quarta-feira, 29 de maio de 2013

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

(imagem retirada da internet)



D. Afonso IV – o Bravo

Há exatos 656 anos, a 28 de maio de 1357, morria D. Afonso IV, o Bravo. Foi o 7º Rei de Portugal e governou durante 32 anos. D. Afonso IV foi um grande comandante militar, a sua coragem foi reconhecida pelos vários Reinos vizinhos.

D. Afonso IV nasceu a 8 de fevereiro de 1291, era filho do Rei D. Dinis e da Rainha Santa Isabel. A relação do ainda Infante D. Afonso com o seu pai nunca foi fácil, sobretudo pela boa relação que D. Dinis mantinha com os seus filhos bastardos, sobretudo, Pedro Afonso, o mais velho, Afonso Sanches e João Afonso. Os conflitos entre D. Afonso e o pai e os irmãos bastardos tiveram o seu auge quando o Infante se tornou autónomo depois de constituída a sua própria casa, entre os seus 26 e 34 anos. Pedro Afonso foi feito o 3º conde de Barcelos (o 1º título nobiliárquico então existente no Reino), desempenhando o cargo de alferes-mor de seu pai. Era assim um dos nobres mais ricos e influentes. Pedro Afonso foi também nomeado mordomo de D. Beatriz, mulher de D. Afonso. D. Dinis tinha uma especial predileção pelo seu filho bastardo Afonso Sanches, nomeando-o seu mordomo-mor, cargo muito importante na política régia, que este desempenhou durante 11 anos. Afonso Sanches herdou ainda a parte mais valiosa da fortuna do 1º conde de Barcelos, João Afonso Telo, por ter casado com a filha deste, Teresa Martins Telo. O outro filho bastardo, João Afonso, foi mordomo-mor no final do Reinado do pai, sucedendo no cargo a Afonso Sanches, que acompanhava de muito perto. Foi também alferes-mor, um cargo militar de grande prestígio. 

D. Dinis tinha assim uma relação próxima com os seus bastardos e isso gerou então um conflito com o seu herdeiro. A causa apontada para o conflito foi a alegada decisão do Rei “que queria que Reinasse Afonso Sanches seu filho de barregã”. No entanto, tal afirmação contrasta com as afirmações várias vezes repetidas de que teriam sido semeadas intrigas entre o Rei e o Infante, especialmente da parte de Gomes Lourenço de Beja. De qualquer forma, D. Afonso foi influenciado e acabou por se incompatibilizar com o pai, dando origem a um conflito. O próprio Papa João XXII foi chamado por D. Dinis a pronunciar-se sobre a situação portuguesa e afirmou que jamais o monarca lhe pedira a ele ou a seus antecessores, para que o bastardo viesse a suceder no trono português, contudo nem a intervenção do Papa sossegou o Infante, que marchou a Lisboa. O conflito atingiu então o seu auge e, em 1320, o Infante chegou a levar a mulher e os filhos para Castela. O conflito só terminou em maio de 1322 com a intervenção da Rainha Santa Isabel e de Pedro Afonso. Durante os conflitos, a ligação de Pedro Afonso à mulher do infante e à velha nobreza senhorial levaram-no a tomar o partido de D. Afonso, vindo depois a exilar-se em Castela. Contudo, em 1322 regressou a Portugal e desempenhou um papel ativo na reconciliação entre o pai e o herdeiro ao trono, acabando por se colocar ao lado do monarca até à morte deste. D. Dinis aceitou afastar Afonso Sanches e assim sossegou o herdeiro.

Um novo conflito entre o Rei e o seu sucessor voltaria a surgir entre 1323 e 1324 e mais uma vez a Rainha pôs fim ao conflito, no célebre episódio em que a esposa de D. Dinis, no cimo de uma mula que ninguém conduzia pelas rédeas, se interpôs no meio dos dois exércitos e saiu intocada. A paz foi temporária, pois um grupo de cavaleiros e de escudeiros alinhados com o Rei ou com o Infante pediram o fim dos conflitos. A paz foi acordada a 25 de fevereiro de 1324. O Rei aceitou a saída de Afonso Sanches de Portugal, indo viver em Albuquerque como vassalo do Rei de Castela. Já D. Afonso teve de demonstrar a lealdade para com o Rei, seu pai. D. Dinis morreu logo depois. D. Afonso IV tornou-se Rei de Portugal a 7 de janeiro de 1325.

