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O Duque da Terceira:
As lutas liberais!
Há 221 anos, a 18 de março de 1792, nascia o 1º Duque da Terceira, símbolo da luta liberal contra o Absolutismo e comandante dos liberais. Foi o grande responsável pela preparação das tropas na Terceira e pelo desembarque no continente português.
D. António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha nasceu em Lisboa e com apenas dois anos de idade perdeu o pai, sucedendo-lhe, então, como Conde de Vila Flor. A Europa absolutista caía e os ideais franceses de Liberdade, Igualdade e Fraternidade ecoavam por todo o lado. Assim, o futuro Duque da Terceira cresceu em plena difusão dos ideais liberais e participou nas Guerras napoleónicas, tendo sido agraciado pelo seu empenho e bravura.
Durante os anos seguintes, desempenhou vários cargos, sendo nomeado Par do Reino, aquando da promulgação da Carta Constitucional de 1826 e depois Governador das Armas da Província do Alentejo, tendo logo de reprimir algumas insurreições militares que se levantaram a favor do Absolutismo. Começava a sua luta pelo Liberalismo. No Alentejo, Vila Flor, comandou o exército, repelindo os absolutistas em várias zonas do país. As vitórias valeram-lhe o título de Marquês de Vila Flor e a nomeação para governador das armas do Porto.
Com a chegada de D. Miguel a Portugal, o Absolutismo ganhou força e Vila Flor foi demitido, saindo de Portugal. Era a época do seu exílio em Inglaterra. Portugal sucumbia ao Miguelismo. A Ilha Terceira que se tinha tornado o último baluarte do Liberalismo, passou a atrair Vila Flor, que pretendia continuar a sua luta. O Duque de Saldanha, próximo de Vila Flor, partiu para a Ilha e este depois juntou-se a Saldanha. O Duque de Palmela, outro liberal, nomeou-o Capitão-General dos Açores. Vila Flor conseguiu escapar aos britânicos e instalar-se na Terceira.
Depois fixada a residência de Vila Flor em Angra, a 1º ação de Vila Flor foi terminar com as discórdias e divisões locais, aproximando-os para a defesa da causa liberal. A seguir, organizou-se a resistência aos ataques de D. Miguel. A 11 de agosto de 1829, na famosa Batalha da Praia, os Miguelistas tentaram invadir a Ilha, Vila Flor conseguiu organizar uma boa defesa, restaurando a linha de fortes da Terceira. Começava um novo ciclo de vitórias, que fariam de Vila Flor um comandante de prestígio. Foi criada a Regência de Angra, que orientou os destinos dos liberais até à chegada de D. Pedro à Terceira. Angra era a capital da Monarquia Constitucional. A Regência emitiu várias proclamações e 65 decretos, sobretudo pelas mãos de Mouzinho da Silveira, que depois de 1834, tornar-se-iam nacionais.
Em abril de 1831, a Regência avançou para as restantes ilhas. Vila Flor esteve ao comando das conquistas, pondo fim às resistências. Com o apoio de D. Pedro IV, que depois de abdicar do trono português e posteriormente do brasileiro, tornou-se Duque de Bragança, Vila Flor ultimou o desembarque no continente, tendo comandado os Bravos do Mindelo. O Liberalismo começava a afirmar-se.
Em nome de todo o seu empenho para a causa liberal, Vila Flor foi elevado, a 8 de novembro de 1832, a Duque da Terceira, ligando-se o seu futuro ao da Ilha que bem o acolhera e que tivera ao seu lado. O 1º Duque da Terceira participou nos principais momentos da Guerra Civil, liderando as tropas que libertaram Lisboa em 24 de julho de 1833, estando também ao lado de D. Pedro aquando da abdicação do trono por D. Miguel. D. Maria II era novamente rainha e o Liberalismo triunfara.
O papel de Vila Flor, depois de 1834, passou pela política. D. Maria II quando se tornou Rainha nomeou um novo governo, liderado por Palmela e Terceira tornou-se ministro da Guerra. Com uma forte oposição, o novo governo caiu e Terceira foi nomeado comandante-em-chefe do exército. Acabou por pressionar os militares e levou à queda do novo ministério que substituiu o dele. Algum tempo depois, a 19 de abril de 1836, Terceira organizou um novo governo, assumindo a presidência e o ministério da Guerra
A Revolução Setembrista (setembro de 1836) levou ao final do governo do 1º Duque da Terceira, que se afirmava como o grande defensor da Carta Constitucional. Terceira foi chamado a formar governo a 9 de setembro de 1842, com Costa Cabral, que era o verdadeiro líder. O ministério durou 4 anos, caindo a 20 de maio de 1846, quando rebentou no Minho a revolta conhecida pela Revolução da Maria da Fonte. D. Maria II convidou Terceira para seu lugar-tenente, enviando-o para sufocar a revolta do Minho. Terceira não conseguiu e acabou preso por Passos Manuel no Castelo de S. João da Foz. Foi libertado no fim das hostilidades.
Em 1850, Terceira foi nomeado comandante da 1ª divisão (até 1855), apenas com a interrupção dum ano, enquanto foi ministro da guerra no gabinete que saiu do movimento de 1851 (Regeneração). Em 1855 foi ainda nomeado 1.º ajudante de campo de D. Pedro V. Morreu a 26 de abril 1860, sem descendência, mas com uma vida recheada de feitos. E, em nome de todo o seu empenho, foi inaugurada uma estátua em sua homenagem, junto a uma praça que recebeu seu nome, a 24 de Julho de 1877, exatos 44 anos depois da libertação de Lisboa do jugo absolutista.
O Duque da Terceira foi um importante comandante e homem do Liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras daquele tempo. Foi um herói que não teve medo de desafiar e lutar pelo que acreditava. Atualmente os nossos políticos precisavam de batalhar pelos direitos dos seus concidadãos e defender Portugal. É no meio desta crise que os nossos políticos devem ouvir o povo e procurar melhores saídas para todos os portugueses. Não podemos alhear-nos dos nossos deveres e temos que “gritar” pelo que queremos, fazer-nos ouvir, pois a Democracia é um direito e um dever de e para todos os portugueses.
É preciso viver o passado para construir o futuro!
Francisco Miguel Nogueira
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texto interessante!
ResponderEliminarAntónio José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha nasceu em Lisboa, a 18 de Março de 1792, filho primogénito de António de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, 6.º conde de Vila Flor... um herdeiro do 1ºConde de Vila Flor, herói da Batalha das Linhas de Elvas( guerra da Restauração)
ResponderEliminarEsta é a parte da História de Portugal que mais gosto :)
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