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Os “U-boats” nos Açores
Há exactos 70 anos, a 2 de Fevereiro de 1942, um submarino alemão era afundado ao largo da costa sul do Pico, nos Açores. A Europa encontrava-se em plena II Guerra Mundial, na qual Portugal não participou, mas que, por força de acordos, teve uma neutralidade “colaborante”.
A 1 de Setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Polónia, Portugal declarou a sua neutralidade, mas confirmou a manutenção da velha aliança com a Inglaterra. A 3 de Setembro, a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha Nazi, iniciava-se assim a II Guerra Mundial. Durante todo o conflito, de 3 de Setembro de 1939 a 2 de Setembro de 1945, Portugal manteve-se neutral, mas essa neutralidade vai ter várias fases, dependendo do evoluir da Guerra. Contudo, esta neutralidade “colaborante” foi possível devido aos Açores e à sua posição estratégica e porque assim era mais conveniente aos beligerantes
A navegação no Atlântico Central estava ameaçada pelos “U-boats” alemães, que estavam bem presentes na zona dos Açores e afundavam muitos dos navios Aliados, principalmente os que iam em direcção ao Norte de África e a Itália. A zona dos Açores era, por isso, apelidada de “Azores Gap”, de “Black Hole” ou “Black Pit”.
A Batalha do Atlântico foi muito importante durante a Guerra, com vários ataques de submarinos alemães a barcos aliados, por exemplo, nos primeiros 5 meses do ano de 1943, a navegação Aliada perdeu 365 navios, cerca 2 001 918 toneladas de material. Os Açores ganharam, por isso, enorme relevo na luta contra o III Reich do Führer, na importante Batalha do Atlântico, quando se percebeu que esta zona permitia uma viagem mais rápida entre as duas margens do Atlântico, o que levaria os britânicos e norte-americanos a pedirem a concessão de facilidades no arquipélago a Salazar.
No auge da Batalha do Atlântico, em Fevereiro de 1942, um “U-581”, comandado pelo capitão-de-fragata Werner Pfeifer, foi afundado a sul da ilha do Pico, ao largo do guindaste, com bombas de profundidade de vários “destroyers” britânicos. Os “destroyers” escoltavam o navio “Llangibby Castle”, que transportava 1 500 militares ingleses para Singapura, via África do Sul, quando se aperceberam do submarino. O episódio do “Llangibby Castle” é um exemplo da importância que os Açores tinham para a defesa do Atlântico.
Vamos ao episódio: no dia 16 de Janeiro de 1942, o “Llangibby Castle” foi torpedeado por um “U-402”, comandado pelo capitão-de-fragata Siegfried Forstner, a nordeste dos Açores. O transporte seguia integrado no comboio WS-15. O torpedo atingiu a popa do “Llangibby Castle”, inutilizando os lemes, causando várias destruições, além da morte de 25 militares. O comandante do “Llangibby Castle”, o Capitão da Marinha mercante Bayer, conseguiu manobrar o navio através das hélices e rumar à Horta para reparações. No percurso para o Faial o “Llangibby Castle” foi de novo atacado, desta vez por um bombardeiro alemão “Condor”, e sofreu novas avarias, dois feridos graves e a destruição de duas baleeiras salva-vidas.
A 19 de Janeiro, o “Llangibby Castle” chegou à Horta. Os 3 cadáveres foram lançados ao mar em caixões de chumbo, fora do limite de 3 milhas das águas territoriais. O contra-mestre George Readen ficou internado para tratamento no “Hospital Walter Bensaúde”. Após as reparações, o “Llangibby Castle” lançou-se novamente ao mar, desta vez escoltado por 3 destroyers e um rebocador de alto-mar “Thames”, todos britânicos. O “U-581” aguardava a sul do Pico a passagem do navio, quando foi detectado pelos “destroyers” ingleses, que o atacaram fortemente. O submarino veio à superfície e foi logo afundado pelo “destroyer” inglês “HMS Westcott”, com a morte de 4 tripulantes, 37 foram presos e transportados para Inglaterra, onde só seriam libertados depois do fim da Guerra.
O episódio do “Llangibby Castle” é um exemplo de como as coisas aconteciam recorrentemente nos mares dos Açores, em plena II Guerra Mundial. A importância dos Açores era tal, que os EUA e a Inglaterra chegaram a pensar em invadir e ocupar o arquipélago português, assim como Hitler e o III Reich, mas isso é outra história, para outra crónica…
Tal como os “destroyers” escoltavam e defendiam os barcos aliados e cumpriam o seu dever, hoje devia haver mais defesa dos nossos princípios, dos nossos deveres, do que acreditamos, do que defendemos…é tempo de deixarmos de seguir o rumo dos outros…a opinião dos outros…as ideias dos outros…numa época de crise de valores e até, ouso dizer, de identidade, temos de olhar para nós mesmos e procurar o nosso próprio caminho, respeitando os outros…é preciso “relançar” e “acordar” valores, “afundando” medos...fazer renascer a nossa sociedade…
É preciso viver o passado para construir o futuro!
