(imagem retirada da internet)
Estudo:
70% das universitárias esquece-se de tomar a pílula
Inquérito sobre saúde sexual foi apresentado no Dia dos Namorados. O PÚBLICO conheceu o caso de Diogo e Vânia.
Diogo e Vânia namoram há dois anos e meio. Quando a expressão "métodos contraceptivos" ecoa nas suas cabeças, à semelhança da maioria dos estudantes universitários, só se traduz praticamente em dois sinónimos: preservativo e pílula. Para estes jovens, o primeiro encabeça as preferências, com 49% a dizer que utiliza preservativos. Já a pílula é a opção de 38% das inquiridas, sendo que em 70% dos casos reconhecem alguns esquecimentos que podem colocar em causa a eficácia. No entanto, ainda se registam assimetrias, com os jovens a sul a dominarem mais métodos contraceptivos. Em termos de utilização não há diferenças significativas.
Os dados fazem parte do Inquérito Sobre Saúde Sexual e Reprodutiva - Jovens Universitários que será apresentado, para assinalar o Dia dos Namorados e o Dia Europeu da Saúde Sexual. O estudo - uma parceria da Associação para o Planeamento da Família, Sociedade Portuguesa de Contracepção, Direcção-Geral da Saúde e da farmacêutica MSD - foi conduzido no final de 2011 e contou com uma amostra de 2741 jovens que preencheram sozinhos um questionário disponibilizado nas cantinas de 15 universidades de todo o país no âmbito da campanha Jogo de Cintura para uma Contracepção Segura.
Os resultados mostram que apesar de existirem muitos outros métodos como o anel vaginal, o DIU ou os adesivos, o mais comum é mesmo a pílula e o preservativo, sendo que apenas 21,1% das raparigas inquiridas utiliza dois métodos simultaneamente. Um número que se reduz para 4,3% no caso dos rapazes. De referir que 18% dos inquiridos não respondeu qual a forma de contracepção que utiliza e cerca de 5% especificou que não utiliza qualquer método contraceptivo. No final do ano passado foram divulgados dados que indicam que todos os dias há 12 adolescentes a darem à luz em Portugal e que mais de 10% das interrupções voluntárias da gravidez ocorrem em adolescentes até aos 19 anos.
Diogo tem 20 anos e estuda História na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Vânia está na mesma faculdade em Ciência Política e Relações Internacionais e tem 19 anos. Este casal de namorados acredita no provérbio mais vale prevenir que remediar: "Iniciámos a nossa vida sexual ao fim de um ano de namoro, de forma romântica, e apesar de eu ter sido o primeiro parceiro dela e ela a minha primeira parceira continuamos a usar sempre pílula e preservativo", contou Diogo ao PÚBLICO. Mas este estudante reconhece que é uma "raridade". "Nós temos acesso à informação, mas vejo pelos amigos que a tendência é achar-se que só acontece aos outros. Mas nós não temos mesmo condições para ter um filho e preferimos assim. Já bastou uma vez um susto com um preservativo que rebentou", acrescentou. E Vânia nunca se esquece da pílula.
Duarte Vilar, director executivo da Associação para o Planeamento da Família, salienta que "os resultados vêm em linha com o que já sabia", isto é, que em geral os universitários conhecem os métodos mais comuns, mas que algumas dúvidas denotam que "é necessário investir numa educação sexual mais continuada, regular, estruturada e consistente". Na parte do estudo de questões de verdadeiro/falso, Duarte Vilar salientou que a esmagadora maioria acertou, mas que há três casos preocupantes: quase 50% dos inquiridos acredita que a clamídia é uma infecção urinária e não uma doença sexualmente transmissível; mais de 55% não sabe utilizar correctamente o preservativo feminino e mais de 75% não identifica o implante como um dos métodos de maior eficácia.
Há também ainda 4,3% dos estudantes a considerar como "verdadeiro" o pressuposto de "só homossexuais, prostitutas e toxicodependentes podem ser infectados pelo HIV/sida" e mais de 35% a dizer que se deve fazer uma pausa anual na pílula. Há ainda 46% que desconhece que o primeiro dia do ciclo da mulher corresponde ao primeiro dia da menstruação e vários inquiridos com dúvidas sobre o período fértil. Neste campo Diogo vacila. "Acho que é entre o dia 15 e 20, mas guio-me mais pelo humor dela", brinca. Quanto a planos para o dia dos namorados, será mais por casa "por causa da crise". Mas em segurança.
Escrito por: Romana Borja-Santos
Créditos: Público/Educação
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