domingo, 3 de março de 2013

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(imagem retirada da internet)



'Os pais não devem dar prémios monetários'


Com o início do ano escolar, o economista e professor universitário Jorge Rio Cardoso acaba de lançar O Método Ser Bom Aluno 'Bora Lá?. O livro tem dicas para que os jovens melhorem as técnicas de estudo e conquistem bons resultados nas aulas. 

No seu livro conta que começou por ser um aluno sofrível, mas acabou por tornar-se um aluno invejável. Essa mudança foi uma questão de método?
Sim, essencialmente de método. Em relação ao meu caso, não tinha a ver apenas com falta de metodologia, mas também com o ambiente familiar e com falta de auto-estima. Mas fui crescendo e aprendi a não estar tão dependente dos pais. Há estudos que apontam que para o sucesso de uma pessoa só 20% tem a ver com a questão do quociente de inteligência (QI) e que o restante tem a ver com aspectos de inteligência emocional. E ter inteligência emocional significa ter capacidade de lutar contra a adversidade e conseguir adiar a recompensa. Isso são coisas que se treinam e que influenciam bastante ser bom aluno.

E qual foi o método que seguiu para conseguir o sucesso escolar?
Comecei a fazer atletismo no Benfica e a ter resultados agradáveis, o que me fez acreditar em mim. Depois comecei a ver que, com esforço, a pouco e pouco, conseguia progredir também na escola. Passei a dividir o estudo em pequenos passos e a focar-me em cada um deles. Isso fez com que o estudo deixasse de me esmagar. Outra coisa importante que fiz foi deixar de me comparar com o ‘crânio’ da turma e começar a comparar-me comigo mesmo, e ver de que forma evoluía ao longo dos meses.

Como é que um aluno deve organizar o seu estudo?
O método, que desenvolvo no livro, deve ser dividido em quatro partes: recolha de apontamentos; interiorização ou memorização da matéria – com alguns sublinhados, não em demasia porque coisas que naquele momento lhe possam parecer muito importantes, depois, quando estiver dentro da matéria, podem não o ser; relacionar matérias; e auto-avaliação, em que o aluno testa se, de facto, sabe a matéria. Depois de terem os apontamentos, aconselho a terem uma folha com os vários tópicos da matéria e criarem um mapa mental. Um dos erros que não se deve cometer é eliminar matéria, pensando que não vai sair nos testes.

O que é um bom aluno?
Há a ideia de que o bom aluno é um nerd, um grande cromo. Quando, na realidade, segundo os depoimentos recolhidos para o livro, os bons alunos são tudo miúdos ou miúdas que têm como hóbis o hip-hop ou o basquetebol. Alguns até são líderes. O bom aluno é aquele que joga na antecipação, aquele que antes do problema aparecer já tem uma solução. Na brincadeira, digo que há o modelo ‘ya fixe’ e o modelo ‘tá-se mal’. O modelo ‘ya fixe’ é aquele em que o aluno estuda, tem bons resultados, ninguém o aborrece e pode ir a festas. O outro é aquele em que o aluno tem maus resultados e vão-lhe cortando cada vez mais a liberdade. Com método, consegue ganhar-se tempo para a diversão.

Para que haja um bom desempenho escolar, parece-lhe essencial que o aluno tenha vida para além da escola. Como gerir os dois campos?
Sim, é essencial. Para os alunos serem excelentes seres humanos devem colocar responsabilização não só no estudo, mas também na brincadeira. Se está a divertir-se, está mesmo a divertir-se e nem sequer pensa no estudo. E, à medida que o ano vai avançando, a diversão baixa e o estudo aumenta. A vida é feita de dinâmicas.

Os pais devem recompensar os filhos por terem bons resultados na escola?
Os pais não devem dar prémios monetários, mas imateriais. Deve ser, por exemplo, uma recompensa em termos de tempo livre. Se o aluno teve boas notas, os pais podem dar-lhe uma maior autonomia e permitirem, por exemplo, que saia à noite e chegue um pouco mais tarde que o habitual. É um prémio em confiança.

Créditos: Sol/Vida


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