quarta-feira, 3 de abril de 2013

Crónicas 10 minutos - Viver o passado para construir o futuro!

Imagem retirada AQUI




Manuel José do Conde – 
visconde do Rosário 


Há 196 anos, a 5 de abril de 1817, nascia Manuel José do Conde, o 1º e único visconde do Rosário, um emigrante açoriano que fez fortuna no Brasil. Manuel José do Conde nasceu no lugar da Vitória, na freguesia de Guadalupe, na ilha açoriana da Graciosa, filho de lavradores muito pobres. O pai chamava-se Teodósio José do Conde e a mãe Maria de Melo Pacheco e tinha 5 irmãos. Manuel José do Conde, procurando melhores condições de vida, emigrou clandestinamente em 1835 para o Brasil, tinha 18 anos. 

Chegado ao Brasil, Manuel José do Conde empregou-se numa padaria em Salvador, residindo nas Portas da Ribeira, na cidade da Baía. Em 1838 conseguiu a legalização da sua documentação no Brasil, fixando-se na povoação ribeirinha de São Félix, voltando a trabalhar como padeiro para um dos mais influentes comerciantes locais. 

Em 1839, Manuel José do Conde mudou-se para o município da Cachoeira, junto rio Paraguaçu, onde montou, com o apoio do antigo patrão, uma padaria. Conheceu então Eufrosina Ermelinda do Nascimento, filha bastarda do ex-patrão, que o ajudou no lançamento do negócio, com a qual passou a viver maritalmente. Manuel José dedicou-se ao comércio da farinha (atividade que manteria durante toda a sua vida), alargando a sua atividade comercial para a importação e a exportação de couros (pele de animais). Nos anos seguintes a fortuna cresceu. 

No ano de 1851, Manuel José do Conde visitou Portugal, passando por vários outros países europeus, onde terá feito prospeção comercial. Quando regressou ao Brasil, comprou uma ilha no rio Paraguaçu, em frente ao município da Cachoeira, hoje denominada ilha da Mata-Onça, construindo aí armazéns para o alargamento do negócio. Em 1853, Manuel José mudou-se para Salvador, onde possuía investimentos mais significativos, fazendo dela o centro dos seus negócios. Entre 1848 e 1857 Manuel José e a esposa tiveram 5 filhos, casando-se neste último ano. 

Manuel José do Conde adquiriu o seu próprio brigue (tipo de embarcação à vela, com dois, por vezes três mastros), o Conde, que comerciava com Portugal e com os EUA. Com o Conde, Manuel José transportava açúcar e couros para Lisboa, trazendo trigo e farinha para Salvador. Pouco tempo depois, Manuel José tornou-se acionista dalguns bancos e seguradoras, entrando então nos circuitos do grande capital. 

Manuel José do Conde fixou-se junto à igreja do Rosário, começando a adquirir progressivamente vários prédios na vizinhança e alguns armazéns, que usou para o crescimento da sua atividade comercial. A 8 de janeiro de 1864 foi admitido como irmão da Santa Casa da Misericórdia de Salvador e 2 anos depois era elevado a comendador da Ordem da Rosa. No ano de 1874 esteve em Ponta Delgada, nos Açores, tendo aí encontrado alguns dos seus familiares graciosenses, sendo responsável pela ida dos seus sobrinhos para o Brasil. Um dos seus sobrinhos tornou-se seu genro. 

Manuel José do Conde abriu um escritório comercial, a Conde & C.ª, que em 1875 passou a designar-se por Conde, Filho e C.ª, tendo como sócios o filho, Manuel José Conde Júnior, e o genro, Manuel dos Santos Neves. Assim pode ter mais tempo para que nos anos de 1875 e 1876, passasse longos períodos na capital portuguesa, onde mantinha relações comerciais com vários empresários. Conheceu então vários políticos portugueses, fazendo uma grande doação ao Asilo D. Maria Pia, para adaptação do antigo Convento de Xabregas. 

Nos anos seguintes, apoiou os mais necessitados, inaugurando uma escola no seu lugar de nascimento, na Graciosa. Com o número crescente de alunos, Manuel José mandou construir uma nova escola, num terreno adquirido por ele, em 1878 (o edifício mantém-se quase inalterado, passando depois a Escola Visconde do Rosário, ostentando sobre a porta o brasão de Manuel José do Conde). Em nome das suas ações de benemerência, o Rei D. Luís distinguiu-o por decreto de 16 de dezembro de 1875 com o título de visconde do Rosário, com brasão de armas próprias, por alvará de 15 de março de 1878, cuja divisa acentuava a sua ação: Omnibus caritas. Foi ainda feito fidalgo cavaleiro da Casa Real e comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. 

Manuel José do Conde passou a frequentar a alta sociedade lisboeta, mudando-se para a capital portuguesa, em 1881, quando adquiriu o palácio que fora dos condes de Aveiras, no qual passou a viver com a mulher e uma filha. A outra filha (Maria Clementina Conde, casada com o sócio da empresa do pai) acompanhou-os para Lisboa, mas fixando noutra residência. O marido morreu logo de seguida, passando a viver com os pais. Em 1882, casou-se com António Teixeira de Morais, de Redondelo, em Chaves, que também fizera fortuna em Salvador. Era a fase de reforma do novo visconde do Rosário. 

A 28 de janeiro de 1889, Manuel José perdeu a sua esposa. A importância do visconde do Rosário era tão forte que o funeral foi bastante concorrido pela alta sociedade portuguesa. A partir desta data, a vida de Manuel José passou a ser dominada pela filha Maria Clementina, que enviuvou novamente em 1887. A 15 de julho de 1889, Maria Clementina casou com José Osório Saraiva, delegado do procurador régio em Monsaraz. 

O visconde, estando doente, partiu de Lisboa a 11 de maio de 1897, procurando melhorar a sua saúde. Passou por França, seguindo depois Londres, onde faleceu a 6 de junho de 1897. Foi trasladado para Lisboa, onde o corpo chegou a 14 de Junho, a bordo de um vapor vindo de Southampton. O enterro foi grandioso, tendo direito a notícia de primeira página na imprensa portuguesa. 

Ao conhecermos a história de Manuel José do Conde, percebemos a necessidade “Crescente” de não desistirmos de lutar por uma vida melhor e mais igualitária. É difícil acreditarmos numa vida melhor, quando vemos tudo ao nosso redor a cair, mas é esta destruição que nos deve dar força para levantarmo-nos e irmos em frente, sem receios e com determinação. Devemos ter garra para sermos empreendedores e, no meio dos escombros, encontrarmos novas soluções de saídas. 

É preciso viver o passado para construir o futuro! 
Francisco Miguel Nogueira 

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3 comentários:

  1. Não perco as suas crónicas! Gosto muito!

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  2. É sempre com muito agrado que encontro histórias de vida de açorianos. Obrigado.

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  3. Obrigado Francisco, por nos lembrares de homens bons da nossa história. Que sirvam de inspiração para nós. Abraço

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