D. Afonso IV foi aclamado nas Cortes de Évora, contudo não perdoou a Afonso Sanches a aproximação ao pai. Iniciaram nova guerra, que terminou em 1326, com nova intervenção da Rainha Santa Isabel. Em 1328, o jovem Rei de Leão e Castela, Afonso XI, casava com a infanta D. Maria, filha de D. Afonso IV. O casamento não foi feliz, pois a nova rainha de Castela era frequentemente maltratada pelo marido, o que irritava o monarca português. Afonso XI, apaixonado por Leonor de Gusmão, exibiu publicamente o adultério. Assim, D. Afonso IV, em retaliação, atacou algumas terras castelhanas. A Rainha Santa Isabel, que se encontrava recolhida no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, tentou travar a guerra entre o seu filho e o Rei D. Afonso XI de Castela, que também era seu neto por via materna. A Rainha Santa não conseguiu evitar o agravar da Guerra, morrendo em 1336. A paz foi assinada em 1339, em Sevilha, com a intervenção da Fermosíssima Maria, conforme a trata Luís de Camões em Os Lusíadas, que tentou aproximar o pai do marido, pois havia uma ameaça moura no sul do território espanhol. Esta batalha foi travada contra as tropas muçulmanas que ocupavam ainda o Sul de Espanha, nas margens do rio Salado. Os cristãos venceram. 

Em 1343, Portugal sofreu uma enorme carestia de cereais, sobretudo do trigo. O Reino passou por muita fome. Em 1348, Portugal foi atingido pela famosa Peste Negra, que terá matado entre um terço a metade da população portuguesa. A nível administrativo e económico, apostou no desenvolvimento da marinha portuguesa, subsidiando a construção de uma marinha mercante. D. Afonso IV financiou ainda as primeiras viagens de exploração atlântica. Assim, no verão de 1336, realizou-se a 1ª expedição portuguesa às ilhas Canárias (também denominadas, ao tempo, ilhas Afortunadas). Houve ainda mais duas expedições em 1340 e 134. Neste último ano as expedições foram comandadas pelo florentino Angiolino Corbizzi e pelo genovês Niccoloso de Reccho, entre julho e novembro, às ordens de D. Afonso IV. Em 1344, o Infante castelhano Luis de La Cerda conseguiu do papa o título de Senhor das Canárias. D. Afonso IV protestou e o arquipélago tornou-se um ponto de discórdia entre os dois Reinos e só muito mais tarde é que o assunto se resolveu, a favor então da já Espanha.

Um dos momentos mais conhecidos do seu governo foi o assassinato de D. Inês de Castro, uma das histórias mais exploradas pela literatura. D. Inês de Castro era descendente de uma família castelhana que tinha pretensões ao trono de Castela e interesses na relação de D. Inês com o herdeiro ao trono português, D. Pedro, assim D. Inês era vista como um perigo. Os conselheiros de D. Afonso IV convenceram-no da necessidade da morte da castelhana. D. Inês foi assassinada numa manhã fria, a 7 de janeiro de 1355. O filho D. Pedro iniciou uma guerra com o próprio pai. Tal como no tempo do seu pai, D. Afonso IV também era desafiado pelo seu filho herdeiro. 

D. Afonso IV morreu aos 66 anos de idade, a 28 de maio de 1357, e jaz na Sé de Lisboa. A História deu-lhe o cognome de o Bravo, por ter revelado grande valentia militar nas batalhas que travou. 

Atualmente são precisos homens com bravura, sem medo de enfrentarem os problemas e os obstáculos, ultrapassando-os, dando o seu melhor. Os portugueses têm de ter força e garra para se levantarem e pararem de reclamar, precisamos de homens e mulheres de ação e não de medrosos que se escondem das verdades e da realidade. Temos que resolver Portugal com determinação e resolver o presente e o futuro com ação e coragem. É tempo de agirmos!

É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 


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1 comentário:

  1. O que lhe valeu foi ter uma mãe como a rainha S. Isabel.

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