os pais estarão a contribuir para que os filhos naveguem em segurança, mantendo o equilíbrio entre os benefícios desta ferramenta e os prazeres da vida offline.


Fique atento(a)!

  • Procure sintomas de dependência da Internet. Pergunte a si mesmo se a utilização que o seu filho faz da Internet afeta o seu rendimento escolar, a sua saúde e os relacionamentos com a família e os amigos.
  • Estabeleça um equilíbrio. Encoraje e apoie a participação do seu filho noutras atividades, sobretudo passatempos que envolvam convívio com outros jovens, bem como a prática de exercício físico.
  • Procure ajuda. Se o seu filho apresentar sinais evidentes de dependência da Internet, aconselhe-se com um profissional. A utilização compulsiva da Internet pode ser sintomática de outros problemas, como depressão, irritação e baixa autoestima.



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