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Ser ou Não Ser – eis (a verdadeira) questão
Hamlet: Ser ou não ser, essa é a questão: será mais nobre suportar na mente as flechas da trágica fortuna, ou tomar armas contra um mar de obstáculos e, enfrentando-os, vencer?
(William Shakespeare)
Conformismo. É uma palavra que, de uma forma ou outra, tem aparecido regularmente nos últimos tempos, associada aos mais diversos temas. Conformismo perante a crise económica, conformismo perante a crise de valores, conformismo perante a injustiça, conformismo nos estilos de vida...
O conformismo não se assenta na incapacidade de entender a diferença entre errado ou certo, nem sobre a forma de agir. É antes, uma aceitação tácita de que “as coisas são como são” e não as podemos mudar. Assim, acomodamo-nos à nossa própria existência.
Nas coisas simples, como a alimentação, em que sabemos que a maçã é melhor do que a fatia de bolo de chocolate. Nos vícios, nos relacionamentos. Naquilo que somos e não conseguimos deixar de ser. Será que não conseguimos?
Onde se traça o limite entre os nossos sonhos e aquilo que conseguimos realmente atingir. E mais importante ainda, quem define esse limite? Nós? Os outros? A sociedade? O Estado? Quem tem o papel de protagonista naquilo que somos (ou não somos)?
Muitas vezes não nos atrevemos a sonhar, e muito menos a concretizar esses sonhos. Será medo de falhar? Achar que não somos capazes? E conformamo-nos. A Psicologia diz-nos que a nossa personalidade se cristaliza por volta dos 30 anos. Significa que as nossas opiniões, convicções e capacidades dificilmente se modificarão. A nossa visão do mundo está formada.
Haverá então prazo para sonhar? Para mudar? Seremos incapazes de correr riscos por aquilo que verdadeiramente queremos porque já somos tudo aquilo que poderíamos ser?
Nem pensar! Continuamos a ser atraídos para o oposto, para o lado negro. Essa tentação poder-nos há pôr em perigo, mas muitas vezes não arriscamos porque temos medo. Conformamo-nos. Não seguimos desejos porque eles nos assustam, porque implicam afastarmo-nos de uma zona de conforto de onde não queremos sair. Tememos as nossas próprias capacidades. Assusta-nos a possibilidade de não atingir as expectativas que nos são impostas por nós mesmos, pelos outros, pela sociedade. E desistimos antes de começar. Neste aspecto, a própria condição de se ser pode ser determinante (ser-se mulher, ser-se de uma minoria racial, ser-se pobre, ser-se incapaz).
Sobre influência de forças contrárias e, muitas vezes, contraditórias, torna-se difícil a definição de quem somos. Se calhar o ser é uma variável em constante mutação. O que somos hoje não é o que fomos ontem e muito menos o que seremos amanhã.
Chegou o momento de ponderarmos sobre isto. Sobre quem queremos ser. E agir. Não ficar presos ao peso do medo e do “não sou capaz”. Tentar e, se for preciso, fracassar para se poder vencer mais tarde. É altura de todos pensarmos com as nossas cabecinhas e acima de tudo, sonhar.
Seja você mesmo, seja livre.
Crónica de Márcia Leal
P.S. Esta crónica estará em destaque aqui no blogue até a próxima crónica para dar oportunidade de todos os visitantes lerem e darem opinião sobre a mesma. O seu comentário é importante, PARTICIPE!
MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!
Vou tentar ordenar ideias e misturar conceitos para dar forma a um comentário que provavelmente não tem a consistência que gostaria que tivesse.
ResponderEliminarJulgo o artigo sobre – “Ser ou Não Ser – eis (a verdadeira) questão” está polvilhado de duvidas e interrogações, provavelmente pertinentes… mas que nos obriga a avançar, como um “sapador de minas e armadilhas” … a passo de fantasma…
Em relação ao conformismo social, vive em forma florescente, quando a sociedade enfrenta crises (seja qual seja a origem…). Penso mesmo que um dos problemas centrais da psicologia social é o conformismo e tem reflexos incontroláveis.
Concordo com a síntese analítica de Márcia Leal, se bem que habitualmente a sociedade é atirada para o conformismo, pela ação atuante de responsáveis politico- partidários, que controlam melhor a sociedade, se ela não for reativa e deixe embalar pelo habitual conformismo… Tenha –se sempre em atenção que, mesmo em democracia, os controladores politico- sociais existem e implementam objetivos partidários, que vão proporcionar poder, a pequenos grupos dirigentes… / Não vou abordar essa vertente agora, porque não está diretamente relacionado com a temática, se bem tenha a base da responsabilidade, efetiva da conjuntura…)
É certo que a juventude é mais sonhadora, mas também é verdade que as profissões de maior risco impulsionam os humanos para um posicionamento de inconformismo e talvez tenham sonhos mais próximos da realidade, já que sonham de olhos abertos… Sendo também verdade que estão mais habituados a combater o medo, que é um dos principais responsáveis pelo conformismo…
Acho que o trabalho de Márcia Leal é muito atual e seria muito bom que muitos o lessem e meditassem pela sua própria cabeça. Isto porque a luta. que está no terreno vai ser longa e dura…
1 Fev. - ml
Realmente a luta será longa e é necessário começarmos a pensar por nós próprios. Concordo completamente com o seu posicionamento em relação às pressões político-sociais que existem, mesmo em democracia (atreverei-me a falar de lobbies de interesses?). A nossa sociedade tem de parar de ser conformista e aceitar, sem reservas, o que nos atiram à cara. Afinal, onde é traçado o limite? Até onde vamos deixar que nos empurrem?
EliminarObrigada ml pelo comentário.
Obr. Pela sua resposta. Num sistema político de neoliberalismo, um dos pilares são os lobbies que visam escravizar economicamente a sociedade em prol dos seus grupos. É este o figurino que vivemos… Temos de ter a clarividência dos factos e não nos tentar enganar a nós próprios.
ResponderEliminarCaríssima Márcia A. Leal, não existe traçado limite. O limite é onde cada um quiser e nunca espere que a sociedade Lhe seja favorável… pois o contexto da sociedade é uma argamassa diferenciada e com todos os antagonismos que possa imaginar, onde a maior corrente é o carreirismo ou o conformismo, se assim quiser designar…
- Quando afirma – “Até onde vamos deixar que nos empurrem? “ – Isso só depende de si. Tem de perceber qual o posicionamento político que deve tomar e enquadrar – se com quem defende os mesmos princípios dos que os seus. A “guerra” política está no terreno e é urgente decidir de que lado estamos… Também podemos optar pela neutralidade, mas na minha opinião é quase sempre uma “Má opção”.
Solidariamente - 2 Fev. - ml