sexta-feira, 5 de abril de 2013

Recordar é viver!

(imagens retiradas da internet)




Viver o passado: 

Efemérides Semana de 30 de março a 5 de abril 


1ª travessia aérea do Atlântico Sul 

A 30 de março de 1922, há 91 anos, Gago Coutinho e Sacadura Cabral realizaram o seu maior feito, a 1ª travessia aérea do Atlântico Sul. Gago Coutinho conheceu o seu futuro companheiro Sacadura Cabral, aquando de uma travessia de África a pé. Este acabou por incentivar Gago Coutinho a dedicar-se à navegação aérea. Ambos desenvolveram o sextante de bolha artificial (comercializado com o nome Sistema Gago Coutinho pela empresa alemã Plath) e um "corrector de rumos" (o plaqué de abatimento) para compensar o desvio causado pelo vento. Acabaram por testar estes instrumentos numa viagem aérea que fizeram entre a capital portuguesa e a Ilha da Madeira, em 1921. 
Em 1922, quando começaram a sua aventura no Atlântico Sul, Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador. Os aventureiros partiram de Lisboa, com destino ao Brasil, para as comemorações do I centenário da independência daquele país. Partindo num hidroavião monomotor de nome Lusitânia, os aventureiros portugueses fizeram a sua viagem por etapas. Na 1ª etapa pararam nas Canárias, de seguida navegaram até Cabo Verde, precisamente até à ilha de São Vicente, fazendo 850 milhas. 
Depois de uns dias em Cabo Verde, partiram até ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, no Brasil, onde a 18 de Abril amararam o Lusitânia. Contudo, o hidroavião perdeu entretanto um dos flutuadores. Os aventureiros acabaram por ser recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Tinham voado 1 700km, apenas com recurso ao Sistema Gago Coutinho. Com as atenções nacionais e brasileiras viradas para a viagem dos aeronautas, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, baptizado como Pátria, para que terminassem a viagem. A 11 de maio decolaram de Fernando de Noronha, mas entretanto, tiveram um problema com o motor e amaram o Lusitânia de emergência. Após 9h como náufragos, foram resgatados pelo cargueiro britânico Paris City, que os reconduziu a Fernando de Noronha.
No dia 5 de Junho, com um novo Fairey baptizado agora como Santa Cruz, levantaram voo rumo ao Recife, com o objectivo de terminar a viagem. Fez escalas em Salvador, Porto Seguro e Vitória . A 15 de Junho terminavam a sua travessia, pousando em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, a capital federal à época. A viagem tinha demorado 79 dias. Tinha feito 62 horas e 26 minutos de voo e um total de 8 383km. 


Fundação da RAF 

Há exatos 95 anos, a 1 de abril de 1918, foi fundada a Royal Air Force (RAF), com soldados do Corpo Aéreo Real Britânico e do Serviço Naval. No verão de 1914, com o início da I Guerra (1914-1918), a Alemanha de Guilherme II tomou a vantagem na estratégia aérea. Assim, a Inglaterra sofreu uma longa série de bombardeamentos, com a subsequente frustração do serviço aéreo pela sua inferioridade perante experimentados pilotos alemães como Manfred von Richthofen, chamado O Barão Vermelho. A Marinha britânica era a mais desenvolvida mas não conseguia fazer frente à Força Aérea alemã. O Corpo Aéreo Real Britânico começou a apostar no seu desenvolvimento e, em abril de 1918, surgia a RAF. Nos últimos meses da Grande Guerra, a RAF demonstrou a sua maior superioridade na frente ocidental. 
Apenas duas décadas depois, com a II Guerra (1939-1935), a coragem e a efetividade da RAF passariam a ser lendários na Batalha de Inglaterra, pois os britânicos destruíram os planos de Hitler de invadir a Grã-Bretanha, apesar da Luftwaffe superar em número a RAF. 


Batalha de Copenhaga 

A 2 de abril de 1801, há 212 anos, dava-se a Batalha de Copenhaga.
Durante o período das Guerras Napoleónicas, o britânico Almirante Sir Hyde Parker liderou uma frota inglesa contra uma dinamarquesa ancorada junto a Copenhaga. Da frota britânica faziam parte 38 navios e da dinamarquesa 36 navios, comandados por Olfert Fischer Steen Bille. O Vice-Almirante Horatio Nelson, 1º Visconde Nelson, desobedecendo às ordens do Almirante Parker de se retirar, liderou o ataque sobre os dinamarqueses e acabou por destruir muitos dos navios inimigos. Assim Nelson conseguiu uma vitória estratégica para os britânicos no Mar Báltico. 


