domingo, 10 de fevereiro de 2013

Crónicas 10 minutos - "Amante da sociedade"

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A “psicologia” do Carnaval 

Em tempo de Carnaval, alguns na quaresma, aproveitam para recuperar energias, jejuar, ou seja restringem os prazeres que a gula desafia todos os dias, e igualmente aos restantes prazeres que possa imaginar. No entanto, a maioria, põe esta questão religiosa e espiritual de lado, e vestem-se com fantasias do que desejam ser ou do que são realmente. Não apontarei todas as tradições culturais que se aplicam no carnaval por vários pontos do globo, mas sim explicar uma individualidade do significado das fantasias e das máscaras! 

Em psicologia aprendemos que o individuo interpreta papeis sociais, ou seja, cada um de nós ativa atitudes conforme a pessoa que está á nossa frente, seja o melhor amigo/a, namorado/a, seja em situações que ocorrem perante terceiros nos seus múltiplos contextos. Segundo Shaw e Costanzo, o termo “papel” define-se como a posição ou função que uma pessoa ocupa no seio de um determinado contexto social. Outros psicólogos sociais, apontaram que a posição social pode ser imaginária, isto é, o individuo apresenta “máscaras”. 

E porque o fazemos? Porque sabemos que cada atitude terá uma consequência, que refletirá no “outro” a aceitação ou não de tal comportamento ou opinião e que esse “outro” deste modo classificará a nossa personalidade. Denota-se que tal camuflagem de espelhos é mais persistente quando ocorre uma interação com desconhecidos, onde nos “protegemos” de olhares alheios, do que é emanado por correto em cada comunidade.


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As teorias da Personalidade explicam que representamos no palco da vida, e que viver em sociedade é um autêntico teatro! E por mencionar a palavra teatro, existe uma linda ilha que durante os 4 dias de Carnaval vive essa representação em pleno palco, criticando as várias facetas que todos nós acarretamos no quotidiano! Falo-vos da Ilha Terceira nos Açores. Durante estes dias, vários grupos, a que se designam por, Bailinhos de Carnaval com temas diversos de representação, acompanhados com muita ironia e sentido de humor, marcam a presença em todas as freguesias. Estes grupos que serão posteriormente avaliados pelos figurinos, tema escolhido, serão os selecionados e convidados para igualmente apresentar esta originalidade em outros países, principalmente para o Canadá, onde reside uma vasta comunidade açoriana. 

Mas o Carnaval Terceirense, não vive apenas deste desenvolto, igualmente se presenciam as Danças de Espada, estes grupos representam situações dramáticas da vida, como exemplos de doenças e de tragédias, enquanto os Bailinhos de Carnaval criticam situações corriqueiras como a infidelidade, imitam ídolos, criticam questões politicas e económicas do país, mas sempre com um sorriso nos lábios e com a pertinência de não ofender terceiros, aliás este conceito de carnaval, tão original da ilha Terceira, mostra na integra como esta ilha é liberal e vive a democracia em pleno, pelo menos nestes dias! Moscovici diria neste caso, que a ilha Terceira seria uma “Sociedade Pensante”! 

Todos os comportamentos representados nos Bailinhos de Carnaval são o espelho da imensidão de papéis que representamos diariamente, da importância que o “eu” tem de ficar sempre como o melhor, o perspicaz, o mais belo, o mais correto perante o “outro”. E desta forma relacionamo-nos e comunicamo-nos com o mundo interior (família) e com o mundo exterior (sociedade). 

Espero que apreciam esta correlação e que de igual modo se tornam mais observadores…Divirta-se com a sua “personagem”, neste Carnaval 2013! 


(_ Sapatos?-Sei,…são para os pés e ponto!) 
Autoria de, Marisa Leonardo 

P.S. Esta crónica estará em destaque aqui no blogue até a próxima crónica para dar oportunidade de todos os visitantes lerem e darem opinião sobre a mesma. O seu comentário é importante, PARTICIPE! 

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3 comentários:

  1. Análise interessante.O Carnaval terceirense daria por si só um tratado de psicologia, pois vive de opostos, do lamento e choro das danças de espada misturados com os risos e gargalhadas dos bailinhos. Afirma-se pela aceitação da crítica do criticado e no sentido de impunidade que sente o "criticador".
    Cumprimentos.
    Félix Rodrigues

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  2. Quando estava na Ilha Terceira gostava muito do Carnaval Terceirense até já tenhos saudades dos meus amigos/as que para já deixei por lá mas espero e disse ate já porque quem é verdadeiramente Amigo não abandona os seus Amigos/as por isso prometo mal tenha a disponibilidade para voltar irei com muito gosto :)
    E achei essa análise crítica a cereja em cima do topo do Bolo
    Muito obrigada por ter partilhado e partilhe sempre que quiser :)
    Muito Obrigada pela Sua Atenção!
    Cumprimentos,
    Do Vosso Amigo
    Jorge Santiago (Mister Empire)

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  3. Foi com muito agrado que acabei de ler os vossos comentários. Não só serve de estimulo para uma melhor observação e análise nos meus trabalhos, como de igual modo verificamos todos juntos a grandiosidade do Carnaval Terceirense.

    O meu muito obrigado;
    Amante da Sociedade; Marisa Leonardo

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