quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

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O fim da Monarquia e o 5 de outubro de 1910 

Há 102 anos, a Monarquia portuguesa terminava com a implantação da República. Contudo, o processo de descrédito da Monarquia tinha raízes anteriores. 

No último quartel do século XIX surgiram dois partidos que incentivaram o descontentamento da população. Assim surgiram os Partidos Republicano e Socialista. O Partido Republicano defendia a implantação da República, uma descentralização política e económica e a dinamização do poder local. Já o Partido Socialista criticava a sociedade capitalista e a não-aceitação da propriedade privada dos meios de produção. Ao mesmo tempo, a imprensa portuguesa atingia o seu auge, e como o jornalismo estava maioritariamente na posse dos republicanos ou de monárquicos crescentemente descontentes com a política em vigor, a Monarquia era fortemente criticada.

A 11 de Janeiro de 1890, a Inglaterra apresentou a Portugal o Ultimatum, uma nota entregue ao Ministro dos Negócios Estrangeiros português pelo Embaixador de Inglaterra em Lisboa (Mr. Petre), onde era exigida a retirada das expedições militares portuguesas das regiões do continente africano que se encontravam sob "proteção britânica". Portugal acedeu ao pedido britânico, embora protestando.

A revolta espalhou-se, então, por Lisboa, um milhar de pessoas percorreu as ruas da capital, em protesto à “submissão” nacional”. O governo foi obrigado a demitir-se e foi criado o hino “A Portuguesa”, da autoria de Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça, apelando à revolta dos portugueses em nome dos seus antepassados.

A concessão de Portugal às exigências britânicas foi vista como uma humilhação nacional pelos jovens estudantes. O Rei D. Carlos foi acusado de “britanismo” e de subjugação aos interesses ingleses. Portugal, embora tenha desistido do "Mapa cor-de-rosa", assinou, em 1891, um tratado luso-britânico que conferia ao nosso país a soberania sobre extensos territórios, alguns dos quais até então nunca haviam sido reivindicados. Contudo, os ganhos da Coroa portuguesa foram esquecidos, sobretudo porque a propaganda republicana contra a Monarquia, fez do Ultimatum, um desaire e uma humilhação nacional. Assim, a 31 de janeiro deu-se, no Porto, a primeira revolta falhada de derrube da Monarquia.

Em 1907, o rei D. Carlos formou um governo de ditadura liderado por João Franco, que ganhou fortes inimizades, sobretudo devido ao estabelecimento de censura na imprensa e o envio de presos políticos para as colónias. A 1 de fevereiro de 1908, D. Carlos e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, foram assassinados no terreiro do Paço. Após o Regicídio subiu ao trono D. Manuel II. A primeira medida do novo monarca foi demitir João Franco, enveredando por uma política de tolerância e abertura mas, mesmo assim, esta moderação na política foi incapaz de deter o republicanismo. O fim da Monarquia parecia inevitável. Importa reter que a mais velha aliança europeia, Portugal-Inglaterra, tem servido mais os interesses britânicos do que os nossos, mesmo que existam os que achem que não, seria interessante fazer uma análise profunda do interesse dessa Aliança para Portugal…

Na madrugada de 4 de outubro de 1910, alguns populares e um pequeno número de militares revoltados, armaram-se, deficientemente, e foram até ao cimo da Avenida da Liberdade. As forças fiéis ao Rei, quer militares e civis, não mostraram interesse em defender o rei e as instituições monárquicas. O palácio das Necessidades, onde estava o rei D. Manuel II e a sua família, foi bombardeado por alguns navios de guerra que apoiavam o movimento republicano. O Rei e a sua família saíram de Lisboa em direção a Mafra, onde no dia seguinte, partiram para a Ericeira onde embarcaram, rumo ao exílio.

Na manhã de 5 de Outubro de 1910, José Relvas, no alto da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, proclamou a implantação da República em Portugal. A República chegou ao resto do país por telégrafo. A Monarquia chegava ao fim sem grandes conflitos, nem mortes.

A supressão do feriado de 5 de outubro acaba por ser um ultraje aos nossos antepassados, que tanto deram ao nosso país. Devemos manter a memória de todos aqueles que ajudaram na construção do nosso Portugal. Além disso, a atualidade também tem sido marcada por uma grande conflitualidade social crescente. O descontentamento da população face à crise e às medidas de austeridade são cada vez maiores. Era bom que nossos Governantes olhassem para o passado e percebessem que temos de fazer mudanças e cedências para que o país se mantenha unido. No atual estado de crise que vive Portugal… o 5 de Outubro será feriado pela última vez este ano e o 1º Ministro não estará presente às comemorações… Só o que nos faltava era criarmos uma crise de identidade, com base na incompetência governativa…

É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 




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MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

2 comentários:

  1. Manuel Luciano da Silva8 de outubro de 2012 às 02:49

    “Contra os Bretões marchar, marchar!”

    Por Manuel Luciano da Silva, Médico

    O 33º. novo Ministro da Educação, Professor Nuno Crato -- desde o 25 de Abril -- já declarou que vai aumentar os currículos da História e da Geografia em todos os ciclos do ensino básico e secundário. Oxalá essa ênfase venha a ser feita nos valores históricos e geográficos nacionais para que os nossos jovens passem a ter mais orgulho por tudo que é português!
    Nós podemos medir o nível de carácter dum povo pelas verdades históricas que os responsáveis pela educação nacional ensinam à sua juventude. O exemplo mais flagrante que temos em Portugal é a composição lírica do Hino Nacional a chamada “A Portuguesa!”
    ”Contra os canhões, marchar, marchar!” Este verso significa: “Darmos o nosso corpo aos canhões!” Que declaração estúpida e p’ra mais no Hino Nacional!...
    Porque é que se não ensina a verdade: “Contra os Bretões, marchar, marchar!” Que quer dizer: “Contra os ingleses, marchar, marchar”!
    É curioso que presentemente em Portugal só no Mirandês é que se ensina a verdade histórica: “Contra ls Bretones caminar, caminar!”
    O Ultimato Inglês de 1890
    No dia 11 de Janeiro de 1890, a Inglaterra mandou um Ultimato a Portugal exigindo que se retirasse do domínio dos territórios africanos localizados entre Angola e Mocambique, os quais no seu conjunto constituiam o chamado “Mapa Cor de Rosa” . Esta exigência britânica, tão ofensiva para Portugal, despertou uma onda de revolta no povo português de tal maneira que um grupo de patriotas portugueses incitaram o compositor musical Afredo Keil, português de descendência alemã, a escrever um hino musical a exaltar os portugueses a defender a Pátria e pediu ao poeta Henriques Lopes de Mendonça para escrever os versos a protestar veementemente contra os Bretões.
    Foi este Hino que serviu de inspiração para a Revolução de 31 de Janeiro de 1891, na Cidade do Porto, iniciada pelo Movimento Republicano, que acabou por ser sufocada pelas forças leais ao Rei D. Carlos I.
    Porém 20 anos depois, em 1911, este mesmo Hino passou a ser chamado “A Portuguesa” e tem funcionado como Hino Nacional da República Portuguesa há mais de cem anos!
    Não sei quem é que trocou, em 1911, o último verso que dizia com convição: “Contra os Bretões, marchar, marchar!” e o subtitui por este verso HIPÓCRITA e ESTÚPIDO: ”Contra os canhões, marchar, marchar!”
    Mesmo hoje, se a Assembleia Nacional Portuguesa tivesse testículos, iria aprovar uma Lei para substituir “canhões” por “LADRÕES” e assim incluiria os ingleses e os outros ladrões de Portugal!

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