Aristides de Sousa Mendes 

Há exatos 59 anos, a 3 de abril de 1954, morria Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul injustiçado, um dos maiores exemplos de respeito pela integridade humana da História recente do Mundo. Aristides de Sousa Mendes nasceu em Carregal do Sal nas Cabanas de Viriato, a 19 de julho de 1885. Sousa Mendes tornou-se diplomata e teve passagem por embaixadas importantes, até ser convidado por Salazar a dirigir o consulado português, em Bordéus. 
Corria o ano de 1940, a Alemanha nazi avançava sobre a Europa Ocidental, milhares de pessoas fugiam do III Reich e dos campos de concentração de Hitler. Quando rebentara o II conflito mundial, Sousa Mendes recebeu do Presidente do Conselho de Ministros, assim como todas as embaixadas portuguesas, a Circular 14, na qual Salazar ordenava que os consulados recusassem passar vistos a “estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; os judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos”. 
Mesmo com ordens superiores, Sousa Mendes começou a passar vistos e recebeu advertência de Salazar. Segundo se diz, terá exclamado: "Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus". Sousa Mendes iniciou então um caminho sem volta e entre 20 e 23 de Junho de 1940, com a ajuda da família e de alguns colaboradores, passou mais de 30 mil vistos, sendo 10 mil para judeus. Com o armistício francês a 22 de junho de 1940 e a pressão do Governo português, Aristides saiu de França, mas no percurso para Espanha, continuou a passar vistos a todos aqueles que pediram ajuda. 
Na chegada a Lisboa, Aristides foi privado, por um ano, de exercer as funções de diplomata, sendo o seu salário reduzido a metade e, ao fim daquele ano, foi enviado para a reforma, com ¼ do salário, ou seja, Aristides começou a passar necessidades, pois era chefe de uma família numerosa. A comunidade judaica de Lisboa foi o seu apoio e alento durante estes anos, tendo os filhos dele, partido para o estrangeiro e feito carreira por lá, sendo que dois deles participaram no Desembarque da Normandia. Nos anos seguintes, Aristides de Sousa Mendes tentou recuperar os seus direitos, mas Salazar jamais podia aceitar que um funcionário seu fosse contra as suas ordens e não sofresse, com isso, um exemplar castigo. O Cônsul injustiçado morreu na mais absoluta miséria. 
Em 1967, Aristides passou a ser o único português a fazer parte dos Righteous Among the Nations (Justo entre as Nações), no Yad Vashem Memorial, em Israel, além de ter uma floresta com seu nome no estado israelita com 10 mil árvores, o número de judeus que salvou. Em Portugal, só em 1988, teve seu nome reabilitado. A Associação dos Diplomatas Portugueses criou o Prémio Aristides de Sousa Mendes para a investigação anual de política internacional mais relevante para as relações externas portuguesas, em sua homenagem. 
Na ação política de Aristides de Sousa Mendes prevaleceu a imagem de um homem que pôs de lado a sua individualidade e dispôs-se a trabalhar em prole do salvamento de milhares de pessoas em risco. Também foi contra as ordens do seu superior, desrespeitando as instruções de Oliveira Salazar, e que acabou por sofrer as duras consequências do seu ato. 


