sexta-feira, 19 de julho de 2013

Recordar é viver!

(imagens retiradas da internet)






Viver o passado especial
Efemérides da semana de 06 a 19 de julho


Lawrence da Arábia e a Revolta Árabe

A 6 de julho de 1917, as tropas árabes lideradas por T. E. Lawrence, o conhecido Lawrence da Arábia, e Auda ibu Tayi derrotaram os Turcos e capturaram a cidade de Aqaba, na Revolta Árabe.
Ao eclodir a I Guerra Mundial Thomas Edward Lawrence juntou-se aos serviços secretos britânicos e foi destacado para o Cairo e Meca, pois desde que em 1909, se licenciara, visitara a Síria e a Palestina, e um ano mais tarde juntou-se a uma escavação arqueológica na Síria, onde permaneceu de 1911 até 1914, durante o qual período aprendeu árabe e aproximou-se da cultura dos muçulmanos.  Em 1916, irrompeu a Revolta Árabe contra o Império Otomano, que se aliara à Alemanha na guerra. Lawrence tornou-se oficial de ligação e assessor de Feisal, filho do líder da revolta, Hussein, o xerife de Meca. Como estratega, Lawrence mostrou-se bastante competente, liderando uma pequena força irregular em operações de ataque a rotas de abastecimento e linhas de comunicações, impedindo-as de lutar contra as forças regulares aliadas sob o comando do general Edward Allenby.
Nos inícios de julho de 1917, as forças árabes conquistaram a sua 1ª grande vitória, a captura de Aqaba (na atual Jordânia), importante porto do Mar Vermelho. Lawrence dedicou-se então a lutar pela independência árabe: recusou uma condecoração do próprio Rei Jorge V e apareceu na conferência de paz de Paris vestido com um albornoz (uma capa de lã, geralmente branca, provida de capuz, usada por árabes e beduínos como casaco). Contudo, tanto britânicos como franceses chegaram a um consenso sobre o futuro dos territórios árabes da Turquia, que foram divididos entre as duas potências, que passaram a exercer sobre elas um mandato da Sociedade das Nações. Lawrence ficou desiludido pelo desfecho, mas, tornou-se uma celebridade, ajudado pelos esforços de publicidade do jornalista americano Lowell Thomas. 


Joana d’Arc

No dia 7 de julho de 1456, Joana d'Arc foi absolvida, após ter sido queimada na fogueira aos 19 anos, acusada de bruxaria a 30 de maio de 1431. Joana d'Arc nasceu em Domrémy, em França, a 6 de janeiro de 1412, filha de Jacques d'Arc e Isabelle Romée. Joana ajudava o pai no trabalho na terra e na criação de carneiros. Não aprendeu a ler nem escrever. Joana foi criada seguindo os princípios da fé católica e com 12 anos de idade, afirmava que o arcanjo São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida, lhe tinham aparecido e ordenaram que procurasse o príncipe Carlos VII e libertasse a cidade de Orléans, que estava em poder dos ingleses. Assim, Carlos VII tornava-se o rei de França.
Com 17 anos, Joana resolveu pedir uma escolta para acompanhá-la até o príncipe. Viajou durante 10 dias e 10 noites, chegando ao Castelo na cidade de Chinon. Interrogada por bispos e cardeais, acabou por convencer a todos. Joana ganhou então a confiança de Carlos VII, que depressa entregou-lhe o título de chefe de guerra. Partiu de seguida, liderando a tropa e durante 3 dias, conseguiu vencer os inimigos, que bateram em retirada. Estava libertada a cidade de Orléans. Outra cidade importante, Reims, voltou também ao poder dos franceses. Carlos VII, agora reconhecido legítimo rei da França, foi coroado e consagrado a 17 de julho de 1429, na Catedral de Reims.
Na primavera de 1430, Joana retomou a campanha militar e tentou libertar a cidade de Compiègne, dominada pelos borgonheses, aliados dos ingleses. Foi presa a 23 de maio do mesmo ano e foi entregue aos ingleses, que queriam julgá-la segundo as regras da Santa Inquisição, o mais elevado tribunal da Igreja em França. O tribunal reuniu-se pela primeira vez em fevereiro de 1431, com a presença do Bispo, um partidário do Duque de Borgonha, aliado da Inglaterra. O seu julgamento foi uma verdadeira tortura, acusada de herege e feiticeira, depois de meses de julgamento foi queimada viva, no dia 30 de maio de 1431. Depois de 25 anos, a Igreja reabriu o seu processo e Joana d'Arc foi reabilitada de todas as acusações, tornou-se a 1ª heroína da nação francesa. No dia 16 de maio de 1920, 500 anos depois da sua morte, o papa Bento XV a proclamou santa. 
Atualmente, Joana D'Arc é a Santa Padroeira de França.


