sábado, 18 de maio de 2013

Recordar é viver!

(imagens retiradas da internet)




Viver o passado 
Efemérides da semana de 11 a 17 de maio 


Israel na ONU 

A 11 de maio de 1949, Israel conseguiu integrar a Organização das Nações Unidas, ONU. Nesta altura, anterior às descolonizações, a ONU era formado por 58 estados-membros. Israel tornou-se no 59º membro. Este feito ocorreu um ano depois de Israel ter sido proclamado um Estado, a 14 de maio de 1948, um êxito que resultou na Guerra da Independência israelita, depois de o país ter sido invadido pelo Egipto, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque. Foi durante os primeiros meses de 1949 quando, por intermédio da ONU, Israel manteve negociações diretas com cada um dos países invasores, exceto com o Iraque pela sua recusa em negociar. O resultado das reuniões foi o selar do fim dos confrontos. 
Depois de fazer parte da ONU como estado-membro, Israel abriu as suas portas, garantindo o direito aos judeus de se instalarem no território, para assim poderem adquirir a cidadania. Desta forma, nos primeiros quatro meses de independência, cerca de 50 000 imigrantes mudaram-se para o país. 


1º Conde de Almada 

Há exatos 198 anos, a 11 de maio de 1815, morria o 1º Conde de Almada, D. Lourenço José Boaventura de Almada. D. Lourenço era filho do 1º governador e capitão-general dos Açores, D. Antão Vaz de Almada, 12º conde de Avranches. Este último fora nomeado a 2 de agosto de 1766 por D. José I, chegando a Angra uns dias depois, a 28 de setembro. D. Antão Vaz de Almada tomou posse a 7 de outubro de 1766, governando até 1774. 
José Boaventura de Almada foi intitulado, em maio de 1793, por D. Maria I, 1º conde de Almada. Em 1799, em reconhecimento pelo trabalho do pai, foi nomeado 3º capitão-general dos Açores. Teve um mandato bem aceite por todos até 1801, quando sua esposa, D. Maria Bárbara José António da Silveira Quaresma, morreu ao dar à luz ao filho. Os anos seguintes foram marcados pelo afastamento entre D. Lourenço José Boaventura de Almada e a população dos Açores. D. Maria Bárbara José António da Silveira Quaresma foi sepultada na igreja de S. Francisco, ao lado dos Corte-Reais, de Paulo da Gama e de Afonso Baldaia. 
D. Lourenço José Boaventura de Almada deixou a Terceira em 1805, voltando depois à Ilha apenas quando desempenhava o cargo de deputado da Junta dos Três Estados. Foi com este cargo que depois da 1ª Invasão Francesa, em 1808, demonstrando o melhor da tradição familiar de apoio pela independência, D. Lourenço recusou-se a cumprimentar a delegação francesa. Foi ainda cavaleiro tauromáquico. O seu filho foi D. Antão José Maria de Almada, que com apenas 4 anos, em 1805, mesmo antes da morte de seu pai, se tornou no 2º Conde de Almada. Tornou-se também no 14º representante de conde de Avranches em França e Abranches em Portugal, senhor de Lagares de El-Rei e 11º senhor do Pombalinho, O 2º conde de Almada foi dos primeiros alunos do Real Colégio Militar (entre 1815 a 1817) e fez o curso de bacharelato em Matemática na Academia Real da Marinha. Ascendeu ao posto de capitão de cavalaria e foi 2º tenente na Brigada Real da Marinha de D. Miguel. Tornou-se alcaide-mor de Proença-a-Velha, oficial-mor e 5º mestre-sala da Casa Real, par do reino e comendador da ordem de Cristo. D. Antão José Maria de Almada casou, a 30 março de 1818, na freguesia de Santa Isabel, em Lisboa, com D. Maria Francisca de Abreu Pereira Cirne Peixoto, senhora da então Vila Nova de Lanheses. 
A D. Antão José Maria de Almada sucedeu o seu filho D. Lourenço José Maria Boaventura de Almada Cyrne Peixoto como conde de Almada. Foi D. Lourenço que cedeu as instalações do palácio da família ao Rossio, em Lisboa, para sede da Comissão Central 1º de Dezembro de 1640, pois esta família era descendente de D. Antão Vaz de Almada, 7º conde de Avranches, um dos vultos mais importantes da revolução do 1º de Dezembro de 1640, que acolheu no seu palácio ao Rossio os cerca de quarenta conjurados que meteram fim ao domínio filipino. 


