terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

Imagem retirada AQUI



D. Paio Peres Correia:
Espadatário


Há exatos 758 anos, a 20 de fevereiro 1255, D. Afonso III, o Bolonhês, doava os castelos de Ayamonte e Cacela a D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, um grande espadatário, responsável pela vitória na campanha militar contra os mouros no Algarve, que culminou com a tomada de Silves e o fim da (re)conquista.

D. Paio Peres Correia, conhecido em Espanha por Pelayo Pérez Correa, nasceu por volta de 1205, no Monte de Fralães, em Barcelos, onde ficava a tradicional casa da família. Cedo ingressou em uma carreira nas Ordens Religiosas Militares, acabando depois por juntar-se à Ordem de Santiago de Espada, fundada em 1170 no Reino de Leão.

Em 1228, D. Paio, como comendador-mor de Alcácer, a sede da Ordem em Portugal, começou a sua campanha militar contra os mouros no Alentejo, tomando Aljustrel (1234), Alvalade, Juromenha, Beja e Mértola (1238). Depois, partiu para a conquista do Algarve, aí tomou Alcoutim, Vaqueiros, Ayamonte e Cacela (1239/1240). 

Em junho de 1239, D. Paio conquistou Tavira, segundo a Crónica da Conquista do Algarve, como represália pela morte de 7 dos seus cavaleiros. Em 1242, em Mérida, tornou-se o 17º Grão-Mestre da Cavalaria da Ordem de Santiago e passou então a estar ao serviço de Fernando III de Leão e Castela e de seu filho, o futuro Afonso X, vivendo portanto em Castela. Em 1245, e devido à influência de D. Paio Peres Correia, a sede da Ordem de Santiago foi transferida de Alcácer para Mértola, que passaria a ser o centro de coordenação da derradeira fase da re(conquista), devido à sua importância estratégica.

A vida de D. Paio foi marcada pela sua valentia e sua grandeza, tornando-o no mais importante espadatário português, por isso, envolta em mistérios e lendas. Vamos ver as duas mais marcantes. Numa 1ª lenda, defende-se que durante uma das suas batalhas contra os mouros, junto a Tentúdia, D. Paio quando percebe que não conseguia derrotar o inimigo até ao final do dia, o espadatário rezou à Virgem para que suspendesse o curso do sol de forma a ter tempo para terminar o ataque, conseguindo assim vencê-los. Devido à intervenção da Virgem, D. Paio apoia a construção de uma ermida em honra da Virgem, mo meio das montanhas Hoje em dia, faz parte do Mosteiro de Santa Maria de Tentúdia.

D. Paio terá passado também algum tempo no Seixal, onde fundou a aldeia com o seu nome, a Aldeia de Paio Pires. Segundo uma 2ª lenda, naqueles territórios do atual Seixal existiam ainda alguns mouros, chefiados pelo impetuoso Abu, que fazia chacinas. Então D. Paio Peres Correia pegou na sua espada para combatê-los, procurando defender aquele território. No momento do ataque, apareceu a D. Paio uma menina, Alda, que ele confundiu com a imagem da Virgem da Anunciação. D. Paio não chegou a matar Abu porque a menina Alda explicou-lhe que o chefe mouro não a tinha magoado, pelo contrário, protegeu-a. 

No fim da conversa entre a menina Alda e D. Paio, ela assumiu que ela e Abu se tinham apaixonado um pelo outro. D. Paio apoiou a relação e após Abu ter-se convertido ao cristianismo, foi o padrinho de casamento do novo casal. Neste dia, D. Paio recordou que na 1ª vez que vira Alda, confundiu-a com a imagem da Virgem, que sempre o inspirara e protegera, prometendo então a construção ali de uma capela em honra da Virgem. Construiu-se, assim, uma segunda ermida em honra da Virgem, neste caso em invocação a Nossa Senhora da Anunciação. Com o passar do tempo nasceu a atual freguesia de Paio Pires. 

Em 1249, a (re)conquista cristã portuguesa estava terminada, com D. Afonso III a ocupar o restante Algarve. D. Paio ocupou sempre um papel crucial. Participou ainda na tomada de Sevilha. Morreu, em 1275, em Talavera de la Reina. Os seus restos mortais foram levados no século XVI para o mosteiro espanhol de Santa Maria de Tentúdia, apesar de haver quem defenda que está sepultado em Santa Maria do Castelo, em Tavira.

A vida de D. Paio remete-nos para a ideia de luta e de combate pelos nossos sonhos, por chegar aos nossos objetivos. Contudo, mostra-nos que quando erramos em uma decisão que tomamos, não devemos ter medo de assumir e mudar de opinião. È importante termos a noção da realidade e como a nossa ação pode afetar a vida dos outros. Assim, é preciso relembrar aos nossos governantes e também à oposição, que têm errado imenso nos últimos tempos, e que é tempo de assumir-se culpas e traçar-se novos caminhos sem receios e assumindo um projeto de futuro que possa ser o melhor para todos.

É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 


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3 comentários:

  1. Muito interessante! Os nossos políticos tem muito a aprender com D. Paio e outros como ele!!!!!

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  2. ...bom exemplo...mas infelizmente a gentalha que nos vai governando move-se por outros "principios"...o POVO é apenas pra usar´e deitar fora...triste sina!..

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  3. Texto muito agradecemos interessante!

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