quarta-feira, 24 de julho de 2013

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

(imagem retirada da internet)


Isabel Maria – a regente


A 4 de julho de 1801, há 212 anos, nascia D. Isabel Maria, regente de Portugal, uma das mulheres que mais marcaram o Liberalismo e a 1ª metade do século XIX.

Filha de D. João VI e de Carlota Joaquina, Isabel Maria da Conceição Joana Gualberta Ana Francisca de Assis Xavier de Paula de Alcântara Antónia Rafaela Micaela Gabriela Joaquina Gon­zaga de Bragança e Bourbon recebeu o mesmo nome que sua irmã mais velha, Maria Isabel, pois Carlota Joaquina era devota da Rainha Santa, cuja memória também se celebrava a 4 de julho.

D. Isabel Maria nasceu em Lisboa, quando o pai ainda era príncipe-regente. Quando nasceu a família real estava de luto pela morte do primogénito D. António Pio e a situação portuguesa não era a melhor, o país tinha vivido um conflito militar com a Espanha e a França, a Guerra das Laranjas, quer terminara pouco tempo antes, a 6 de junho. Foi batizada a 12 de julho pelo Cardeal Patriarca José António de Mendonça.

Com apenas 7 anos, D. Isabel Maria partiu com a família para o Brasil, em consequência da Invasões Francesas e por lá viveu até ao regresso do pai, em 1821, já como D. João VI. Aos 25 anos, pouco antes da morte do pai, o rei nomeou uma Junta de Regência, pelo decreto de 6 de março de 1826, que seria presidida por D. Isabel Maria. Esta regência prevaleceria enquanto o legítimo herdeiro e sucessor da coroa de Portugal, D. Pedro, que no momento era Imperador do Brasil, não dessas providências a tal respeito. D. João VI faleceu 4 dias depois deste decreto, a 10 de março de 1826, e a infanta assumiu a presidência da Junta da Regência até que seu irmão D. Pedro IV, reconhecido legítimo herdeiro e sucessor da coroa, tomasse a decisão sobre o que fazer.

D. Pedro IV, por decreto de 26 de abril, confirmou a Regência. D. Pedro IV outorgou a Carta Constitucional a Portugal, a 29 de abril de 1826. A 2 de maio, D. Pedro IV abdicou dos seus direitos à coroa de Portugal em nome de sua filha, D. Maria da Glória, com 7 anos, a qual deveria casar com seu tio, o infante D. Miguel.

A infanta D. Isabel jurou a Carta Constitucional a 31 de julho, perante uma assembleia em que estava legal e legitimamente representada, não só a nação portuguesa como os diferentes estados. A infanta proferiu: “Juro cumprir e fazer cumprir e guardar a Carta Constitucional decretada e dada por el-rei o senhor D. Pedro IV, em 29 de abril de 1826, para os reinos de Portugal e Algarve e seus domínios, tão inteira e fielmente como nela se contém.”

Durante a regência de 2 anos, D. Isabel Maria tentou aproximar D. Miguel dos liberais, tentando terminar com o clima de instabilidade e de intriga. D. Miguel declarou, a partir de Viena, na Áustria, que aceitava as vontades de seu irmão, mas a fação absolutista, que o reconhecia como seu líder, continuou a agitar-se, chegando mesmo a lançar-se no caminho da revolta. Em Viena de Áustria haviam-se celebrado, a 29 de outubro de 1826, os esponsais da futura rainha D. Maria II com o seu tio, por procuração. D. Miguel apressou-se a partir da Áustria para Lisboa, onde chegou a 22 de fevereiro de 1828.

A infanta D. Isabel Maria entregou a regência do reino a seu irmão, que oficialmente a assumiu a 26 de fevereiro perante as cortes gerais, renovando o juramento de fidelidade à Carta Constitucional. Terminava assim a regência da Infanta. A partir de então conservou-se a infanta entregue à vida privada no seu palácio de Benfica, afastada completamente da política.

Em 1842, segundo o príncipe Lichnowsky, D. Isabel Maria, ao falar da sua regência, afirmou: “Ah naquele tempo era Portugal como um ovo: pequeno, mas cheio”. O príncipe afirmou que a infanta ao falar desse período ficou com os olhos a brilhar, o qu evidencia a sua paixão pela época em que governou, mesmo que fossem tempos tumultuosos.

A infanta dedicou-se a partir de 1834 às práticas religiosas, indo algumas vezes a Roma visitar o Papa, sujeitando-se assim à influência dos padres, dos lazaristas, das irmãs de caridade, e dos missionários irlandeses, a quem legou a maior parte da sua fortuna, o que promoveu o maior desagrado na opinião pública.

Viveu durante 75 anos, passando assim pela regência e reinado do pai, a sua própria regência e as regências e ou reinados dos seus irmãos D. Pedro IV e D. Miguel, como de sua sobrinha D. Maria II, do cunhado Fernando II, do sobrinho-neto D. Pedro V, morrendo a 22 de abril de 1876, durante o reinado do sobrinho-neto D. Luís I. Era, no tempo deste último, a par da Imperatriz do Brasil e 2ª esposa de D. Pedro IV, a figura real portuguesa que estabelecia a ligação entre o presente e o passado.

D. Isabel Maria recebeu a grã-cruz da ordem de Nossa Senhora da Conceição, foi dama das ordens de Santa Isabel, rainha de Portugal, e das Damas Nobres de Maria Luísa, de Espanha, condecorada com a Cruz Estrelada, da Áustria.

Ao relembrarmos da vida de D. Isabel Maria, devemos salientar a necessidade do nosso país em voltar a criar consensos, como um dos meios para vencer a crise, com espírito de combate permanente para lutar, por um melhor caminho para Portugal. É tempo de uniões e fazer o que é realmente preciso, para construirmos uma sociedade mais igualitária, de modo a salvar o nosso país.

É preciso viver o passado para construir o futuro!
Francisco Miguel Nogueira


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MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

1 comentário:

  1. É sempre muito interessante recordarmos o passado e perspectivarmos o futuro. Penso que ficou por esclarecer as causas das divisões da época, se interesses pessoais ou de grupos, ou se diferentes correntes de pensamento ou ideologias.
    Nos tempos de hoje, creio que as coisas estão bem claras e é fácil identificá-las, nos anos 40, 50 e 60, certas ligações a Moscovo por certa facção é do conhecimento geral embora não se pretenda falar nisso, também certas ligações à Iternacional Socialista e à CIA comprometem certos "senhores", e, hoje em dia, temos assistido assistido à total dependência governativa de interesses privdos nacionais e internacionais pondo em causa a nossa independência. Espero bem que todos estes males que parecem ser naturais numa república democrática, estejam bem longe de o ser numa monarquia.
    Gostava que me dessem razões para acreditar nisso. E a pergunta que faço mais concretamente, é que, tendo eu sido educado com "respeito a valores", valores que não tenho constatado nem no poder executivo nem no poder judicial, se realmente se encontram nos defensores da monarquia, e no caso afirmativo, por que é que se escondem e por que é que não são apresentados e divulgados ao povo português como a única e verdadeira alternativa, sendo as que nos têm apresentado não passam de verdadeiras farsas.

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