terça-feira, 5 de março de 2013

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

Imagem retirada AQUI



Batalha de Toro: 
Duarte de Almeida – o Decepado 


A 1 de março de 1476, há exatos 537 anos, dava-se a Batalha de Toro, entre tropas portuguesas e castelhanas. Duarte de Almeida, o Decepado tornou-se célebre nesta Batalha pelo seu ato de valentia e patriotismo. 

D. Afonso V, o Africano, defendia os direitos de sua sobrinha, Joana, a Beltraneja, ao trono de Castela, que era cobiçado por Isabel, irmã do pai de Joana, o falecido rei Henrique IV. Segundo se dizia, a mãe de Joana, a rainha de Castela Joana de Portugal, por sua vez irmã de D. Afonso V, havia engravidado de D. Beltrán de La­­ Cueva e não de seu marido. Assim, Joana, a Beltraneja, não seria filha do Rei e não podia herdar o trono. Apareceu assim como herdeira, Isabel de Castela (futura Isabel, a Católica). Passaram então a existir dois partidos de sucessão. 

O rei português D. Afonso V pretendia casar-se com a sua sobrinha e, assim, juntar as duas coroas. As duas partes da contenda entraram em confronto. As tropas portuguesas dirigiram-se então para Castela, e estabeleceram a sua base na cidade de Toro, na margem norte do rio Douro. As forças portuguesas começaram a cercar a cidade de Zamora, onde se encontrava as tropas de Fernando de Aragão, marido de Isabel de Castela. Contudo, o cerco à cidade não teve os resultados pretendidos, pois D. Afonso V não conseguiu conquistá-la. Além disso, o rigor do Inverno levou o Rei português a voltar para Toro. Com o recuo das tropas portuguesas, Fernando de Aragão e as suas forças saíram de Zamora e perseguiram as forças de D. Afonso V, atingindo-as ao fim da tarde do dia 1 de março, a cerca de cinco quilómetros da cidade de Toro. Assim se deu a Batalha de Toro. 

Na Batalha, as tropas castelhanas eram formadas por 4 grandes divisões, e as tropas portuguesas, apesar de reforçadas pelas do arcebispo de Toledo, do conde de Monsanto, do duque de Guimarães e do conde de Vila Real, estavam em desvantagem numérica. O combate durou cerca de três horas. No fim, os relatos parecem todos coincidir na afirmação de que as tropas de D. Afonso V debandaram em várias direções, não conseguindo suster assim o ataque das forças castelhanas. 

Os homens sob o comando do rei português são perseguidos não só pelas tropas castelhanas, mas também pelos populares da região. Quando já se pensava na vitória castelhana, ocorreu uma reviravolta na batalha. As forças portuguesas estavam divididas em dois grupos e só um deles tinha sido atacado. O outro, comandado pelo filho do rei português, o príncipe D. João (futuro D. João II), se reorganizou e voltou a investir sobre as forças castelhanas, desbaratando o inimigo. Embora se defenda que o resultado da batalha foi inconclusivo, o que é correto afirmar é que as forças castelhanas conseguiram um sucesso temporário, pois numa 2ª fase, Portugal venceu a disputa. Contudo, após a Batalha, D. Afonso V percebeu que Portugal não tinha forças e nem apoios suficientes para garantir os direitos de Joana, a Betraneja à coroa de Castela, assim se desistiu da guerra. D. Joana foi então exilada para Portugal pelo tratado de paz assinado entre os países ibéricos, passando a ser oficialmente tratada por Excelente Senhora

Foi nesta Batalha que surgiu um herói português, muitas vezes esquecido, Duarte de Almeida. Este era o alferes-mor de D. Afonso V e, por isso, a quem estava confiado o estandarte das tropas portuguesas. Assim, no meio do combate, Duarte de Almeida, após o estandarte ter caído ao chão, empunhou de novo a bandeira e defendeu-a com determinação. Porém, um castelhano cortou-lhe a mão direita, mas indiferente à dor, Duarte de Almeida, empunhou de novo o estandarte com a esquerda, a qual viria também a ser decepada. Já sem mãos, mas querendo manter o estandarte no ar, Duarte de Almeida empunhou-o com os dentes e resistiu sempre até que foi rodeado de castelhanos, vindo a cair moribundo. 

Neste momento, o castelhano Sotto Mayor apoderou-se da bandeira por alguns instantes, mas o escudeiro Gonçalo Pires conseguiu arrancá-la do inimigo, num ato de heroísmo admirado pelas tropas rivais. Duarte de Almeida, que ganhou então a alcunha do Decepado, não faleceu na Batalha, sendo levado depois pelas tropas inimigas para ser tratado em Zamora. Em Castela, o seu ato heroico valeu-lhe o respeito e a admiração de todos, até os próprios Reis Católicos mandaram colocar as armas de Duarte de Almeida na capela real da Catedral de Toledo. Passados 6 meses, Duarte de Almeida regressou a Portugal, onde viveu no Castelo de Vilharigues, não tendo as homenagens e o reconhecimento português que teve em Castela. Morreu pobre e quase esquecido, apesar do seu ato de valentia e bravura. 

Neste momento, tem de haver mais “atos heroicos” pela defesa dos interesses portugueses. É tempo dos políticos fazerem força pelo povo e não se esquecerem que representam os portugueses, e que é por eles que devem falar e lutar. Além disso, vemos infelizmente que Portugal esquece dos seus heróis passados e a história de Duarte de Almeida deve ser contada e relembrada, pois não há muitos homens capazes de dar a sua vida pelo bem de um povo. 


É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 


P.S. Esta crónica estará em destaque aqui blogue para dar oportunidade de todos os visitantes de darem a sua opinião sobre a mesma. A sua opinião é importante, PARTICIPE! 



MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

1 comentário:

  1. Boa crónica. Duarte de Almeida, um grande português que lutou até ao fim. Os portugueses não sabem reconhecer os grandes

    ResponderEliminar