quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

Imagem retirada AQUI



Mouzinho de Albuquerque:
Militar e político de referência 


A 8 de janeiro passaram exatos 111 anos da morte de Mouzinho Albuquerque, um oficial da cavalaria portuguesa, que teve um papel primordial nas campanhas africanas do final do século XIX. 

Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque nasceu a 12 de Novembro de 1855, filho de José Diogo Mascarenhas Mouzinho de Albuquerque, diretor dos telégrafos e faróis do reino e de Maria Emília Pereira da Silva e Bourbon. Era assim neto paterno de Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, liberal “de proa” da primeira metade do século XIX. 

Mouzinho de Albuquerque cedo foi destinado à carreira militar, tendo assentado praça aos 16 anos, como voluntário do Regimento de Cavalaria nº 4. Frequentou a Escola Politécnica, entrando de seguida na Escola do Exército, onde fez o Curso de Cavalaria. Promovido a alferes, Mouzinho de Albuquerque serviu nos regimentos de cavalaria nº2 e nº4, matriculando-se ainda nas Faculdades de Matemática e Filosofia da Universidade de Coimbra. 

Em 1884, Mouzinho de Albuquerque foi promovido a tenente e dois anos depois partiu para a Índia, onde fiscalizava as obras do Caminho-de-Ferro de Mormugão. Em 1888, em reconhecimento pelo seu trabalho, Mouzinho tornou-se secretário-geral do governo do Estado da Índia. Neste momento, foi então promovido a capitão. Em pouco tempo, Mouzinho de Albuquerque foi nomeado governador do distrito de Lourenço Marques. 

Em 1892, Mouzinho e Albuquerque regressou a Lisboa, partindo, dois anos depois, para Moçambique, com o objetivo de participar nas campanhas de dominação dos povos indígenas. Teve aí um papel de destaque, tendo capturado o chefe vátua Gungunhana e sua família a 28 de dezembro de 1895. Gungunhana foi entregue por Mouzinho de Albuquerque ao governador-geral da colónia. Este enviou o chefe vátua para Lisboa, sendo posteriormente preso na Fortaleza São João Batista, em Angra do Heroísmo. 

Mouzinho de Albuquerque era então reconhecido como um grande militar e a sua fama ultrapassou fronteiras. Foi assim nomeado 77º governador-geral de Moçambique, em março de 1896 e a 27 de novembro, Comissário Régio. Os anos seguintes foram marcados pela preocupação em fazer reformas que desenvolvessem Moçambique. 

De volta a Lisboa para tratar de assuntos relativos a Moçambique, Mouzinho foi convidado a percorrer a Europa, participando em várias palestras, que lhe granjearam reconhecimento internacional. Regressando a Moçambique a 22 de Abril de 1898, sem o apoio financeiro que precisava, Mouzinho demitiu-se a 19 de julho. 

Mouzinho de Albuquerque regressou a Lisboa, sendo homenageado tanto em Portugal, como no estrangeiro pelo trabalho que prestou em África. Foi assim condecorado, entre outros, com os graus de Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, Comendador da Ordem Militar de Avis, Grã-Comendador da Ordem da Águia Vermelha da Prússia, Comendador da Ordem dos Santos Maurício e Lázaro de Itália, Comendador da Ordem de São Miguel e São Jorge, da Grã-Bretanha e Irlanda (com o inerente título de Sir, que não podia usar por ser estrangeiro), Comendador da Ordem de Leopoldo I da Bélgica e Comendador da Ordem de Carlos III de Espanha, Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra de França, etc, A 28 de setembro de 1898, Mouzinho de Albuquerque foi ainda nomeado para o Conselho e ajudante de campo efetivo do rei D. Carlos, oficial-mor da Casa Real e aio do príncipe herdeiro D. Luís Filipe. 

Os anos seguintes foram marcados pela sua forte crítica aos políticos, acabando estes por ostracizá-lo, criticando-o pela forma desumana como tratara os indígenas africanos. Acabou por se suicidar, a 8 de janeiro de 1902. Foi postumamente condecorado com a Ordem do Império Colonial a 14 de julho de 1932. 

Os portugueses precisam ter mais força e mais objetivos de vida, sem terem medo de enfrentar os obstáculos e lutar pelo que são. Interessa salientar que dentro do espírito de cidadania, cada um de nós tem direito à indignação, sempre que a governação do país não salvaguarde os interesses da pátria e da sociedade. 

Os nossos governantes estão obrigados a lutar por um país melhor, onde os cidadãos têm direitos e deveres, mas onde são respeitados e considerados como um todo. Não podemos continuar a perpetuar a cultura do sobreviver e não a do viver ou mesmo vegetar num limbo de contradições e interesses mesquinhos. 


É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 


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8 comentários:

  1. Na minha opiniao, ir a origem das terras/nacoes dos outros, prende-los por serem diferentes, e uma vergonha que sinto dum pedaco das nossas raizes. Nao vejo o que isso tem a ver com as decisoes dos nossos governantes de hoje. A nao ser que estamos a ser um povo nada menos do que passivo, deixando que o que se diz "Uniao Europeia" ou em seu nome, que e a Alemanha volte a ser o poder sobre os paizes que so contribuem p'ra essa, como Portugal. Nao veem uma 3. guerra mundial , mas desta vez pelas Instituicoes Financeiras que acumulam nossas poupancas ,e poem-se a andar com nosso dinhero no seu bolso? Se somos todos juntos a UE , pois que todos facam os mesmos sacrificios, assim como todos tenham os mesmos direitos as Bancas de Financiamento. Nao e um/a unico/a representante duma ou duas Nacoes que deva actuar em decisoes competentes sobre cada um dos Paises que formam UE. Ha passados que se ve das raizes, uma consequencia , afinal. No entanto, nso vejo a ligacao entre esta de M. Alburqerque e as decisoes dos nossos Governantes, porque suicido nao sera a resposta para Portugal. Ai ate concrdaria com o nosso Sr. Dr. A. Cavaco Silva " Imigrem 'ra outros mundos" o que sera o mesmo que etar em Portugal e perder a voz do povo, quem mais ordena.

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  2. Francisco Miguel Nogueira não tenhas dúvida que és um excelente historiador e vais longe!

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  3. Ah! Fiz um trab sobre ele c a Magda O Sr. Q prendeu o Gungunhana... (ja n me lembro é assim q s escreve?)

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  4. Andava mesmo à procura desta tua crónica, p ler em condições! Gostei mt, Mouzinho, foi definitivo ae preponderante na nossa história, especial/te no episódio em q vai comandar um pequeno contingente, usando inteligentemente estratégia militar p controlar as poderosas tribos vátuas q insistiam em fazer alianças perigosas p os nossos interesses, c potencias estrangeiras e c colonos do Transval, salvaguardando assim o território moçambicano das insistentes investidas externas, q ameaçavam a autoridade portuguesa no território... A prisão do chefe Vátua, foi um pormenor bastante relevante e marcante do sucesso da expedição portuguesa em Moçambique.. Qto às criticas daqueles q mais valor têm, tem mtas razões culturais e é mto frequente por cá, é algo do passado e do presente, q só pode ser alterado através de mentalidade em gerações...

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  5. Miguel Canto e Castro22 de janeiro de 2013 às 15:42

    Muito interessante o artigo sobre Mouzinho de Albuquerque. Lembra-me de ver uma foto do Gungunhana com outros prisioneiros na Fortaleza de Sao Joao Baptista, Angra, ilha Terceira. Parabens!!!

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