terça-feira, 22 de maio de 2012

Investigação - Euipa da Universidade de Coimbra

(imagem retirada da internet)


Por que é que as células do coração deixam de comunicar entre si

A equipa de Henrique Girão, da Universidade de Coimbra, identificou, pela primeira vez, um mecanismo responsável pela desregulação da comunicação entre as células. A descoberta pode ter implicações importantes nas doenças cardíacas. Publicados na revista Molecular Biology of the Cell, estes resultados do estudo demonstram que a proteína ubiquitina assume o papel principal na degradação de uma outra proteína – a conexina-43 , que assegura a comunicação rápida e eficaz entre a maioria das células, contribuindo para o funcionamento normal de órgãos e tecidos, explica um comunicado da Universidade de Coimbra. No caso do coração, estes canais de comunicação asseguram a propagação rápida de um sinal, que está na origem do batimento cardíaco. Assim, alterações na comunicação entre células cardíacas, mediada pela conexina-43, poderão estar na origem de várias patologias, como a doença coronária, a insuficiência cardíaca, arritmias e enfarte. 

Os investigadores identificaram o mecanismo responsável pela remoção da conexina-43 da membrana das células, e posterior eliminação, resultando numa diminuição, ou ausência, da comunicação entre as células. Condições que contribuam para uma maior degradação da conexina-43 podem estar na origem de patologias que envolvam uma diminuição da comunicação intercelular. Por exemplo, esta degradação é activada quando as células ficam privadas de nutrientes, o que acontece quando não chega sangue suficiente aos tecidos. “Os resultados obtidos neste estudo abrem caminho para o desenvolvimento, no futuro, de novas abordagens terapêuticas que previnam ou impeçam a eliminação destes canais e, deste modo, assegurem uma correcta comunicação entre as células”, diz Henrique Girão, referindo-se à importância da conexina-43 no funcionamento do coração. 

O estudo, que teve a participação de cardiologistas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), entre outros, foi feito em células em cultura. Agora, o trabalho vai prosseguir em ratos sujeitos a isquemia cardíaca (a paragem ou insuficiência de fornecimento de sangue ao coração), para se estudar o impacto e as implicações desta descoberta no desenvolvimento de doenças cardíacas. O objectivo é também perceber como é que alterações da comunicação intercelular “contribuem para o aparecimento e desenvolvimento de outras doenças, como o cancro e a diabetes”, diz Henrique Girão: “Começámos por estudar o coração, porque é um modelo de excelência, onde a desregulação da comunicação tem implicações mais imediatas, mas a nossa intenção é prosseguir estes estudos no contexto de outras doenças.” 

Créditos: Público/Ciências

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