Francisco Miguel Nogueira
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MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!
Texto muito interessante. Além de surpreenderes todas as semanas com temas diferentes, consegues reinventar-te na escrita, algo único.
ResponderEliminarNão conhecia a história do submarino mas adorei.
Bom trabalho.
É uma temática interessante e que apesar de teoricamente Portugal ser um país neutral, são inúmeros os episódios que decorreram em muitos localidades, com realce para a zona de costa e muito especialmente nos Açores e Madeira. Houve abastecimento de víveres aos submarinos alemães por populares portugueses e que recebiam em troca dinheiro (dólar) e calçado. A espionagem era também uma constante e os alemães viam na localização geográfica portuguesa um excelente area de captação de informações. Para quem deseje saber mais pode ler “Os Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial” da historiadora e investigadora portuguesa, Irene Flunser Pimentel. Podem também consultar uma homepage privada www.german-navy.de, por outro lado se desejarem saber coisas sobre a marinha alemã, numa versão oficial, tem de consultar www.deutschemarine.de Podem consultar http://www.royalnavy.mod.uk/
ResponderEliminarhttp://segundaguerra.net/ - são documentos-recentes-revelam-que-os-estados-unidos-protegeram-e-empregaram-criminosos-nazistas.
Julgo “Mestre “ que é um bom trabalho e um excelente contributo cultural.
Bom Fim-de-semana. Abraço solidário.
3 Fev. ml
Ao ler essa crónica, pensei a dada altura k estava a"viver" a História:)
ResponderEliminarAs guerras geralmente são por parvoíces e ignorância dos Homens...Infelizmente essa II Guerra também o foi...e pelo andar dos acontecimentos a nossa geração ainda não deve escapar duma III guerra mundial ...Qui sá a Guerra Nuclear e dos Petróleos....Infelizmente o terrorismo das religiões voltou de novo ao de cima...antes foi a Igreja Católica com as suas atrocidades e agora alguns Islamitas também andam na msm cruzada...enfim
Obrigada por nos fazeres menos ignorantes com as tuas crónicas;)
E aguardo com entusiasmo a próxima de "Hitler querer invandir os Açores "xd
Em relação à sociedade...n és ousado em dizer "crise de identidade", pk é o que mais existe...as pessoas vivem entre a pressão do seu egoísmo e o egoísmo da sociedade.Cada vez existe menos respeito uns pelos outros....
Tenho alguma experiência de contato com adolescentes e vejo isso cada vez mais dificil...Pais trabalhadores,alguns sem interesse pelos filhos....e filhos rebeldes influênciados por uma sociedade cada vez mais sem escrúpulos....
Esperemos que as coisas não piorem e as pessoas voltem a reencontrar-se e a reerguer-se:)
E muito obrigado por nos transmitires os teus conhecimentos;)
Bjs e tudo de bom;)
Interessante historia
ResponderEliminarInspirado que estava o nosso "Meeeeeestre". Continua assim, vais longe!
ResponderEliminarMuito interessante n sabia, afundou no sul, grande mestre da história temos muito k aprender contigo
ResponderEliminarBela metáfora ;)
ResponderEliminarJá é uma questão muito antiga, essa questão dos U-boat nos nosso mares, mesmo dos primórdios do advento em navegação em Alto Mar com essa magnífica arma. O caso da II Guerra Mundial é sem dúvida fantástico! E a ilha do Pico, repleta de mitos... Parabéns por mais este contributo.
ResponderEliminarObrigada por partilhares!Assim, vou avivando a memória ;)
ResponderEliminarParabens esta muito boa a cronica.
ResponderEliminarExcelente ideia, Francisco Miguel Nogueira!
ResponderEliminarToda a minha vida soube que se tinha afundado um submarino no Guindaste, que fica mesmo perto da mnha casa no Pico, mas nao sabia a historia.. agora ja sei :)
ResponderEliminarQuando fores comigo ao Pico, levo-te a conhecer o Guindaste ;)
Fico contente de terem gostado desta crónica...feita com mto interesse...os U-Boats foram essenciais durante as duas guerras mundiais...os mares dos açores foram chamados de "zona das vacas leiteiras" porque era uma zona aonde afluíram mtos submarinos...mtas vezes "deitavam-se" nos mares açorianos e durante o dia compravam os produtos que precisavam aos locais...