Bloqueio a Berlim 

A 12 de maio de 1949, há exatos 64 anos, terminava o bloqueio a Berlim ocidental, por parte da URSS, nos inícios da Guerra Fria. A II Guerra veio alterar o sistema internacional, com a divisão do mundo em 2 blocos, o capitalista, liderado pelos EUA e o comunista, liderado pela URSS. As conferências de paz da II Guerra estabeleceram as diretrizes básicas para a administração da Alemanha após o conflito mundial. Os dois blocos concordaram em Postdam na histórica decisão, confirmando o plano da Conferência de Yalta, para a divisão da Alemanha em 4 zonas de ocupação, cada uma de diferente influência: norte-americana, soviética, britânica e francesa. Berlim, a capital, que ficava no sector soviético, foi igualmente dividida em quatro partes. 
O clima de Guerra Fria já se fazia sentir, tanto que a gestão conjunta do território alemão criou um novo momento de desentendimento e confrontação entre os 2 blocos. As potências ocidentais decidiram unificar as suas 3 zonas de influência e, para isso, criaram uma moeda comum, o deutsche mark. A URSS reagiu a isso de forma negativa, com medo da crescente influência dos EUA na Europa Central, os soviéticos decidiram o bloqueio terrestre total a Berlim. Este processo de provável divisão trouxe para o centro da discórdia a situação de Berlim, já que na capital, situada no centro da zona de influência soviética, continuavam estacionadas as forças militares das 3 grandes potências. Depois de alguns dias de intenso dramatismo em que se pós seriamente a hipótese de eclosão de uma nova guerra, o presidente Truman decidiu abastecer a cidade através de uma gigantesca ponte aérea. Embora não tenha evitado as privações e o racionamento, a ponte aérea permitiu a Berlim Ocidental resistir ao bloqueio, que se prolongou de junho de 1948 a 12 de maio de 1949.
Terminado o bloqueio, as 3 potências ocidentais uniram as suas zonas de influência, criando a República Federal Alemã (RFA). A URSS protestou contra aquilo que considerava ser uma violação dos acordos estabelecidos mas, perante o decorrer dos acontecimentos, acabou por desenvolver um projeto semelhante no seu território, criando um Estado paralelo, sob a sua alçada, a República Democrática Alemã (RDA). 


Marquês de Pombal 

Há exatos 314 anos, a 13 de maio de 1699, nascia Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Figura controversa da História de Portugal. Em 1755, D. José I convidou Pombal para Secretário de Estado do Reino. A 1 de novembro de 1755 quando Lisboa foi arrasada por um Terramoto, Pombal surgiu como o homem pragmático, que tratou da reconstrução de Lisboa. Pombal decidiu que era urgente, enterrar os mortos e cuidar dos vivos, uma medida vital para “resgatar” o país. Com este sucesso, Pombal recebeu do Rei plenos poderes para o governo do país. Pombal tratou de recuperar o atraso de Portugal em relação ao resto da Europa. Criou as companhias monopolistas controladas pelo Estado e a primeira região demarcada do vinho, no Douro. Deve-se a Pombal a instalação de novas indústrias no país, mas também a perseguição à alta nobreza, sendo o exemplo dos Távoras o mais conhecido. Conseguiu ainda a expulsão dos jesuítas de Portugal e depois do resto da Europa, sendo um dos portugueses mais estudados no estrangeiro. 
Até 1777, Pombal será a mais importante figura política de Portugal, contudo com a morte do Rei, perdeu os seus poderes e foi proibido de estar a menos de 20 milhas de Lisboa, pois as relações com a nova Rainha, D. Maria I, não eram as melhores. Morreu em Pombal, a 8 de maio de 1782. Durante mais de 20 anos foi o verdadeiro governante do país. 