Vasco da Gama e o caminho marítimo da Índia

Há exatos 516 anos, a 8 de julho de 1497, Vasco da Gama liderava a armada que abriu o caminho marítimo para a Índia. Entre 1497 e 1524, Vasco da Gama foi o homem da “Índia”. Também foi lá que morreu, como vice-rei, procurando impor a ordem e a soberania portuguesa na região de Cochim. 
A 8 de julho de 1497, a armada de Vasco da Gama partia de Belém, Lisboa, com destino à Índia. D. Manuel I queria abrir o comércio marítimo com o sub-continente indiano. Da armada faziam parte 4 caravelas, a São Gabriel (uma carraca de transporte com 27 metros de comprimento e 178 toneladas), comandada directamente por Vasco da Gama, a São Rafael por Paulo da Gama, a Bérrio e a São Miguel e contava, ainda, com cerca de 170 homens. A caravela de Bartolomeu Dias, o primeiro a navegar longe da costa no Atlântico Sul, acompanhou a expedição até à Mina, no Golfo da Guiné. A expedição seguiu depois sozinha.
A 4 de novembro de 1497, a armada chegou ao litoral africano, tendo então atravessado mais de 6 000km de mar aberto, a viagem mais longa até então realizada em alto mar. Quando a 16 de dezembro, Vasco da Gama ultrapassou o chamado "rio do Infante", a armada portuguesa estava em territórios “nunca dantes navegados”. Era um ponto de viragem para a náutica e para a História de Portugal. Na costa de Moçambique, encontraram os primeiros mercadores indianos, com quem comerciaram, mas tiveram pequenos problemas com o sultão, o que os obrigou a sair rapidamente de Moçambique. 
Em fevereiro de 1498, a armada comandada por Vasco da Gama desembarcou em Melinde, sendo bem recebidos pelo sultão que lhes forneceu um piloto árabe, que lhes ajudou a chegar a Calecut, na Índia. Luís Vaz de Camões cantou, na sua obra Os Lusíadas a presença de Gama junto do “Rei de Melinde”. Só a 20 de maio de 1498, Vasco da Gama chegou à Índia, estabelecendo a Rota do Cabo e abrindo o caminho marítimo dos Europeus para o Oriente. Iniciava-se a globalização, o comércio internacional ganhava forma. O ano de 1498 marcou uma viragem de capítulo da História Mundial e os portugueses deram um “empurrãozinho”, forte e determinado.
Após um período de contactos e trocas comerciais, Vasco da Gama iniciou a sua viagem de regresso a Portugal. A 29 de agosto de 1498, a armada portuguesa partia da Índia. Com problemas devido aos ventos, a morte de vários tripulantes e o desaparecimento de duas caravelas, a expedição de Gama chegava a Portugal. A 10 de julho de 1499, 2 anos depois de terem partido, a caravela Bérrio chegava a Lisboa. Vasco da Gama, depois de passar pela Ilha Terceira nos Açores, onde sepultou o irmão Paulo da Gama, chegou a Lisboa. Estávamos em setembro de 1499. Apenas 55 dos 170 homens chegaram vivos.
A 12 de Fevereiro de 1502, Vasco da Gama iniciava a sua 2ª viagem à Índia, zarpando de Lisboa, ao comando duma armada com cerca de 20 navios de guerra. Era preciso fazer cumprir os interesses portugueses no Oriente, pois havia histórias de destruição da feitoria portuguesa construída em território indiano. 
Nesta viagem, Vasco da Gama tomou e exigiu um tributo à ilha de Quíloa (África Oriental), que tinha combatido contra os portugueses, tornando-a tributária de Portugal. Com o ouro proveniente de 500 moedas do régulo de Quíloa, D. Manuel I mandou construir para o Mosteiro dos Jerónimos, a Custódia de Belém (peça única da ourivesaria portuguesa, que se encontra actualmente no Museu Nacional de Arte Portuguesa, em Lisboa). Vasco da Gama, após várias batalhas, conseguiu fundar a primeira colónia portuguesa de Cochim, na Índia. As relações entre ambos os povos estavam cimentadas. Regressou a Portugal em Setembro de 1503. 
No reinado de D. João III, em 1524, Vasco da Gama foi enviado uma terceira e última vez à Índia, desta vez como vice-rei. O objetivo era controlar as escaramuças e impor a ordem. Vasco da Gama conhecia bem o lugar e o povo e era uma garantia para a Coroa portuguesa. Contudo, Gama morreu, pouco tempo depois, em Cochim, nas vésperas do Natal de 1524,  As viagens de Vasco da Gama à Índia abriram um novo ciclo na História Mundial. Uma “pequena” aventura de apenas 4 caravelas deu origem a uma nova estrutura da economia-mundo e abriu portas a Portugal.