D. Maria II 

Há exatos 194 anos, a 4 de abril de 1819, nascia a Rainha de Portugal D. Maria II, a Educadora, nasceu no Rio de Janeiro. Era a 2ª rainha governante em Portugal, viveu e reinou numa época muito complicada, cheia de convulsões e revoluções. Era a época da afirmação do Liberalismo em Portugal. Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança (só são 15 nomes…), filha de D. Pedro IV (I do Brasil), tinha 7 anos quando o seu pai abdicou do trono português no seu nome, em 1826. D. Pedro preparou o casamento da filha com o seu irmão, D. Miguel, que estava no exílio. Este desembarcou, em Lisboa, a 22 de fevereiro de 1828, ratificando o juramento à Carta Constitucional, mas não tardando a mudar de resolução. A 23 de junho, D. Miguel proclamou-se Rei absoluto de Portugal, renegando o Liberalismo. D. Maria deixava de ser a rainha de Portugal. 
D. Maria II deixou o Brasil, com o objetivo de completar a educação em Viena, acompanhada pelo Marquês de Barbacena, Felisberto Caldeira Brant. Nos inícios de setembro de 1828, ao chegarem a Gibraltar, D. Maria e o Marquês ficaram a saber do golpe de D. Miguel, partindo de seguida para Londres. Neste entretanto, a resistência liberal começou a organizar-se, sobretudo na Ilha Terceira, para onde foram os apoiantes de D. Maria II. A rainha regressou ao Brasil e depois da abdicação do trono brasileiro pelo pai, tornaram ambos a Portugal. Começava a Guerra Civil. 
Em 1834, D. Miguel saiu derrotado e D. Maria II era coroada rainha de Portugal. O liberalismo estava implantado no nosso país, assim começou-se a consolidar as instituições do novo regime. Contudo, os primeiros tempos não foram fáceis, havia muitas discórdias, situação que ia marcar o reinado da rainha. 
No início do reinado, houve mudanças sucessivas no Ministério. A instabilidade estava instituída e não se conseguia acalmar os ânimos. Passos Manuel assumiu o poder, em 1836, abolindo a Carta Constitucional de 1826, na chamada Revolução Setembrista. Elaborou-se um vasto programa de reformas em vários domínios, mas a instabilidade política manteve-se, sobretudo com o apoio da Rainha a uma contrarrevolução. O Governo Setembrista chegou a promulgar a Constituição de 1838, um compromisso entre a Constituição de 1822 e a Carta, mantendo-se no poder até 1842, quando Costa Cabral restaurou a Carta e iniciou uma fase de violência e de repressão fortes, que originou a Revolução da Maria da Fonte, iniciada no Minho. Em pouco tempo, o país entrava em sublevação permanente com uma nova Guerra Civil, a Patuleia, em 1846/1847, que só terminou com a intervenção estrangeira em Portugal. Em 1851, Saldanha conseguiu terminar esta primeira fase do Liberalismo, fazendo uma revolução para terminar com as revoluções. 
D. Maria, que havia casado com o tio por procuração, casou-se em 1834, príncipe D. Augusto de Beauharnais, irmão de sua madrasta, morrendo pouco depois. D. Maria II casou-se então com o Príncipe D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, de quem teve 11 filhos, morrendo ao dar à luz ao último, a 15 de novembro de 1853, tinha somente 34 anos de idade. Apesar de curto, o reinado de D. Maria II foi dos mais instáveis da História de Portugal. 


NATO 

A NATO nasceu há exatos 64 anos, a 4 de abril de 1949. As principais razões para a formação da Aliança Atlântica foram a luta anticomunista, o medo da subversão comunista interna e o expansionismo soviético. 
A NATO era uma aliança defensiva e uma organização intergovernamental e não supranacional, na qual os seus Estados membros mantêm a sua completa soberania e independência, apesar dos EUA a utilizarem como controlo sobre todo o Mundo não-comunista, tanto militar como economicamente (com a plano Marshall).
Portugal foi um dos países fundadores, sobretudo devido à importância das Lajes para a Containment Policy (política de contenção) da URSS, para a política americana de manter o comunismo na sua esfera de influência. 


Martin Luther King 

Passam exatos 45 anos que, a 4 de abril de 1968, Martin Luther King foi assassinado em Memphis. Luther King foi um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros, com uma campanha de não-violência e de amor ao próximo e aos 35 anos foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz. O seu discurso I Have a Dream de 1963 tornou-se um grito de liberdade e de direitos do Homem. Luther King afirmava que a união e a coexistência harmoniosa entre negros e brancos deviam ser o futuro, que todos eram livres e que a liberdade e a igualdade deviam ser o caminho a ser percorrer. Acabou assassinado, momentos antes de uma marcha, por James Earl Ray. Contudo, o seu “sonho” ganhou força e conseguiu a igualdade de todas as raças nos EUA e abriu caminho na luta pela liberdade no resto do Mundo. 