Pimenta de Castro 

Há exatos 95 anos, a 14 de maio de 1918, morria o General Joaquim Pereira Pimenta de Castro, um militar e político português. Pimenta de Castro nasceu a 5 de novembro de 1846, em S. Tiago de Pias, no concelho de Monção, filho de Joaquim Pereira Pimenta de Castro e de Joana Pereira de Castro. Frequentou o curso preparatório para Engenharia Militar pela Universidade de Coimbra, adquirindo em 1868 o grau de Bacharel na Faculdade de Matemática, pela Escola Politécnica, obtendo nos primeiros anos as mais altas classificações. Nesses anos, estabeleceu uma forte relação de amizade com Manuel de Arriaga e Jacinto Nunes. Alistado como voluntário no regimento de infantaria nº 7, a 19 de outubro de 1867, Pimenta de Castro inscreveu-se na Escola do Exército. Concluiu o curso de Engenharia Militar da Escola do Exército em 1870. A 25 de janeiro de 1871 subia a alferes, sendo colocado à disposição da Direção Geral de Engenharia. Em 1873 era promovido a tenente para a arma de Engenharia, e depois capitão (2 de setembro de 1874). A 20 de dezembro de 1883 era promovido a major, passando a integrar o regimento de Engenharia em março de 1885 e, um ano depois, o Estado-maior de Engenharia. A 5 de abril do mesmo ano era nomeado Inspetor de Engenharia da 4ª Divisão Militar. Em fevereiro de 1887 subia a tenente-coronel. 
Pimenta de Castro foi depois feito Tenente Governador da praça de S. Julião da Barra. A 30 de junho de 1892, era promovido a Coronel passando, no ano seguinte, ao regimento de Engenharia. Nesse mesmo ano de 1893, tornava-se ajudante de campo honorário do Rei (de D. Carlos). A 13 de janeiro de 1894 passava a ser vogal efetivo do júri para os exames a que eram submetidos os capitães da arma de Engenharia que se candidatavam ao posto de major, função que voltaria a exercer em outubro de 1898. A 1 de janeiro de 1895 era agraciado com a Comenda da Real Ordem Militar de S. Bento de Avis. 
Em 1900, Pimenta de Castro era promovido a general de Brigada e, no ano seguinte, nomeado Governador do Castelo de S. João Baptista na Ilha Terceira. Promovido a general de Divisão, por decreto de 25 de setembro de 1908, era também nomeado Vogal do Conselho General do Exército, do Supremo Conselho de Defesa Nacional e Comandante da 3ª Divisão Militar (Porto e Aveiro), cargo que voltaria a exercer a 25 de outubro de 1910, depois de lhe ser concedida exoneração de vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar. 
Mais tarde, Pimenta de Castro assumiria o posto de Presidente do júri de exames para o posto de general e de major-general do Exército e de vogal da secção do Exército do Supremo Conselho de Defesa. Mais tarde assumiria o posto de Presidente do júri de exames para o posto de general e de major-general do Exército e de vogal da secção do Exército do Supremo Conselho de Defesa Nacional. Em 1911 era membro do Tribunal Disciplinar do Exército e, em 1914, era nomeado Presidente do Supremo Tribunal Militar. 
Pimenta de Castro casou com a idade de 32 anos com Emília Augusta de Freitas Fernandes, resultando dessa união o nascimento de três filhos: João, Amélia e Laura Pimenta de Castro, nascidos respetivamente a 5 de março de 1878, 30 de janeiro de 1880 e 21 de dezembro de 1883. Era ainda apaixonado pela obra do Padre António Vieira e um grande admirador da obra política do Duque de Loulé. Era também conhecido como frequentador assíduo do cinematógrafo e apreciador das partidas de voltarete, para as quais contava com a companhia de Manuel de Arriaga. Os seus interesses profissionais e pessoais passavam também pelas temáticas relacionadas com engenharia civil e finanças. Foi nomeado assim Diretor das Obras Públicas no Alentejo. 
Politicamente apartidário, Pimenta de Castro considerava-se um republicano histórico. Após a Implantação da República, participou no denominado bloco conservador que, na Constituinte, elegera o seu amigo Manuel de Arriaga como primeiro Presidente da I República Portuguesa. Ainda em 1911, foi nomeado Ministro da Guerra, no I Governo Constitucional, liderado por João Chagas, por indicação do próprio Manuel de Arriaga. Convidado a aceitar aquela pasta, pelo Presidente do Ministério, recusou a oferta, alegando não ser filiado em qualquer estrutura partidária, considerando que a sua nomeação não seria bem recebida pelos seus dirigentes. Acabou por aceitar o convite do amigo Manuel de Arriaga. 
A ação governativa de Pimenta de Castro foi contestada, sobretudo durante as incursões monárquicas de 1912, em que lutou contra os monárquicos. Acabou por ser demitido a 8 de Outubro de 1911, sendo nesta data substituído pelo tenente-coronel Alberto Carlos da Silveira. Ainda assim, pouco tempo depois, na sequência da queda do Gabinete de Augusto de Vasconcelos, em junho de 1912, viria a ser indicado por António de José de Almeida para formar novo Ministério, missão que acabaria por recair em Duarte Leite. 
Nos inícios de 1915, Pimenta de Castro foi nomeado por Manuel de Arriaga para ser presidente do Ministério, que governaria sem o parlamento, onde o Partido Democrático, liderado por Afonso Costa tinha a maioria. O seu governo teria p o apoio do Partido Republicano Evolucionista e da União Republicana, assim como de fações militares conservadoras. 
De 25 a 28 de janeiro de 1915, Pimenta de Castro acumulou todas as pastas interinamente. Assim, foi Ministro do Interior, Ministro das Finanças, Ministro da Guerra, Ministro da Marinha, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ministro do Fomento, Ministro das Colónias e Ministro da Instrução Pública. Ficou depois no poder apenas como Presidente do Ministério, de 28 de janeiro a 14 de maio de 1915. O governo caiu após o movimento militar de 14 de maio de 1915, quando o Partido Democrático causou a sua queda mas também a demissão do Presidente Manuel de Arriaga. Morreu a 14 de maio de 1918. 