Filipe V de Espanha

A 9 de julho de 1746 morria Filipe V de Espanha, o 1º espanhol da dinastia de Bourbon. Foi monarca de Espanha por duas vezes, entre novembro de 1700 e 14 de janeiro de 1724, abdicando no seu filho primogénito Luís I, que morreu em pouco tempo, e depois entre setembro de 1724 e 9 de julho de 1746, sendo sucedido pelo seu filho Fernando VI (também ele teve como sucessor um seu irmão, Carlos III). Era neto de Luís XIV, le Roi-Soleil.
Nascido Philippe de France a 19 de dezembro de 1683, foi Duque de Anjou. Com a morte de Carlos II de Espanha, em 1700, o último rei espanhol da Casa dos Habsburgos, Filipe, neto de sua irmã Maria Teresa da Áustria, herdou todos os seus domínios. A recusa de Luís XIV de excluí-lo da linha sucessória no trono da França, como pretendiam a Grã-Bretanha e outras potências europeias, resultou na Guerra da Sucessão de Espanha (1701-1713). 
Pelo Tratado de Utrecht de 1713, Filipe foi reconhecido internacionalmente como rei em troca da renúncia aos domínios da Espanha sobre a Sicília e Flandres, e da concessão de Menorca e Gibraltar à Grã-Bretanha. Tornava-se Filipe V de Espanha. Casou-se com Maria Luísa de Sabóia, enviuvando em 1714. Casou-se novamente com Isabel Farnese, filha de Eduardo III, duque de Parma. Para garantir a herança dos territórios italianos para seus filhos, a rainha empenhou-se na assinatura do Tratado de Viena com a Áustria (1725), o que confrontou a Espanha com a Grã-Bretanha, a França e os Países Baixos, cuja paz foi assinada em 1728. 
O reinado de Filipe V foi marcado por reformas sugeridas pelos conselheiros franceses e italianos. Simplificou e centralizou a estrutura do estado, reorganizou a economia, a marinha e o exército, protegeu as artes e as letras e iniciou a construção do palácio Real de Madrid e a do Palácio da Granja de Santo Ildefonso. Antes de morrer em Madrid, durante os últimos anos de vida, sofreu frequentes períodos de alienação mental e passou o governo à 2ª esposa.


Big Ben 

A 10 de julho de 1859, o Big Ben soou pela primeira vez, em Londres. O Big Ben é o sino que foi instalado no Palácio de Westminster durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas da Inglaterra. Benjamin era um homem alto e corpulento, por isso era apelidado de Big Ben, nome dado ao sino.
O Big Ben pesa 13 760 kg, tendo um diâmetro de 2,74 metros. A sua altura é de 2,39 metros. Desde 31 de dezembro de 1923, a rádio BBC transmite todos os dias as badaladas do sino. Há dias simbólicos que o sino soou mais do que o habitual. Assim, a 15 de fevereiro de 1952 tocou 56 vezes, todos os minutos do funeral do rei Jorge VI, falecido com 56 anos de idade. Depois deste dia só voltou a tocar fora da sua programação a 27 de julho de 2012, durante 3 minutos (das 8h12 às 8h15), anunciando a abertura dos Jogos Olímpicos.
Numa cerimónia em homenagem à rainha Elizabeth II , a 12 de setembro de 2012, o nome da torre e do relógio passou a ter o nome da rainha, Elizabeth Tower, em comemoração pelo jubileu da Rainha, os seus 60 anos de reinado.


