domingo, 11 de março de 2012

Crónicas 10 minutos - Fragmentos escritos

Imagem retirada AQUI


A Viagem

Viajar é nascer e morrer a todo o instante. 
Victor Hugo 

Escrevo-vos no aeroporto, junto à zona de partidas, à espera de fazer check-in para um voo que só sai daqui a 4 horas. Bem-haja pela internet grátis da ANA. 

Os aeroportos são espaços curiosos. Sempre em perpétuo movimento. São fonte de saudade e tristeza, de alegria, de despedidas e abraços de chegada. São espaços de mudança. Muitas vezes, de esperança e desejos. 

Eu gosto de aeroportos. Gosto da azáfama, das regras e da organização. Da excitação da partida à aventura. Do conforto de se chegar a casa. Das assistentes de bordo e pilotos a passar com as suas malas pequenas (sempre tão pequenas!) a caminho dos aviões, deixando no ar a incerteza do seu destino: vão para algum lugar exótico, longe, ou vão só aqui ao lado? Que histórias trazem com eles, nas suas bagagens, nas suas roupas, nos seus sorrisos e no seu cansaço? 

Aprecio também os passageiros, numa espécie de voyeurismo inocente. Os que estão habituados, os que estão confusos, os que cantam e os que esperam impacientemente. Os elegantes, de fato ou salto alto, que se percebe que vão em negócios. Os de sapatilhas, jeans e mp3 nos ouvidos que vão para casa. Os entusiasmados aos grupos que vão de férias. Os cansados porque já tiveram muitas paragens ou ainda lhes faltam algumas. 

Gosto de aeroportos porque são como a vida. Sempre em movimento, em mudança, sempre com surpresas e coisas interessantes para se ver. Parece-me que nos aeroportos, as pessoas são sempre mais simpáticas. Ou prestáveis. Afinal temos todos o mesmo objetivo: chegar a algum sítio. E compreendemos que, ajudando-nos uns aos outros, chegamos lá mais rápido. Se a vida fosse realmente assim, seria tudo muito mais fácil. As pessoas seriam muito mais felizes e a vida seria melhor aproveitada. 

Gosto de aeroportos, mesmo não gostando de andar de avião (que não é o mesmo que não gostar de viajar), porque gosto da confusão, do burburinho, do cheiro a desconhecido. 

Gosto de aeroportos porque eles são como a vida deveria ser. 

Seja você mesmo, seja livre! 
Crónica de Márcia Leal 

P.S. Esta crónica estará em destaque aqui no blogue até a próxima crónica para dar oportunidade de todos os visitantes lerem e darem opinião sobre a mesma. O seu comentário é importante, PARTICIPE! 

MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

2 comentários:

  1. Bem amiga, os aeroportos estão infinitamente ligados à nossa vida. Vivemos em terra de emigrantes. Todos nós começamos cedo nas partidas e chegadas destes lugares. Não são o meu exemplo de vida perfeita. Tudo se passa demasiado rápido. As trocas de palavras são uma mera formalidade... mas até é normal. As pessoas estão de passagem, n estabelecem laços, não se aproximam, trata-se de um meio para atingir um fim... A vida é temporária como os movimentos de um aeroporto mas muito mais interessante, porque, à nossa maneira tentamos vive-la de verdade. Existe incomodo, pacividade, luta, indiferença, paixão, ódio... Já reparaste que quando sais do avião e ouves o habitual: obrigado, bom dia! se responderes eles surpreendem-se?!

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    1. Nunca tinha pensado nisso, mas é verdade. Quando respondemos surpreendem-se mas também parecem ficar mais satisfeitos com o trabalho que fazem. O segundo sorriso é genuíno. E isso agrada-me.

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