domingo, 4 de março de 2012

Crónica 10 minutos - "Amante da sociedade"

Imagem retirada AQUI


O Prisma da Verdade 

(2ª parte) 

O que leva um homem ou mulher ao ato da violação? 

Será que aquilo que vestimos poderá de algum modo suster a mensagem de que estamos predispostos para tal? 

Quem pode ser um transgressor?

Hoje está um dia maravilhoso no arquipélago da Madeira, parece um autêntico dia de Primavera, quase que a Zenilda pensa em rasgar os jeans afim de transformá-los nuns calções e acompanhar a Leda na pesca. No entanto, há muitos apontamentos para organizar sobre o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e ordenamento do Território. A Zenilda só tem o dia de hoje para concluir o seu trabalho antes de regressar, pois os últimos dois dias serão para aproveitar as delícias paisagísticas desta ilha. 

A Leda entra no alpendre com o peixe fresco, aprendeu a pescar com o seu pai, assim como a cultivar, a ser uma fada na cozinha! A Zenilda repara nas diferenças físicas da sua antiga amiga do secundário, está mais magra, mais pálida, usa um cabelo curto, mas que lhe assenta muito bem, pois ilumina ainda mais o seu bonito sorriso e os seus olhos verdes esmeralda. Zenilda persiste em descobrir qual o novo receio da Leda, depois de esta ter sido violada, é normal que se sinta confrontada com esta dura realidade, porém a Zenilda julgava que esses medos já estavam mais esquecidos… 

- Preciso constantemente do contacto com o mar, pois só assim consigo ser verdadeira comigo própria e com os outros!- Disse a Leda enquanto concertava o peixe no alpendre.- Há uns meses para cá, um elegante senhor tem aparecido frequentemente no meu restaurante, achei-o distinto desde o primeiro dia, simpático, educado. Os meses se passaram e conversamos sobre a minha decisão de cá viver, expliquei que não segui a vida académica, mas sim que amava a restauração. Falamos de viagens, enfim…é um homem distinto! 

- E qual é o problema? O que precisamos são de homens distintos! - Sorria a Zenilda. 

- O problema é que ele é o tal investigador que os meus pais me falaram, e o mesmo só admitiu isso recentemente! Já viste como é a minha vida? Andei novamente a ser observada por um estranho, aliás por um homem pelo qual simpatizei! 

Nesse mesmo momento a Zenilda questiona-se se esse homem distinto também concluiu que, na altura do secundário, a Zenilda era demasiado provocante com as suas longas pernas descobertas por uma mini-saia. Será que esse investigador também não achara que quando a Leda se sentiu perseguida deveria ter pedido auxilio à primeira pessoa que lhe aparecesse, tal como a sua vizinha que tinha passado de carro poucos minutos antes da tragédia? Enquanto estas questões pairavam no seu íntimo, também se apercebera que talvez a amiga estivesse interessada por este senhor e se sentira desconfortável com a situação, visto que ele sabia do seu passado. Pois uma pessoa que é violada, certamente não quer recordar esse momento muitas vezes!! 

Até hoje, após 13 anos, não se descobriu quem a violou. A Zenilda pensa para si que a amiga já ultrapassou a fobia que tinha para com o sexo oposto. Recorda-se que a mãe de Leda, 8 anos após o acontecimento, falou que sua filha conseguira relacionar-se sexualmente, embora também não soubesse com quem! 

- Leda, se bem te conheço estás apanhadinha por esse homem! Qual é o teu problema? Talvez seja o ideal para ti, uma vez que ele saberá compreender-te melhor! Já te relacionaste com uma pessoa há uns anos, certo? A Zenilda levanta a sobrancelha perante o silêncio da amiga. 

-Sim e não! Leda lava as mãos e sentasse em frente à amiga. - Tive sexualmente com alguém, mas foi com uma mulher! A Cármen era uma mulher muito vivida e cheia de energia, simpática, já conhecia vários casos como o meu, pois era psicóloga. Obviamente desconhecia a sua orientação sexual e numa tarde de domingo enquanto assistíamos a um vídeo, simplesmente ocorreu, mesmo ultrapassando as barreiras de tudo o que acreditava! 

A Zenilda não conseguiu disfarçar o seu espanto, pois sabia que apesar de ter sido violada, a Leda era heterossexual. Então o que pode levar uma mulher que é heterossexual a ter um caso com outra mulher? Será que a repugnação perante uma situação como a Violação é tão peculiar ao ponto de criar uma barreira com o próprio sexo oposto? 

Perante esta revelação a Zenilda procurará o Investigador Vago com o objectivo de descobrir quem violou a sua amiga e o que poderá fazer por ela! 

... 

Ao terminar a leitura desta crónica cabe a si identificar as personagens na sua vida. Este é um exemplo do múltiplo que aqui poderia citar…na próxima crónica terá o desfecho da história! 

(- Sapatos? -…sei! São para os pés e ponto.) 
Marisa Leonardo 

Sugestão: 
Ler O Prisma da verdade 1ª Parte AQUI 

P.S. Esta crónica estará em destaque aqui blogue para dar oportunidade de todos os visitantes de darem a sua opinião sobre a mesma. A sua opinião é importante, PARTICIPE! 

MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

3 comentários:

  1. crónica deveras interessante e sem dúvida que abriu nos o interesse em saber o desenlace...falar de temas tão complicados como violação é sempre difícil mas soubeste falar de um "prisma" menos pesado e que faz-nos pensar!
    Bom trabalho

    ResponderEliminar
  2. Olá, primo Francisco e Beta,
    Folgo em saber que vos proporcionei um novo olhar sobre este tema que é demasiado camuflado!

    Não percam então o resultado! Beijinho

    ResponderEliminar