Pablo Neruda

Há exatos 99 anos, a 12 de julho de 1904, nascia Pablo Neruda, um poeta chileno, considerado um dos maiores em língua castelhana. Nascido Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, Pablo Neruda era filho do operário José del Carmen Reyes Morales e da professora Rosa Basoalto Opazo, que morreu muito cedo. Mudou de nome na adolescência, inspirado pelo escritor checo Jan Neruda. Em 1906, Neruda e o seu pai passaram a viver na cidade de Temuco. Publicou então os seus primeiros poemas no periódico A Manhã. Em 1919, obteve o 3° lugar nos Jogos Florais e Maule, com o poema “Noturno Ideal”.
Pablo Neruda formou-se em Pedagogia na Universidade do Chile, por volta de 1921. Ganhou o Prémio A Festa da Primavera com o poema ”A Canção da Festa”. Foi lançado pela Editorial Nascimento “Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”. Os seus poemas tomariam rumo modernista em 1936, com a publicação de 3 livros: O Habitante e a sua Esperança, Anéis e Tentativa do Homem Infinito.
Em 1927, iniciou a sua carreira diplomática. Conheceu então o poeta Federico Garcia Lorca e Rafael Alberti. Com o início da Guerra Civil de Espanha (1936-1939), em 1936, foi destituído do cargo de cônsul e escreveu Espanha no Coração e algum tempo depois, elegeu-se senador. 
Em 1965 foi outorgado a Neruda com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford. Recebeu em 1971 o Nobel de Literatura. Neruda, que tinha preferência pelas ideias comunistas, leu para mais de 100 mil pessoas no estádio do Pacaembu, uma homenagem a Luís Carlos Prestes, um político comunista brasileiro. Neruda abriu mão de sua candidatura à Presidência da República do Chile, no ano de 1973, em favor do socialista Salvador Allende, que possuía as mesmas afinidades ideológicas do poeta.
Morreu em Santiago a 23 de setembro de 1973, de cancro na próstata. Depois de sua morte, foram publicadas as suas memórias com o título Confesso que vivi.


D. Lourenço José Boaventura de Almada

Há exatos 255 anos, a 14 de julho de 1758, nascia o 1º Conde de Almada, D. Lourenço José Boaventura de Almada. D. Lourenço era filho do 1º governador e capitão-general dos Açores, D. Antão Vaz de Almada, 12º conde de Avranches. Este último fora nomeado a 2 de agosto de 1766 por D. José I, chegando a Angra uns dias depois, a 28 de setembro. D. Antão Vaz de Almada tomou posse a 7 de outubro de 1766, governando até 1774. 
Lourenço Boaventura de Almada foi intitulado, em maio de 1793, por D. Maria I, 1º conde de Almada. Em 1799, em reconhecimento pelo trabalho do pai, foi nomeado 3º capitão-general dos Açores. Teve um mandato bem aceite por todos até 1801, quando sua esposa, D. Maria Bárbara José António da Silveira Quaresma, morreu ao dar à luz ao filho. Os anos seguintes foram marcados pelo afastamento entre D. Lourenço José Boaventura de Almada e a população dos Açores. D. Maria Bárbara José António da Silveira Quaresma foi sepultada na igreja de S. Francisco, ao lado dos Corte-Reais, de Paulo da Gama e de Afonso Baldaia. 
D. Lourenço José Boaventura de Almada deixou a Terceira em 1805, voltando depois à Ilha apenas quando desempenhava o cargo de deputado da Junta dos Três Estados. Foi com este cargo que depois da 1ª Invasão Francesa, em 1808, demonstrando o melhor da tradição familiar de apoio pela independência, D. Lourenço recusou-se a cumprimentar a delegação francesa. Foi ainda cavaleiro tauromáquico. O seu filho foi D. Antão José Maria de Almada, que com apenas 4 anos, em 1805, mesmo antes da morte de seu pai, se tornou no 2º Conde de Almada. Tornou-se também no 14º representante de conde de Avranches em França e Abranches em Portugal, senhor de Lagares de El-Rei e 11º senhor do Pombalinho.
D. Lourenço de Almada morreu a 11 de maio de 1815.


