(imagem retirada da internet)
O Terrorismo
É mais fácil mobilizar os homens para a guerra que para a paz. Ao longo da história, a Humanidade sempre foi levada a considerar a guerra como o meio mais eficaz de resolução de conflitos, e sempre os que governaram se serviram dos breves intervalos de paz para a preparação das guerras futuras. Mas foi sempre em nome da paz que todas as guerras foram declaradas.
José Saramago
Não existe consenso internacional sobre uma definição efetiva e definitiva de terrorismo Talvez porque este assume características e dimensões muito próprias de situação para situação. Talvez porque é difícil definir algo que ultrapassa não só barreiras geográficas, mas também morais, éticas e filosóficas. Há também dificuldade em distinguir a noção de freedom fighter (lutador pela liberdade) dentro de um regime ditatorial e a de terrorista. Isto acontece porque muitas vezes, principalmente em lutas separatistas ou autónomas, o governo define o opositor como terrorista ou o dissidente intitula o governo de estado terrorista. Tudo isto, associado às rápidas mudanças nas estratégias de guerra torna muito difícil uma adequada definição de terrorismo que encopasse todas as vertentes deste fenómeno antigo mas cada vez mais atual.
O terrorismo é uma forma violenta de combate não convencional, não respeitando regras de combate internacional (como a Convenção de Genebra), e, à semelhança do combate de guerrilha, opõe um adversário mais fraco frente a um mais forte. Para tal, utiliza métodos não convencionais, cujo principal objetivo é infligir terror para além da vítima original e pressionar de encontro a uma determinada agenda pré-definida. Muitas vezes, um dos objetivos é obter publicidade para o grupo ou causa em questão.
Definições comuns de terrorismo incluem atos violentos cujo propósito é criar terror. Geralmente são direcionados a não combatentes (civis) e têm um objetivo que pode ser político, ideológico ou religioso. Pode ser concretizado por um grupo organizado, semi-organizado ou individual. O terrorismo cruza todo o espectro político – desde a extrema-direita (ataque em Oklahoma City em 1995) à extrema-esquerda (FARC na Colômbia).
O terrorismo não é apenas um problema do Meio Oriente; é internacional, cada vez mais supra nacional. O individuo pode identificar-se com uma causa a qualquer altura e cada vez fala-se mais em auto radicalização (Ataque bombista na Maratona de Boston em 2013). Aliás, o terrorismo não é uma arma atual. Nos anos 70 e 80 do século passado era geralmente associado a tentativas de autodeterminação ou separatismo. Entidades como a ETA em Espanha e o IRA na Irlanda, os movimentos de extrema-direita nos EUA.
Nos anos 90 e início do século XXI, houve uma ligeira mudança de paradigma, com as entidades de libertação religiosa como a Al-Quaeda a tomarem uma maior relevância no panorama mundial. Esta ascensão culminou no 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque e nos ataques subsequentes em Madrid e Londres. Subitamente, para a população civil, o terrorismo deixa de ter uma causa política e passa a ter uma causa religiosa e uma posição supranacional.
A dificuldade em lidar com o terrorismo tem várias causas: a imprevisibilidade das ações violentas e das ameaças; o impacto que as mesmas têm na população civil; o fanatismo e convicção dos membros (como é o caso dos bombistas-suicidas); a dificuldade em identificar fontes de financiamento; o facto de que a violência como resposta gera apenas mais revolta e maior recrutamento para as causas terroristas (Guerras do Iraque e Afeganistão, Palestina vs. Israel).
Muitas vezes o terrorismo começa no berço e, como tal, a educação poderá ser a única arma contra o extremismo. A mudança é difícil, principalmente quando a sociedade clama por medidas adicionais de segurança que podem radicalizar ainda mais os indivíduos (como a construção do muro separador de Israel e a faixa de gaza).
Cabe-nos a nós estar a par destas questões e manter uma atitude otimista e uma mente aberta na nossa vida. O terrorismo não é um problema dos outros. É nosso também.
Seja você mesmo, seja livre!
Crónica de Márcia Leal
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