Salgueiro Maia 

Há exatos 21 anos, a 4 de abril de 1992, morria prematuramente Salgueiro Maia, um dos Capitães de abril
Fernando José Salgueiro Maia nasceu a 1 de julho de 1944, em Castelo de Vide. Salgueiro Maia ingressou na Academia Militar, em Lisboa, em outubro de 1964. Fez o tirocínio na Escola Prática de Cavalaria (EPC) de Santarém, tornando-se aí comandante de instrução. Integrou depois a 9ª companhia de comandos que partiu para Angola, em plena Guerra Colonial, em 1968. Em março de 1971, foi promovido então a capitão. Salgueiro Maia, depois de ter regressado a Portugal, para Santarém, participou desde o início nas reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas (MFA), integrando, como delegado de cavalaria, a Comissão Coordenadora do Movimento. Estava a ser preparado o fim do Estado Novo. 
No dia 25 de abril de 1974, pelas 3h, as tropas do MFA, numa ação conjunta, ocuparam vários pontos estratégicos de Lisboa, como o Aeroporto e as estações emissoras (Rádio Clube Português, Emissora Nacional e RTP), entre outros. Os Quartéis-generais eram cercados e o MFA passou a emitir vários comunicados  Nas horas seguintes, os Ministros do Estado Novo reuniram-se, era preciso travar a situação. O MFA pôs várias autometralhadoras e blindados na Praça do Comércio e na Rua do Ouro. O Capitão Salgueiro Maia, personagem de relevo em todo este processo, ocupou então o Terreiro do Paço com a coluna da EPC de Santarém, que comandava. Pelas 6h30, o Presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, refugiou-se no Quartel do Carmo, sede da PIDE/DGS, enquanto isto, o cerco a Lisboa ganhava forma. O Quartel do Carmo passou a albergar os vários membros do Governo, protegidos pela GNR, que fechou as portas do quartel, manifestavam a intenção de resistir. Contudo, as tropas do MFA lideradas por Salgueiro Maia, movimentaram-se e vários populares foram atingidos pelas forças do regime. 
O Estado Novo percebeu que o seu fim estava iminente e que o melhor era tratar das negociações. A Comissão Democrática Eleitoral distribuiu, então, um comunicado, solidarizando-se com o MFA e os populares cercaram o Largo do Carmo. Marcello Caetano e o Quartel do Carmo renderam-se. Salgueiro Maia revelava que iria proceder-se à “transmissão de poderes” de Caetano para o General Spínola, o que aconteceu nos minutos seguintes.
O capitão Salgueiro Maia escoltou o Marcello Caetano até ao avião que o transportaria para o exílio, no Brasil. Participou ainda no 25 de novembro de 1975 (golpe militar que pôs fim à influência da esquerda radical iniciada em Portugal com a Revolução), saindo da EPC de Santarém aos comandos duma coluna às ordens do Presidente da República Costa Gomes. Foi depois transferido para os Açores, voltando a Santarém em 1979, para comandar o presídio militar de Santa Margarida. Em 1981, foi promovido a major e em 1984, regressou à EPC de Santarém. 
Salgueiro Maia nunca foi interessado em honrarias, nem nunca procurou protagonismo pela sua ação, dispensando e rejeitando os altos cargos que lhe ofereceram. Mesmo assim, em 1983, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Foi sepultado no cemitério de Castelo de Vide, na presença de três ex-Presidentes da República, António de Spínola, Costa Gomes e Ramalho Eanes, e do Presidente da República à época, Mário Soares. 
Em 1992, Salgueiro Maia recebeu a título póstumo, o grau de Grande Oficial da Ordem da Torre e Espada e, em 2007, a Medalha de Ouro de Santarém. Em Castelo de Vide, terra natal do capitão, a escultora Clara Menéres mostrou a firmeza de Salgueiro Maia através de uma peça escultórica em mármore branco acrescentada às muralhas do castelo, em 1994. Um busto da autoria do escultor Jorge Coelho evocou, em Lagos, desde 2004, o militar em farda de gala. A estátua de Salgueiro Maia mais conhecida é a que integra o “monumento” ao Capitão de abril, em Santarém, do escultor Álvaro França, inaugurada a 24 de abril de 1999 no Largo Cândido dos Reis, transferida, em 2004, para o Largo Infante Santo, em frente à Escola Prática de Cavalaria, mas acabou por ser esquecida e guardada. A estátua só foi reinaugurada a 25 de abril de 2006 e num novo local, à saída da cidade em direção ao Cartaxo, relembrando a forma como Lisboa recebeu Salgueiro Maia. 


Porque recordar é viver, para a semana continuaremos a aprender! 
Francisco Miguel Nogueira


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