Tomada da Bastilha

A 14 de julho de 1789, há 224 anos, iniciava-se a Revolução Francesa, com a tomada da Bastilha, símbolo do poder absolutista, pois a Bastilha foi usada como prisão estatal no século XVII, acabando por simbolizar a tirania dos monarcas Bourbon.
Assim, os trabalhadores parisienses atacaram e desmantelaram a fortaleza real da Bastilha, em Paris. A Bastilha foi demolida durante a Revolução. Este acontecimento, que iniciou uma nova fase de revoluções, seria a data símbolo do fim da Idade Moderna e o início da Contemporânea.
Hoje, o 14 de julho, Dia da Tomada da Bastilha, é celebrado como festa nacional em França.


1ª explosão da bomba atómica

A 16 de julho de 1945, a 1ª bomba atómica do mundo explodiu, em segredo, no deserto perto de El Álamo, no Novo México. Assim, no mais completo segredo, britânicos e americanos desenvolveram a bomba em 1940. Dois anos mais tarde, o programa atómico ficou sob o comando do exército americano, recebendo o nome de código de "Projecto Manhattan".
Em 1943 foi erguido, no deserto do Novo México, um laboratório dirigido pelo físico americano J. Robert Oppenheimer. Na investigação da bomba e desenvolvimento dos testes de Trinidad com "êxito", em julho de 1945, gastaram-se mais de 2 mil milhões de dólares.
No dia 17 de julho, no início da Conferência de Potsdam, Truman, Presidente dos EUA avisou a Stalin que os EUA já possuíam bomba atómica. Devido à espionagem, Stalin já sabia do facto.
As notícias da nova arma mortal não foram tornadas públicas até três semanas depois, quando outras duas bombas idênticas devastaram as cidades japonesas de Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto), marcando o fim da II Guerra no Extremo-Oriente e a derrota nipónica.


Padre António Vieira

Há exatos 316 anos, a 18 de julho de 1697, morria o Padre António Vieira, Salvador, na Baía.
O Padre António Vieira nasceu, em Lisboa, a 6 de fevereiro de 1608, e foi um religioso, escritor, filósofo e orador da Companhia de Jesus. Tornou-se uma das mais influentes personalidades do séc. XVII, destacando-se como missionário no Brasil. O Padre António Vieira teve um papel de destaque na defesa dos direitos dos povos indígenas, combatendo a sua exploração e escravatura, mas não deixando de os evangelizar. Chamavam-no de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi), em sinal de respeito e afeição por ele.
O Padre António Vieira defendeu também os judeus, sobretudo a abolição da distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição. Na literatura, os seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. Um dos seus textos que mais aprecio, “O Sermão de Santo António aos Peixes”, continua atualíssimo…


Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul injustiçado

Há exatos 128 anos, a 19 de julho de 1885, nascia Aristides de Sousa Mendes, um homem que pôs de lado a sua individualidade e dispôs-se a trabalhar em prol do salvamento de milhares de pessoas em risco. Também foi contra as ordens do seu superior, desrespeitando as instruções de Oliveira Salazar, e que acabou por sofrer as duras consequências do seu ato. Sousa Mendes foi um dos maiores exemplos de respeito pela integridade humana da História recente do Mundo. 
Corria o ano de 1940, a Alemanha nazi avançava sobre a Europa Ocidental, milhares de pessoas fugiam do III Reich e dos campos de concentração de Hitler. É neste cenário de guerra e de crueldade humana, que surgiu Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português em Bordéus. Diplomata e com passagem por embaixadas importantes, Aristides de Sousa Mendes foi convidado por Salazar a dirigir o consulado em Bordéus. 
Quando rebentou o conflito mundial, Sousa Mendes recebeu do Presidente do Conselho de Ministros, assim como todas as embaixadas portuguesas, a Circular 14, na qual Salazar ordenava que os consulados recusassem passar vistos a "estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; os judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos”.
Mesmo com ordens superiores, Sousa Mendes começou a passar vistos e recebeu advertência de Salazar. Segundo se diz, terá exclamado: "Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus". Assim, Sousa Mendes iniciou um caminho sem volta e entre 20 e 23 de Junho de 1940, com a ajuda da família e de alguns colaboradores, passou mais de 30 mil vistos, sendo 10 mil para judeus. Com o armistício francês a 22 de Junho de 1940 e a pressão do Governo português, Aristides saiu de França, mas no percurso para Espanha, continuou a passar vistos a todos aqueles que pediram ajuda. 
Na chegada a Lisboa, Aristides foi privado, por um ano, de exercer as funções de diplomata, sendo o seu salário reduzido a metade e, ao fim daquele ano, foi enviado para a reforma, com ¼ do salário, ou seja, Aristides começou a passar necessidades, pois era chefe de uma família numerosa. A comunidade judaica de Lisboa foi o seu apoio e alento durante estes anos, tendo os filhos dele, partido para o estrangeiro e feito carreira por lá, sendo que dois deles participaram no Desembarque da Normandia. Nos anos seguintes, Aristides de Sousa Mendes tentou recuperar os seus direitos, mas Salazar jamais podia aceitar que um funcionário seu fosse contra as suas ordens e não sofresse, com isso, um exemplar castigo. O “Cônsul injustiçado” morreu a 3 de Abril de 1954, na mais absoluta miséria.
Em 1967, Aristides passou a ser o único português a fazer parte dos Righteous Among the Nations (Justo entre as Nações), no Yad Vashem Memorial em Israel, além de ter uma floresta com seu nome no estado israelita com 10 mil árvores, o número de judeus que salvou. Em Portugal, só em 1988, teve seu nome reabilitado. A Associação dos Diplomatas Portugueses criou o Prémio Aristides de Sousa Mendes para a investigação anual de política internacional mais relevante para as relações externas portuguesas, em sua homenagem.
Recentemente, em junho de 2013, Eric Moed, um jovem arquiteto de 25 anos, dos EUA, decidiu homenagear Aristides quando soube que o seu avô foi um dos sobreviventes do Holocausto que o Cônsul salvou. Assim, Eric Moed dedicou a sua tese de fim de curso à restauração da Casa do Passal, a residência familiar do cônsul e onde o mesmo deu acolhimento a refugiados, no ano de 1940. O objetivo da tese era transformar a casa em museu e foi com esse objetivo que o arquiteto se candidatou ao concurso “Desempregado do Ano”, da Unhate Foundation, nos EUA, patrocinado pela Benetton. Conseguiu angariar os fundos para dar início ao seu projeto, a que deu o nome de “Work Towards Fairness” (Trabalhar em Prol da Justiça), com o apoio da Sousa Mendes Foundation. Assim, foi construído um minimuseu temporário, assente numa estrutura acrílica que Moed enviou de Nova Iorque, montado entre as colunas da entrada principal da Casa do Passal, com apoio de pessoal da Câmara Municipal de Carregal do Sal e da Junta de Freguesia de Cabanas de Viriato. A parte exterior dos 3 pavilhões da estrutura está revestida com 30 mil assinaturas de Aristides de Sousa Mendes, simbolizando o nº de refugiados que o cônsul português salvou. Aristides de Sousa Mendes desrespeitou as ordens superiores, porque decidiu que o valor real da vida humana era mais importante que a política, um princípio cívico que hoje não praticamos e continuamos a esquecer diariamente. Criticando ou não a sua posição de contrariar Salazar, que era o Presidente do Governo do seu país, a realidade é que Aristides salvou mais de 30 mil pessoas e manteve a sua posição até ao final dos seus dias. Atualmente, o valor humano perdeu força, há um grande desrespeito pelo “outro”, pelo apoio e interajuda, as pessoas deixaram de conviver por amizade, mas por interesse, parece que os valores perderam o seu rumo e, ao analisar a vida deste “Grande Português”, percebemos que é importante pararmos e darmos valor a quem nos rodeia, valorizar as relações humanas…olhar para os outros com “olhos de ver”.


Porque recordar é viver, para a semana continuaremos a aprender! 
Francisco Miguel Nogueira



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