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A Democracia e a Cidadania
São duas palavras GRANDES e cheias de significado, principalmente nos tempos actuais que vivemos. E falar sobre elas, ainda para mais no mesmo texto, implica alguma coragem e esforço. E acima de tudo, bastante reflexão.
Ao crescer ninguém me disse que a vida seria tão difícil. Se o tivessem feito, se calhar teria aprendido a suportar o revés da vida com outra atitude. Também é verdade que se me tivessem dito isso, não teria sonhado e, provavelmente, a minha vida seria muito diferente, não necessariamente para melhor.
Nunca ninguém me avisou que havia tantas injustiças. Que às vezes o vilão ganha e o herói perde. Tal facto se deve, quase de certeza ao ambiente familiar em que cresci, onde o bem comum era equivalente ao bem individual. Onde altruísmo não era apenas uma palavra no dicionário e onde valores morais não era apenas ir à missa ao domingo e comentar a roupa dos outros. Talvez. Ou talvez seja porque os mundos maravilhosos que os livros me abriram desde cedo levaram-me a acreditar em que só as pessoas verdadeiramente boas triunfavam na vida.
Hoje sei que nada disso é verdade. Neste aspecto, a crise económica de que tanto se fala abriu-me os olhos à dura realidade em que vivemos. Não numa ditadura do proletariado, nem numa anarquia, nem mesmo numa verdadeira democracia. Vivemos num sistema social e económico diferente. Uma espécie de ditadura democrática ou/e financeira.
Quem me conhece sabe que não tenho militância partidária. A razão deve-se principalmente ao facto de que não me identifico inteiramente com nenhuma das suas bases ideológicas. Mas isso não me impede de ir votar, de opinar, de exercer uma cidadania. Não uma cidadania responsável (que nem sei o que isso é) mas uma verdadeira cidadania, onde o cidadão está acima dos interesses dos lobbies e de indivíduos.
A mim, no meio desta confusão toda, o que me incomoda é o conformismo que vejo por todo o lado. O descontentamento está lá, suficientemente grande para levar para a rua uma nova revolução, mas as pessoas não o fazem. E quando o fazem, são acolhidas pelos bastões da polícia. Mas não me vou debruçar sobre esses incidentes, que muita tinta levou a correr.
Falarei sobre o que vejo e ouço. Sobre as pessoas que dizem que não vale a pena votar. Se não votarmos, se não exercermos o nosso direito democrático à autodeterminação, será que merecemos democracia? E os outros, os que dizem que as greves não servem de nada, que não mudam nada, que só traz prejuízos ao país, etc. A greve é um direito constitucional. É a forma mais assertiva que o povo tem de mostrar aos governantes que eles lá estão, porque o povo assim o quer. É a forma de demonstrar que, enquanto grupo, enquanto cidadãos, queremos que se faça mais. Se não exercermos esse direito, de que serve o resto? Serve para dizer aos que lá estão no topo que podem fazer o que entenderem, porque nós, os desgraçadinhos que cá estamos em baixo não nos importamos. Pensem nisso um bocadinho. É essa a mensagem que quer enviar? Que se pode governar Portugal como se quer porque os portugueses não se interessam? Se calhar não merecemos a mudança por isso mesmo.
É tempo de largarmos as velhas glórias (pessoal, os Descobrimentos já foram há muito tempo) e projectarmos um futuro onde seremos alguém que pelo menos não tem de se preocupar com o saldo da sua conta bancária, nem tem de viver de ordenado em ordenado. Um futuro onde todos podemos sonhar, viver e ser livres. Não vamos ser os líderes da Europa mas pelo menos deixemos a cauda, que já lá andamos há demasiado tempo. Como diz alguém que aprecio muito, o óptimo é inimigo do bom. Eu, por cá, digo nem tanto à terra, nem tanto ao mar.
Um intermédiozinho já caía bem.
Seja você mesmo, seja livre!
Crónica de Márcia Leal
P.S. Esta crónica estará em destaque aqui no blogue até a próxima crónica para dar oportunidade de todos os visitantes lerem e darem opinião sobre a mesma. O seu comentário é importante, PARTICIPE!
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