domingo, 14 de abril de 2013

Crónicas 10 minutos - Fragmentos escritos

(imagem retirada da internet)



Feminismo – Uma questão atual 

O que é uma mulher? Eu lhes asseguro, eu não sei. Não acredito que vocês saibam. Não acredito que alguém possa saber até que ela tenha se expressado em todas as artes e profissões abertas à habilidade humana.
Virginia Woolf 

O dicionário define feminismo como sendo um sistema dos que preconizam a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem. É uma definição sucinta e que vai diretamente ao ponto fulcral da questão. Sendo assim, um feminista é um individuo que luta pela igualdade de direitos entre homem e mulher, enquadrado num sistema social onde existem distinções de género. Tendo em consideração esta definição, os homens também podem ser feministas. Não é necessariamente uma luta entre géneros, em que um tem de se sobrepor ao outro. Qualquer individuo que lute pelos direitos humanos consagrados na lei e promova a igualdade de género é um feminista. Seja homem ou mulher. 

O sexo é biológico mas a identidade de género é uma construção social que começa desde o nosso nascimento e varia de acordo com a sociedade e cultura em que estamos inseridos. Existem sociedades que preconizam a existência de três ou mais géneros, como é o caso da India. Assim, os atributos atribuídos a um determinado género, apesar de muitas vezes universalmente aceites, são também ao mesmo tempo altamente subjetivos. 

Note-se que o feminismo, no caso das mulheres, não implica perca de feminilidade. Aliás, deixarmos de ser nós mesmos para atingir um ideal que é masculino é apenas um esforço vã de conformidade. O mesmo se aplica à masculinidade. Um homem não deixa de ser homem por concordar ou defender que as mulheres são suas iguais. 

A nossa identidade individual depende muito da nossa identidade de género que é construída com base em pressões sociais. As mulheres são recatadas, sentimentais, procriadoras. Os homens são fortes, racionais, poderosos. Estas assunções são nada mais, nada menos do que construções sociais perpetuadas através de gerações e da pressão social para o conformismo e categorização. Estamos sempre mais tranquilos quando está tudo categorizado e adequadamente definido e caracterizado. A feminilidade é uma derivação da definição cultural de masculinidade. E, repito, são ambos construções sociais. 

No entanto, a noção de que as mulheres são diferentes dos homens, apesar de ser uma realidade biológica, não implica a necessidade de uma distinção radical nos seus papéis. Aceitar essas diferenças num sentimento de equidade social, económica e de oportunidades é um imperativo moral e racional atual. E a defesa dessas oportunidades é um dever de todos os seres humanos que acreditam numa sociedade mais justa. 

Apesar do desenvolvimento no contexto legal e alterações culturais, continuam a existir injustiças em Portugal, uma sociedade tradicionalmente patriarcal. Isto reflete-se nas pequenas coisas: “As mulheres não sabem conduzir”, “As mulheres não são capazes de fazer o mesmo que os homens”, “As mulheres são mais fracas, mais bondosas; os homens são mais duros, mais capazes”. Mais capazes. É aqui que me defino como feminista, visto que não acredito que haja algo que os homens sejam capazes de fazer, que uma mulher determinada também não consiga. Recuso que esta categorização me defina enquanto mulher. 

Vivemos num país, onde ainda existem sítios onde socialmente é tabu entrar mulheres, principalmente nos espaços rurais mas também nas grandes cidades. A maior parte dos quadros superiores das empresas são homens, mesmo quando existem mulheres com maior capacidade para exercer a mesma função. Existem ainda sítios onde as mulheres ganham menos do que o homem que ocupa a mesma posição que elas. As mulheres são descriminadas por terem filhos e por não terem, como se a maternidade as definisse e ao mesmo tempo fosse um incómodo para as empresas. 

Em vez de homem vs. mulher, sugiro que nos concentremos em seres humanos. Seres com defeitos e virtudes, diferenças e semelhanças e acima de tudo capazes de ultrapassar limites. Cabe-nos alterar este círculo através da educação, principalmente das novas gerações. Cuidar das nossas meninas e meninos numa perspetiva humanista e não de género. Poderá ser uma ideia radical, mas é sem dúvida uma ideia que poderia solucionar muitos problemas e acima de tudo criar uma sociedade mais justa e igualitária. Sejamos, portanto, todos feministas.

Seja você mesmo, seja livre! 
Crónica de Márcia Leal 


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