São Petersburgo 

A 16 de maio de 1703, há exatos 310 anos, o czar russo Pedro, o Grande fundou a cidade de São Petersburgo, com o objetivo de descentralizar a atividade moscovita. Foi assim que esta cidade se tornou capital do país de 1712 a 1918, uma vez que, depois da revolução russa, Moscovo voltou a ser a capital. A sua localização geográfica contribuiu para que fosse reconhecida como "A Janela Para a Europa". A cidade deve o seu nome ao apóstolo Pedro, o santo padroeiro de Pedro, o Grande. No início, o povoamento da zona era escasso, pelo que o czar russo empenhou-se em atrair à força servos de outras zonas do país. Assim, todos os anos chegavam cerca de 40 000 pessoas à região. Face às más condições higiénicas e às doenças, a taxa de mortalidade nos primeiros anos era muito elevada. 
Atualmente, São Petersburgo é a 2ª cidade mais importante da Rússia, cujo centro urbano é considerado património da Humanidade pela UNESCO. 


Batalha de Asseiceira 

Há exatos 179 anos, a 16 de maio de 1834, dava-se a Batalha da Asseiceira, em Tomar. Esta batalha foi travada no contexto da Guerra Civil (1832/1834), sendo uma das últimas que opuseram os 2 lados da contenda. Os liberais venceram. 
A 16 de maio de 1834 milhares de homens a cavalo e a pé digladiaram-se numa batalha mortífera que teve como palco os campos de Asseiceira, onde hoje passa o IC3.Foi uma batalha decisiva para a vitória das tropas de D. Pedro contra as de D. Miguel. As tropas miguelistas tiveram baixas de 2 915 homens, sendo os prisioneiros mais de 1 400. Já as tropas liberais tiveram baixas de 344 homens, 34 mortos, 288 feridos e 22 desaparecidos.
Esta batalha pôs termo de facto ao reinado de D. Miguel, obrigado a recolher-se a Évora Monte, onde foi assinada a paz e de onde o ex-monarca partiu para o exílio, em Viena de Áustria. 


