terça-feira, 18 de setembro de 2012

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

Imagem retirada AQUI


Conquista 1453 – o filme 

O cinema tem-se preocupado em trazer para a atualidade, a vida de personalidades e as estórias de grandes acontecimentos que mudaram a História de todos. Há adaptações que nos impressionam, mas infelizmente há muitas que nos deixam o gosto amargo da desilusão. Como sou um apaixonado por épicos históricos este fim-de-semana deixei-me levar pelo filme turco Conquista -1453

O filme Conquista -1453 (originalmente Fetih 1453) foi realizado pelo turco Faruk Aksoy, saindo às 14h53 (hora simbólica, relembrando o ano de 1453) do dia 16 de setembro de 2012. O épico histórico conta-nos a história da queda de Constantinopla, que marcou, para muitos historiadores, o fim da Idade Média e o início da Modernidade. 

A escolha do próprio título do filme, “Conquista”, remete-nos para uma visão que glorifica a tomada da antiga capital do Império Romano do Oriente. A história é obviamente contada a partir dos vencedores, numa leitura “neo-otomana” que se tem sentido nos últimos anos na Turquia. 

Mehmed II (Maomé II), Sultão otomano, depois de assumir o trono, pretende terminar o que o pai começou, conquistar Constantinopla. O filme compara os nomes de Mehmed ao do profeta, e que mostra que ambos foram “escolhidos” para grandes feitos. A história faz a trajetória política dos grandes envolvidos na questão de Constantinopla, desde o próprio Imperador Constantino, ao genoveses e ao próprio Papa, fazendo um retrato bastante credível da época. 

Outra parte do filme mostra-nos um Sultão que, humano, perde força e garra com as primeiras derrotas durante o Cerco, mas que com o apoio religioso, renasce para a vitória. Já do lado de Constantino, o celebrar a vitória antes do tempo, torna-se um erro, rapidamente a derrota-se aproxima-se. 

O Conquista-1453 tem uma imagem muito forte, sobretudo nas cenas de combate, que achei bastante realistas. Os cenários bem escolhidos e enquadrados dão um toque muito especial a este épico. A iluminação do filme também dá um tom místico. O vestuário de época também é muito realista, digamos, uma realização de qualidade. 

O filme não se limita à Conquista, tem também amor. Por um lado encontramos, a história de amor entre uma jovem, filha de um construtor de canhões (Era), e o amigo do Sultão (Hasan). Por outro lado, temos o amor ao Sultão que muitos dos seus súbditos demonstram, assim como a relação com Alá. 

A cena mais impactante do filme, como todo o exagero que ela demonstra, é quando temos Hasan, completamente ferido, cheio de setas, a levantar a bandeira do Império Otomano, numa cena que relembra os grandes épicos ocidentais. 

O valor de 8,4 do IMDB é uma clara demonstração que os ocidentais se renderam ao filme turco. Eu fui um deles. Não sendo um conhecedor do cinema turco, gostei muito desta história, com todos as vicissitudes e defeitos que evidencia. Para isso contribuiu muito o fascínio que sempre tive pelo mundo Otomano e por Constantinopla. Uma das obras que mais me marcaram durante a licenciatura foi O Império Otomano - Das origens ao Século XX de Donald Quataert, que recomendo vivamente. 

É um filme a ver e a rever! E vamos estar atento ao cinema turco! É necessário entender a História dos Povos. 

O Conquista 1453 permite aos turcos, e a todos, conhecerem a sua história. Daí achar necessário a realização destes filmes históricos. Era importante que também em Portugal houvesse uma maior divulgação dos grandes acontecimentos da nossa História, tão rica em momentos marcantes. Os portugueses não podem continuar a esquecer o seu passado, nem negligenciar o que os nossos antepassados fizeram. O sentido patriótico não se proclama, vive-se! 


É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 

P.S. Esta crónica estará em destaque aqui blogue para dar oportunidade de todos os visitantes de darem a sua opinião sobre a mesma. A sua opinião é importante, PARTICIPE!

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3 comentários:

  1. Excelente texto. uma boa crónica e diferente

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  2. Além de historiador temos crítico de cinema
    Bom trabalho

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  3. olá Francisco, gostei da tua análise, pois assim suscita curiosidade para assistir ao filme que apresentas na crónica!
    É pertinente os realizadores apostarem em filmes que nos ensinam a compreender os nossos antepassados! Portugal ficaria a ganhar em muito na divulgação da nossa história, pois precisamos urgentemente de conhecer na integra este País! A nova geração sabe bem pouco da importância dos arquipélagos e dos distritos de Portugal nas várias épocas da História Humana!
    Abraço,

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