quarta-feira, 1 de maio de 2013

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

(imagens retiradas da internet)




D. João II:
O Príncipe Perfeito 


Há exatos 558 anos, a 3 de maio de 1455, nascia D. João II, filho de D. Afonso V e de D. Isabel de Avis. D. João II, cognominado o Príncipe Perfeito, nasceu em Lisboa e é uma das figuras mais amadas e odiadas da nossa História. 

O futuro D. João II acompanhou o seu pai nas campanhas em África e foi armado cavaleiro na tomada de Arzila devido ao seu empenho. Casou com sua prima D. Leonor de Viseu a 16 de setembro de 1473. A partir de 1474, D. João começou a dirigir a política atlântica, devendo-se à sua visão de governante, apesar de não ter ainda vinte anos, a instituição do mare clausum, princípio que estabelecia que o domínio dos mares estava ligado ao seu descobrimento, impedindo assim que navios de outros reinos entrassem pelo golfo da Guiné, região onde os Portugueses tinham sido os primeiros a chegar. A 1 de março de 1476, durante a Batalha de Toro, entre Portugal e Castela, as tropas castelhanas eram formadas por 4 grandes divisões e as tropas portuguesas estavam divididas entre D. Afonso V e o príncipe D. João. No início, D. Afonso V sofreu uma derrota, mas a intervenção das tropas lideradas pelo filho permitiu a derrota dos castelhanos. Embora se defenda que o resultado da batalha foi inconclusivo, o que é correto afirmar é que as forças castelhanas conseguiram um sucesso temporário, pois numa 2ª fase, Portugal venceu a disputa, sobretudo devido à intervenção do futuro D. João II. 

Com as frequentes ausências de D. Afonso V, sobretudo depois de Toro, D. João governou Portugal de facto desde 1477 até à morte do pai, a 28 de agosto de 1481. Ainda em 1480, D. Afonso V e o seu herdeiro, D. João, assinaram o Tratado das Alcáçovas-Toledo em que Portugal cedia as ilhas Canárias a Castela em troca das reivindicações na África Ocidental. No tratado das Alcáçovas-Toledo negociaram-se ainda as chamadas Tercerias de Moura, acordando assim o casamento da infanta Isabel, filha dos Reis Católicos, com o filho do futuro D. João II, o Príncipe D. Afonso. 

Com a morte de D. Afonso V, D. João II subiu ao trono. Procurou, desde cedo, centralizar o poder em si, retirando-o à nobreza, o que levou ao aparecimento de várias conspirações para tirá-lo do trono. Fernando II, duque de Bragança foi acusado de traição e preso pelo próprio D. João II e condenado à morte. Também o duque de Viseu, D. Diogo, seu primo e cunhado, se preparava para matar o Rei, foi então descoberto e morto pelo próprio D. João II. Tudo isso devido a uma excelente rede de espiões que o Rei possuía, que atingia todas as capitais importantes e pontos nevrálgicos do Mundo da época. D. João II conseguiu assim livrar-se do poder financeiro da época. 

Político preparado e experiente, deve-se a D. João II o avanço da expansão. Desde 1475 que se chegara, com Rui de Sequeira, ao cabo de Santa Catarina. Durante o reinado de D. João II prosseguiu-se a exploração pela costa africana, com Diogo Cão a descobrir a foz do Rio Congo e a explorar a costa da Namíbia (1484). Em 1488, Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança, tornando-se no primeiro europeu a navegar no Oceano Índico vindo de oeste. Preparou-se por terra com as viagens de Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, a viagem de Vasco da Gama à Índia (1498), a que o monarca já não assistiria. 

D. João II tinha em grande conta a opinião dos povos, mas o seu conceito da autoridade real levou-o a só reunir cortes em Évora, nos anos de 1481 e 1490, e em Santarém, nos anos de 1482 e 1483. Quanto às relações externas, a sua atividade foi no sentido de criar laços de concórdia com os vários reinos, talvez com o intuito de se libertar de problemas que pusessem em dificuldades a política de expansão ultramarina. Alimentou o sonho de uma futura “monarquia ibérica”, sobretudo com o acordado em Alcáçovas-Toledo que permitiu o casamento do príncipe D. Afonso com D. Isabel. A morte do infante logo após o casamento veio, no entanto, deitar por terra estes planos. Manteve uma atividade diplomática intensa com vários países europeus, como foi o caso dos tratados de concórdia com Carlos VIII, rei de França, e com o duque da Bretanha, sendo ainda de destacar a embaixada de Vasco de Lucena, enviada a Roma em 1485. 

O rei D. João II assinou com os Reis católicos o Tratado de Tordesilhas (1494), que definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, assim os territórios descobertos a leste deste meridiano pertenciam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha. A escolha deste meridiano pressupõe que o Rei já saberia da existência do Brasil, o que é provável devido aos segredos que D. João II guardou de forma a preservar a liderança portuguesa nos Descobrimentos. Foi à sombra deste Tratado que Portugal iria, ao longo do século XVI, manter a rota do Cabo e o Império do Oriente. 

A última fase do reinado de D. João II foi marcada pelo problema da sucessão do trono. Com a morte prematura do infante D. Afonso, o rei procurou habilitar ao trono o bastardo D. Jorge. No seu testamento, todavia, nomeia como seu sucessor D. Manuel, duque de Beja, que era seu primo e cunhado, irmão da rainha, a quem tinha morto o irmão D. Diogo. Sua esposa depois de viúva tornar-se-ia a fundadora das Misericórdias. 

D. João II morreu em Alvor, no Algarve, a 25 de outubro de 1495 e jaz no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. O Príncipe Perfeito teve assim um reinado indelével, tanto em termos de política interna, como da ultramarina ou mesmo da política externa. Figura na minha lista dos 10 maiores portugueses da História. 

D. João II foi um homem amado por uns, odiados por outros, mas é consensual que foi um grande defensor de Portugal e um homem preocupado em fazer o país crescer. Infelizmente nos dias de hoje, os nossos governantes têm-se esquecido de defender o seu país, deixando o seu povo a morrer à fome. É tempo de lutarmos pelo nosso futuro, de não termos medo de defender os nossos concidadãos e os seus direitos. Isto é uma urgência nacional! 


É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 


P.S. Queremos saber qual a sua opinião sobre esta crónica, faça deste espaço o seu. PARTICIPE! 

MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

Sem comentários:

Enviar um comentário