Botticelli 

Há exatos 503 anos, a 17 de maio de 1510, morria Botticelli em Florença. Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, dito Sandro Botticelli nasceu a Florença, a 1 de março de 1445. Foi um célebre pintor italiano renascentista. As principais características da sua pintura foram a perspetiva, a arte de figura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria. 
Botticelli foi protegido dos Médici, para os quais executou várias obras cunho mitológico, entre as quais se destaca O Nascimento de Vénus (1485), encomendada por Lorenzo di Pierfrancesco de Médici para a Villa Medicea di Castello. A pintura representa a deusa Vénus emergindo do mar como mulher adulta, conforme descrito na mitologia romana. Trabalhou também para o Vaticano, produzindo afrescos para a Capela Sistina. 


Humberto Delgado 

A 15 de Maio de 1906, há exatos 107 anos, nascia Humberto da Silva Delgado, em Torres Novas. Humberto Delgado, aos 11 anos, entrou para o Colégio Militar e depois para a Escola do Exército, onde se formou em Artilharia. Em 28 de Maio de 1926, participou no golpe militar que pôs fim à I República, e que iniciou a Ditadura Militar que desembocaria no nascimento do Estado Novo de Salazar, o regime ditatorial que por mais anos esteve no poder na Europa no século XX. Logo após o golpe de 28 de maio, Delgado optou por uma carreira na Aeronáutica. A aptidão de Delgado para a aviação, fê-lo bater o recorde de duração de voo sobre território português. 
Delgado foi, também, um dos grandes responsáveis do Acordo dos Açores de 17 de Agosto de 1943, entre Portugal e a Grã-Bretanha, sendo assim o “pai-político” da Base das Lajes. Delgado, ainda como major-aviador, além de ter redigido o Blue Report, com as indicações para a construção da pista, para os britânicos, acompanhou de perto a execução das obras do Aeródromo terceirense. Em outubro de 1943, no momento do desembarque britânico na Ilha Terceira, Delgado estava em Londres, tendo sido abordado, dias antes por Bromet, o Comandante britânico para a Terceira. Bromet queria conhecer melhor a Ilha para onde ia e Delgado soube informá-lo com dados preciosos sobre os terceirenses. Delgado estava presente na Câmara dos Comuns, quando o Primeiro-Ministro britânico comunicou ao mundo que Portugal tinha concedido facilidades nos Açores, ao abrigo da aliança inglesa de 1373, e de todos os tratados assinados em consequência desse, ao longo de quase seis séculos de história. Churchill explicou que o pedido e consequente autorização da concessão de bases nos Açores foi assente no artigo nº 1 do Tratado de 1373: que dizia que “como verdadeiros e fiéis amigos ficarão daqui em diante reciprocamente amigos dos amigos e inimigos dos inimigos, assistirão, manterão e auxiliarão um ao outro mutuamente por mar e por terra contra todos os homens vivos ou mortos”. 
Quando os norte-americanos desembarcaram na Terceira, em janeiro de 1944, com o intuito de aumentar a pista das Lajes, Salazar enviou para a Terceira, o homem que tinha preparado a concessão de facilidades, que conhecia já bem os propósitos britânicos e que com eles mantinha uma boa relação, o major-aviador Humberto Delgado. Este chegou à Terceira a 5 de fevereiro de 1944 e nos dias seguintes, encarregou-se da supervisão dos terrenos a comprar e da obra. Delgado procurou delinear um projeto que não obrigasse à demolição de muitas casas, mas sim ao uso de terrenos de pastagem. A missão liderada pelo futuro General Humberto Delgado teve, por isso, uma forte componente social e económica, pois analisou a repercussão dessas requisições na população, e isso valeu-lhe a simpatia local. Humberto Delgado esteve ainda uma vez mais nos Açores, entre 17 de julho e 9 de agosto de 1944, em plena ponte aérea norte-americana para a 2ª frente de guerra na Europa. 
