terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crónicas 10 minutos - Tecnologicamente falando

(imagem retirada da internet)



Vício da Internet passa a ser considerado distúrbio mental

Pânico geral! O uso constante da Internet pode vir a ser considerado um distúrbio mental! Estamos todos condenados… Bom, mas vamos com calma. 

Os diagnósticos psíquicos são categorizados por um manual apelidado de “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders”, o qual lista todas as desordens mentais. Publicada pela Associação Psiquiátrica Americana, e mais conhecida por DSM, esta ‘bíblia’ vai sofrer a sua quarta atualização em 2013 e desta vez irá, provavelmente, incluir o vício da Internet, ou, Distúrbio do Uso de Internet (DUI). 

Apesar dos seus autores indicarem que é necessário muitos estudos adicionais para tal acontecer, esta medida já está a gerar imensa controvérsia. 

Da informação existente, o Distúrbio do Uso de Internet tem os mesmos ‘sintomas’ de qualquer outro vício: o paciente irá sofrer uma ‘preocupação constante’ com a Internet ou um jogo online, mostrar indícios de afastamento e irritabilidade quando a substância (Internet) não estiver disponível, perda de outros interesses, tentativas frustradas de desistência e consequente uso da Internet para escapar ao seu estado disfórico. Da mesma forma, conclui-se que o paciente irá precisar de ‘doses’ cada vez maiores (cada vez mais tempo) de Internet para saciar a sua vontade. 

Vários trabalhos científicos na área têm vindo a ser realizados, com o intuito de saber qual a reação que este Distúrbio tem a nível neurológico e como pode ser tratado. Tais pesquisas apontam que as alterações existentes nos cérebros dos pacientes que sofrem de DUI são as mesmas que se verificam nos viciados em cocaína e heroína. 

Grande parte da controvérsia advém da linha ténue que separa a doença do uso saudável da Internet. Quantas horas por dia são consideradas doença? Devemos esperar até o quê para depois procurarmos tratamento e já agora, qual é o tratamento? Alguns estudiosos apontam para algumas semelhanças à terapia do vício da comida, pois não podemos viver sem alimento. Da mesma forma, porque a Internet acaba por ser indispensável para muitas pessoas, irá existir restrição ao seu uso. A palavra de ordem será, portanto, “moderação”! 

Da mesma forma, a Internet está ‘na ponta dos nossos dedos’, a uma distância mínima. Encontramo-la nos computadores, portáteis, smartphones, tablets, e muitos defendem que esta extrema acessibilidade devia impedir de tal ser considerada um vício. 

Uma coisa é certa, são cada vez mais recorrentes as histórias sobre mortes ou violência associados à tecnologia, nomeadamente à dependência de videojogos e/ou Internet. Em 2009, Daniel Petric de Ohio, com 17 anos, disparou mortalmente sobre a sua mãe e ainda feriu o pai, depois destes lhe terem retirado um jogo da sua Xbox 360, com receio do seu filho estar a jogar demasiado. 

Chris Staniforth, 20 anos, morreu de insuficiência cardíaca depois de jogar na sua consola por 12 horas seguidas, no ano passado. Já em 2012, um outro jogador morreu depois de uma sessão de 40 horas num Internet Café, em Taiwan. 

Mas tais episódios não acontecem apenas em públicos mais jovens, um casal de Coreanos foi preso em 2010 depois da sua bebé de três meses morrer à fome, enquanto os pais passavam horas a jogar um jogo online. Jogo este que era sobre… criar uma bebé virtual. 

Tony Bragg, de 24 anos estava a jogar um famoso jogo, EverQuest, quando o seu filho de nove meses o interrompeu com choro. Numa primeira tentativa de o ‘calar’, deu-lhe um aperto, mas como não foi suficiente, resolveu prender o filho dentro de um armário durante 24 horas e ele acabou por falecer. 

Relato apenas alguns casos, pois existem dezenas de incidentes similares. A Austrália foi um dos primeiros países a reconhecer o problema e a oferecer tratamento público mediante a criação de clínicas especializadas em tratamentos para o vício dos videojogos. 

Mas não é o problema exclusivo dos jogos online, a tecnologia em geral e o seu constante estímulo podem ser consideradas “um problema futuro”, disse Mike Kyrios, Diretor do Brain and Psychological Sciences Research Center, na Austrália. O mesmo indicou que as crianças são ‘alvos mais fáceis’ e devem ser protegidas. 

Termino com uma pergunta:
O (abu)uso da Internet é algo negativo na sua vida? Já tentou ‘cortar’? 
Deixe um comentário sobre a sua experiência enquanto internauta.


Tal como a tecnologia, inove, melhore, evolva! 
João Oliveira 

P.S. Esta crónica estará em destaque aqui blogue para dar oportunidade de todos os visitantes de darem a sua opinião sobre a mesma.A sua opinião é importante, PARTICIPE! 

MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

2 comentários:

  1. É importante que saibamos separar os nossos momentos sociais, o "cara-a-cara" e as comunicações/relações inter-pessoais dos momentos que temos na internet, quer estejamos a ver/ler notícias por exemplo, a jogar qualquer jogo online ou até a conversar com amigos.
    No campo recreativo e do lazer, a internet vem acrescentar mais uma forma de conviver e interagir com os demais, mas é importante saber distinguir as coisas e não se tornar dependente de uma, no caso, a internet.
    Mas convenhamos, com a crescente facilidade com que a web chega até nós, é normal que cada vez que hajam pessoas a fazer uso dela, faz parte da globalização.
    Sobre ser um distúrbio mental?! Bom, compreendo os porquês e até acho que são justificados mas não se pode generalizar mas de facto, há um enorme Mundo virtual à frente dos nossos monitores, com o qual temos de saber interagir, retirar o proveito e as coisas boas que nos tem a oferecer, mas aprender a não nos deixarmos "dominar" por essa relação e deixar a nossa vida REAL cá 'fora', pois é isso que faz de nós quem somos hoje. Estamos a falar de 1990 anos +/- em que sobrevivemos sem a internet, e hoje ainda cá estamos.

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  2. Fábio, obrigado pelo comentário! Realmente temos de ter sempre presente o 'domínio' a que podemos ficar submetidos, se nos deixarmos envolver demasiado. Como referes, a história humana é muito extensa e apenas nos últimos 15~20 anos é que tivemos a influência da Internet, certamente que não foi ela que nos fez tal como nós somos agora. No entanto, se ela nos vai mudar no futuro, isso já é outra conversa... muito provavelmente vai.
    Apenas um reparo, falas em 1990 anos de história, mas não esquecer que à 300 000 anos atrás, os Neandertais andavam pela Terra por isso a nossa história de "sobrevivência sem a Internet" é muitooooo longa! =)

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