ResponderEliminarNunca páras rapaz. Sabes tanto de história que fico sem palavras. Adoro-te!
ResponderEliminarJS
Muito giro esse episódio histórico, que assinalas.. Questiono te amigo, tu que és profundo conhecedor da nossa história, qdo é q deixámos de ter complexos de identidade e inferioridade, ao longo destes séculos?? A minha resposta é nunca, aguardo a tua... Tenho profunda pena q assim seja,afinal parece me até um sentimento oposto ao fato de sermos dos poucos Estados de identidade nacional una, ao qual se dá o nome de uma só Pátria... Mas a verdade é q a única coisa q nos diferencia dos nossos antepassados é q deixámos tanto de aderir e copiar as modas coquettes europeias, esbanjando tudo o q tinhamos na compra de artigos estrangeiros e passando para as feitorias na holanda e p os ingleses,o controlo do nosso comércio e,agora, passámos a copiar a moda dos "states", mudando apenas o continente, mas continuando numa óptica seguidista, como se os outros, na sua superioridade, imaginada por nós, sobessem melhor governar nos e os seus produtos fossem mais "fashion" e melhores q os nossos... Até o laxismo a q chegámos e a falta de incremento na venda de produtos nacionais e de uma economia nacional desenvolvida e de qualidade, cenário q levou à intervênção estrangeira, é tb derivado à crença inculcada de q somos incapazes e nada do q temos presta, enquanto ñ perdermos esse tique "entraremos sempre em jogo derrotados à partida..." e ficaremos eterna/te nas mãos de sauditas, chineses, alemães, angolanos, etc, e a saque de qqr tipo de "pirataria" estrangeira q queira "entrar"...
ResponderEliminarConcordo contigo, Portugal sempre teve complexos de inferioridade, mesmo quando liderou o movimento das descobertas...este lado triste e complexo, faz parte dos portugueses...espero que nao seja motivo de orgulho, mas de repensar que é o momento de olhar para nós e para as nossas capacidades e mostrar as nossas capacidades e evidenciar que podemos renascer...não é tarde de aprender como o passado e mudar para o futuro!
EliminarInfelizmente amigo, olhamos sempre p os outros p lhes copiar o modelo, nunca p nós... E o mesmo erro continua e ñ é pelo fato de vivermos numa "comunidade" europeia, mas sim, pq somos complexados...
ResponderEliminarTodos os dias é uma aprendizagem contigo!
ResponderEliminarDesconhecia por completo essa história, muito menos que um submarino foi naufragado ao Sul do Pico.
Concordo contigo quando referes que devemos defender os nossos principio e os nossos deveres, porque se não formos nós a fazê-lo ninguém o fará por nós!
Há que acreditar mais nas nossas capacidades...
Já tinhamos trocado umas ideias sobre o suposto plano de invasão dos americanos aos Açores, fazendo assim um "forcing" numa maior abertura das conversações entre a ditadura de Salazar e os EUA, c uma mediação permanente da GB... Isto é relevante na medida em q demonstra q a nossa pequena dimensão e pouca influência, força nos, mtas vezes, a vergar às evidências, mas neste caso até foi uma situação mais proveitosa do q o q se passa nos dias de hoje... As receitas aplicadas nos nossos dias, são deveras mais humilhantes, destruindo ñ só o pouco tecido económico q nos restava como toda uma sociedade, forçando à emigração e ao aprofundamento do cada vez maior problema demográfico e de sustentabilidade q temos em mãos, isto a médio prazo, poderá ser a morte da nossa identidade e de um país tal e qual como o conhecemos... Tal como dizes e subscrevo, as receitas deveriam ser feitas à nossa medida e ñ copiadas de modelos q nada têm a ver c a nossa realidade...Falta coragem política e ideias originais, mas funcionais p o país e a letargia em q nos encontramos em nada contribuí p a nossa frágil situação... Custa me ouvir certas palavras de acomodação e resignação da boca dos portugueses, q ñ vêm outra solução, concordo q pensar custa, mas tem as suas mais valias no futuro... Deveriam ser mais interventivos e opinativos, pq só assim se constrói uma verdadeira Democracia, participativa e de qualidade, c o contributo de todos!Ou será q acham q é isto q merecem??? Toda uma decomposição e inversão dos princípios patrioticos... Assim incorremos no risco de manter este sistema turvo e pouco honesto, e nenhum de nós poderá dizer q ñ é a Democracia q merecemos, pois nada fazemos p contrariar os princípios....
ResponderEliminaradorei ler este texto muito interessante !!
ResponderEliminarObrigada pela partilha histórica
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