Voltando à vida de Humberto Delgado, este em 1944, foi nomeado Diretor do Secretariado de Aviação Civil, tendo fundado, por isso, os Transportes Aéreos Portugueses (TAP) e a sua primeira carreira regular (Lisboa-Madrid), além da “Linha Imperial”, ou seja, a ligação aérea regular com Angola e Moçambique. Entre 1947 e 1950, Humberto Delgado foi representante de Portugal na Organização Internacional da Aviação Civil, no Canadá, e chegou a chefiar a Missão Militar à Alemanha, no quadro da NATO.
Um parecer de Delgado levou à fusão das aeronáuticas naval e militar, ou seja, à criação da Força Aérea Portuguesa. Com todo o seu conhecimento em aviação, acabou nomeado como adido militar na Embaixada de Portugal, em Washington e membro do Comité dos Representantes Militares da NATO, trabalhando por cinco anos no Pentágono. Foi, então, promovido a general com 47 anos, sendo o mais novo oficial daquela patente. Era apelidado então de General Coca-Cola
Depois destes anos, Humberto Delgado regressou a Portugal, onde foi nomeado Diretor-Geral da Aeronáutica Civil, o que representava uma despromoção na sua carreira, sobretudo pela sua aproximação ao pensamento liberal e democrático dos EUA. Com um sentimento de revolta contra a política salazarista, em 1958, candidatou-se às eleições presidenciais. Tornando-se no único candidato às presidenciais durante a ditadura que chegou às urnas. Durante o período eleitoral, conseguiu dinamizar os portugueses em seu redor. A 10 de Maio de 1958, no café Chave de Ouro, em Lisboa, quando lhe perguntaram o que faria com Salazar, respondeu: "Obviamente, demito-o!". Apenas 4 dias depois, na Praça Carlos Alberto, no Porto, recebeu uma autêntica ovação de eleitores. Salazar ficou, então, inquieto e boicotou as eleições, dando 75% dos votos ao candidato do regime Américo Tomas. Delgado passou a ser apelidado de General Sem Medo
Após as eleições, sofreu as represálias do regime. Pediu, então, asilo político na Embaixada do Brasil, que, por acaso da Historia, se situava em frente à própria PIDE, exilando-se depois neste país. Em 1962, entrou clandestinamente em Portugal e participou na revolta de Beja, que fracassou. A 13 de fevereiro de 1965, pensando que se ia reunir com opositores ao Estado Novo, Humberto Delgado dirigiu-se à fronteira espanhola, tendo sido aí barbaramente assassinado. Com ele morreu, momentaneamente, a esperança de mudança de regime. Contudo, o seu nome e a sua bravura espalharam-se pelo país, que, 9 anos depois, derrubou o Estado Novo. 
É preciso recordar Humberto Delgado, o “Homem dos Açores”, reavivar a memória sobre um homem que teve um papel importante na História recente de Portugal em geral, e dos Açores em particular. Não devemos esquecer que em 1958, o General Sem Medo, fez tremer o Estado Novo ao conseguir, na campanha das eleições presidenciais, mobilizar o povo e encher praças e vilas com apoiantes. 

NOTA: Pelo papel que Humberto Delgado teve no nascimento da Base das Lajes, achamos justo que a Aerogare Civil das Lajes, na Terceira, receba o seu nome. E para não haver erros, volto a dizer, queremos dar o nome de Humberto Delgado à aerogare e não ao aeroporto, que deve continuar com o seu nome internacionalmente reconhecido, Lajes. É a forma mais justa de homenagear o homem que mais contribuiu para o nascimento do Aeródromo das Lajes. Se concordarem, assinem a petição: 


Porque recordar é viver, para a semana continuaremos a aprender! 
Francisco Miguel Nogueira 


MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento! 

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