quinta-feira, 3 de maio de 2012

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

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Sidónio Pais – Presidente-Rei 

Há exatos 140 anos, a 1 de Maio de 1872, nascia Sidónio Pais, político e militar, foi um dos mais importantes Presidentes da República de Portugal da I República. Líder carismático, em apenas um ano de presidência, protagonizou o primeiro momento de ditadura no republicanismo português e marcou de forma indelével o século XX. 

Sidónio Pais nasceu em Caminha. Frequentou o Liceu de Viana do Castelo e depois Coimbra, onde fez o preparatório de Matemática e Filosofia. Optando por uma vida militar, entrou em 1888 para a Escola do Exército, onde frequentou o curso da arma de Artilharia. Em 1892 foi promovido a alferes e em 1895 a tenente. Entretanto casou-se com Maria dos Prazeres Martins Bessa, em Amarante, com quem teve cinco filhos. 

Em 1898, Sidónio Pais doutorou-se em Matemática pela Universidade de Coimbra. Foi neste período que entrou em contato com os ideais republicanos, aderindo à causa. Em 1906, foi elevado a Capitão e, em 1916, já em pleno regime republicano, a major. 

Considerado um distinto matemático, permaneceu em Coimbra, onde foi nomeado professor da cadeira de Cálculo Diferencial e Integral da Universidade, chegando a professor catedrático e vice-reitor a 23 de Outubro de 1910, sendo reitor Manuel de Arriaga (açoriano, nascido na Horta), o primeiro Presidente da República de Portugal. Sidónio Pais entrou, então, na vida política ativa, ao eleger-se como deputado à Assembleia Nacional Constituinte. 

Em 1911, Sidónio Pais foi nomeado Ministro do Fomento, representando o Governo nas manifestações que assinalaram o primeiro aniversário da implantação da República, na cidade do Porto. Passou depois para a pasta das Finanças e, em Agosto de 1912, partiu para Berlim, onde assumiu o cargo de Embaixador. Permaneceu na cidade alemã durante o período crítico que levou à deflagração da Grande Guerra. Quando regressou a Portugal, após a declaração de guerra à Alemanha, foi um dos mais entusiásticos defensores do não envolvimento português na Guerra. Rapidamente se afirmou como o principal líder da contestação ao Governo e à participação na Guerra. 

Sidónio Pais tornou-se Presidente da Junta Militar Revolucionária, a qual desencadeou uma insurreição que, em Dezembro de 1917, terminou com a chegada ao poder de Sidónio, primeiro como Presidente do Ministério, e depois acumulando as funções de Presidente da República. 

Nos meses seguintes, tornou-se um ditador com plenos poderes, promulgando um conjunto de decretos ditatoriais, sobre os quais nem consulta o Congresso da República, suspendendo partes importantes da Constituição de 1911, dando ao regime um cunho marcadamente presidencialista. Tornou-se, então, o Presidente-Rei da República Nova. Os novos decretos exerciam o papel de lei e de constituição, levando a que muitos falem da Constituição de 1918, mas que nunca existiu de facto. 

Os primeiros tempos do Governo sidonista tiveram o apoio da população. Houve uma aproximação entre o novo governo e a Igreja, que permitiu uma certa acalmia social. Portugal manteve-se na Grande Guerra, contudo a grande derrota do Corpo Expedicionário Português (CEP), em Abril de 1918, em La Lys, marcou o fim da estabilidade governativa. Com o fim da Guerra, a ineficácia de Portugal em trazer o que restava do CEP e em fazer-se ouvir no pós-guerra, pois embora derrotado em França, Portugal pertencia aos aliados vencedores da Guerra. 

No final de 1918, a contestação era forte e dinâmica, apesar da ditadura, Portugal mantinha-se sublevado. As greves e as conspirações sucediam-se, Sidónio era contestado e posto em causa. Embora tenha exercido uma repressão profunda, não conseguiu desfazer o movimento de contestação nacional. A 5 de Dezembro, Sidónio Pais foi alvo de uma tentativa de atentado, saindo ileso, mas a 14 de Dezembro, na Estação do Rossio, em Lisboa, era assassinado a tiro por José Júlio da Costa, um militante republicano. 

Em apenas um ano de governação, Sidónio Pais marcou profundamente o país, criando uma República Nova e influenciando os seus contemporâneos, como Salazar, com uma política forte e ditatorial. Muitas vezes esquecido, foi, sem dúvida, um dos políticos mais importantes de Portugal. 

Atualmente, Portugal assiste a um momento de grandes contestações e semi-revoltas, de profunda crise, não só político-social, como, sobretudo, identitária. É o momento de recolher forças e unir os governantes no objetivo de salvar o país e de encontrar novos rumos para a economia nacional. Contudo, a crise não pode ser usada como forma a impor uma “ditadura”, em que os trabalhadores têm todos os deveres, mas nenhuns direitos. É preciso encontrar soluções democráticas que possam afastar a corrupção financeira e criar uma vivência de qualidade, onde a liberdade se torne um pilar da sociedade. 

É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 

P.S. Esta crónica estará em destaque aqui blogue para dar oportunidade de todos os visitantes de darem a sua opinião sobre a mesma. A sua opinião é importante, PARTICIPE! 

MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

6 comentários:

  1. Tudo isso é o ideal, mas mto dificil de por em prática... Sidónio Pais foi uma figura proeminente da instável I República, mas tb controverso, q tentou implementar em momentos de crise e instabilidade, um regime autoritário... O mesmo risco, mas noutros moldes, corremos nós hoje em dia, q sob a capa de controlo da crise se implementem medidas extremamente prejudiciais p a democracia e p toda a liberdade e dtos adquiridos à custa de mtos anos e inúmeras lutas... Esse perigo avoluma se ainda mais pois surge uma nova geração de neo liberais burgueses de cariz reacionario, com teorias socio-económicas baseadas em números e ñ humanistas, bastante radicais, mtos jovens demais para saberem sequer o q é viver numa ditadura e q vivem de costas voltadas p o passado e p as liberdades adquiridas, q se ñ fossem estas, ñ teriam sequer a liberdade de difundir as suas ideias ou mesmo mtos, subir ao poder e implemetar tais medidas... Ñ sei se concordo c esse ponto de vista sobre o facto de se viver um ambiente de "pré revolução"...vejo antes um país inerte... As razões, já tive oportunidade anterior/te de as espraiar...

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  2. aprendendo sempre. eu desconhecia os dotes matemáticos de Sidónio só conhecia os militares e politicos.

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  3. Um grande, da nossa História!

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  4. Um grande, da nossa História!

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  5. Grand, Francisco! Muito obrigado por o seu artigo!

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  6. Li agora a sua cronica que considero notável por, na breve síntese que constitui sobre um período tão crítico que Portugal vivia, permitir um amplo conjunto de referências e de fontes que, no meu caso, desconhecia ou não havia ainda relacionado. Muito obrigado

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