domingo, 3 de junho de 2012

Palácio de Mafra recebe prémio

(imagem retirada da internet)



Palácio de Mafra recebe prémio europeu pelo restauro dos seis órgãos 

Após um interregno de duzentos anos, os seis órgãos históricos do Palácio de Mafra, únicos no mundo, voltaram a tocar em conjunto desde há dois anos, após um restauro que foi premiado na sexta-feira passada pela Comissão Europeia. 

O restauro, que durou onze anos e meio, é um dos seis projectos de excepcional relevância no património europeu a ser distinguido na sexta-feira com o prémio Europa Nostra, numa cerimónia que decorre no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, com a presença do Presidente da República, do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do presidente da organização Europa Nostra, o tenor Plácido Domingo. O evento acontece no âmbito do Congresso Europeu do Património. «É uma distinção que premeia a escola de organaria portuguesa e homenageia os organeiros portugueses e todas as pessoas envolvidas», disse à agência Lusa Dinarte Machado, o mestre organeiro responsável. O complexo restauro foi acompanhado por uma comissão científica, liderada por Rui Vieira Nery.

Pela singularidade dos órgãos e pela falta de espaço dentro da basílica, sempre aberta ao culto, tratou-se de um trabalho árduo, porventura único na carreira deste profissional, pelo estudo que a conservação acarretou, pelo estudo em torno de instrumentos únicos no mundo e pela necessidade de harmonização dos instrumentos de acordo com o respectivo som original. Mas, tendo em conta o estado de degradação dos seis órgãos, o trabalho veio a tornar-se mais desafiante. «Um dos seis órgãos estava desmontado desde o século XIX e houve necessidade de o montar e de reconstruir a tubaria com base no estudo de órgãos construídos pelo mesmo autor e que estão em diferentes locais do país», explicou.

A importância artística dos órgãos, mandados construir por D.João VI, e a longa empreitada, que custou um milhão de euros, levaram a Comissão Europeia a distinguir, pela primeira vez desde 2005, o restauro de um órgão, sublinha o músico João Vaz, consultor permanente do projecto. De igual modo, recorda o organista, os órgãos têm despertado o interesse dos investigadores, que desde há vários anos já conseguiram estudar e adaptar aos dias de hoje as partituras de dezenas de composições, escritas de propósito para serem tocadas no século XIX pelo conjunto dos seis órgãos.

No passado sábado, Plácido Domingo desloca-se a Mafra para assistir a um concerto dos seis órgãos e participar na assembleia-geral da Europa Nostra. «Esperemos que a sua vinda seja o pretexto para um segundo regresso, dessa vez para cantar», afirma o director do palácio, Mário Pereira.

Os órgãos foram construídos em 1807 pelos organeiros António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes, a pedido de D. João VI, sucessor de D. João V, que mandou construir o Palácio Nacional de Mafra. Mas a actividade musical veio a decair com o exílio da corte no Brasil, a degradação acentuou-se e os órgãos deixaram de funcionar em conjunto.

Os Prémios Europa Nostra são apoiados pelo Programa Cultura da União Europeia em cerca de 30 milhões de euros. A Europa Nostra representa 250 organizações não-governamentais e sem fins lucrativos, de mais de 50 países europeus.

Créditos: Lusa/SOL/Cultura

MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

Sem comentários:

Enviar um comentário