sexta-feira, 8 de março de 2013

Recordar é viver!

(imagens retiradas da internet)



Semana de 2 a 8 de março 


Vasco da Gama 

Há exatos 515 anos, a 2 de março de 1498, Vasco da Gama, depois de contornar a costa africana, aportava em Moçambique. 
A 8 de julho de 1497, a armada de Vasco da Gama partiu de Belém, Lisboa, com destino à Índia. D. Manuel I queria abrir o comércio marítimo com o subcontinente indiano. Da armada faziam parte 4 caravelas, a São Gabriel (uma carraca de transporte com 27 metros de comprimento e 178 toneladas), comandada diretamente por Vasco da Gama, a São Rafael por Paulo da Gama, a Bérrio e a São Miguel. 
A 4 de Novembro de 1497, a armada chegou ao litoral africano, tendo então atravessado mais de 6 000km de mar aberto, a viagem mais longa até então realizada em alto mar. Quando a 16 de Dezembro, Vasco da Gama ultrapassou o chamado "rio do Infante", a armada portuguesa estava em territórios “nunca dantes navegados”. Era um ponto de viragem para a náutica e para a História de Portugal. 
A 2 de março de 1498, a armada de Vasco da Gama chegava a Moçambique, encontrando aí os primeiros mercadores indianos, com quem comerciaram, mas tiveram pequenos problemas com o sultão, o que os obrigou a sair rapidamente de Moçambique. De seguida, armada desembarcou em Melinde, sendo bem recebidos pelo sultão que lhes forneceu um piloto árabe, que lhes ajudou a chegar a Calecut, na Índia. Luís Vaz de Camões cantou, na sua obra Os Lusíadas a presença de Gama junto do “Rei de Melinde”. Só a 20 de Maio de 1498, Vasco da Gama chegou à Índia, estabelecendo a Rota do Cabo e abrindo o caminho marítimo dos Europeus para o Oriente. Iniciava-se a globalização, o comércio internacional ganhava forma. O ano de 1498 marcou uma viragem de capítulo da História Mundial e os portugueses deram um “empurrãozinho”, forte e determinado. 


Gorbatchev 

A 2 de março de 1931 nascia Mikhail Gorbatchev, ex-secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética e o último líder da URSS de 1985 a 1991. 
Quando em 1985 Mikhail Gorbatchev assumiu o poder na URSS, enfrentou o caos. A superpotência encontrava-se à beira do abismo. Os problemas eram tantos e em tantos setores, que desde o início o mais jovem líder da URSS implementou reformas. As mudanças de ordem estrutural propostas por Gorbatchev visavam a modernização do país, mas para isso seria necessário o desenvolvimento real dos problemas. 
A reestruturação económica da URSS, denominada Perestroika, só seria possível com a adoção de uma política de transparência, democrática, possível apenas com a prerrogativa da participação popular - a Glasnost
À medida que as reformas eram desenvolvidas na URSS, apareciam novos problemas decorrentes dos desvios dos ideais comunistas. Gorbatchev, com a Perestroika e a Glasnost, criou uma situação em que o país, no âmbito internacional, cessa de intervir em outras nações por interesses geoestratégicos, deixando assim de ocupar o lugar de liderança no mundo comunista, agora voltado para os seus próprios problemas. No âmbito nacional, enfrenta as dificuldades económicas, a oposição política de segmentos radicais, tanto daqueles a favor de um postura mais enérgica do Estado, como daqueles favoráveis ao capitalismo, somadas às questões nacionais, em um novo contexto, apoiadas pela comunidade internacional, e particularmente pelas nações ricas que mais tarde viriam a socorrer o país. 
As mudanças propostas por Gorbatchev sucumbiram diante de um mosaico de problemas. Sem saber, Gorbatchev estava a mudar o curso da História da URSS. Em pouco tempo, Guerra Fria terminava e no fim do ano de 1991, Gorbatchev empurrou a URSS para o seu colapso. Gorbatchev foi Prémio Nobel da Paz em 1990. 


D. Pedro IV 

Há exatos 181 anos, a 3 de março de 1832, o regente D. Pedro (D. Pedro IV), após um périplo pela Europa em busca de apoios à causa liberal, chegava à Terceira a 3 de Março de 1832, com o objetivo de preparar a ofensiva aos miguelistas. Era o início da última fase da luta liberal, com o desembarque dos 7 500 Bravos Portugal Continental e consequente princípio da Guerra Civil (1832-1834). 
Alexandre Herculano, Historiador liberal, no seu livro Scenas de um ano da minha vida e Apontamentos de viagem, chegou mesmo a apelidar a nossa Terceira de “rochedo da salvação”, mostrando a importância que a Terceira teve no desenrolar da História do Liberalismo em Portugal. 


Tratado de Brest-Litovsk 

A 3 de março de 1918, há exatos 95 anos, a Rússia bolchevique assinou a sua própria paz com a Alemanha, saindo da I Guerra. 
A desastrosa participação da Rússia na I Guerra foi uma das principais causas do êxito da revolução marxista de Vladimir Lenine em novembro de 1917 (fevereiro no calendário juliano em vigor na Rússia em 1917). Em dezembro de 1917, a Alemanha aceitou um armistício e conversações de paz com a Rússia e Lenine enviou Trotsky a Brest-Litovsk, para negociar um acordo. 
As conversações foram bruscamente interrompidas. As tropas alemãs avançaram sobre São Petersburgo (na altura chamada de Petrogrado), Lenine para evitar mais problemas autorizou a assinatura do Tratado Brest-Litovsk a 3 de março de 1918. 
A Rússia bolchevique assinou o Tratado de Brest-Litovsk com o Império Alemão e com o Austro-húngaro, abandonando o enorme esforço da I Guerra. As condições de paz do Tratado eram extremamente pesadas para a Rússia bolchevique. Segundo o tratado, a Polónia ficava sob controlo da Alemanha e da Áustria-Hungria, a quase totalidade da região do Báltico e uma parte da Bielorrússia, já a Ucrânia separava-se da Rússia e tornava-se um Estado dependente da Alemanha. A Rússia perdia ainda território para a Turquia. Ainda em Agosto de 1918, a Alemanha impôs à Rússia de Lenine um tratado adicional e um acordo financeiro, nos quais eram apresentadas novas exigências. 
Os dirigentes alemães esperavam que os territórios anteriormente russos acabariam sob a sua influência, mas à 11ª hora, do 11º dia, do 11º mês de 1918, era assinado o armistício que levaria ao fim da I Guerra, condenando a Alemanha à desmilitarização e ao domínio aliado. A Alemanha ia ser bastante penalizada e perder muito do que receber da Rússia. 
Em 1919, a Rússia soviética recuperou a Ucrânia durante a Guerra civil, e na II Guerra, em 1939 e em 1940, apoderou-se de parte da Polónia e de zonas do Báltico respetivamente, após a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, o Tratado de não-agressão firmado às vésperas da II Guerra, entre a Alemanha de Hitler e a URSS, a 23 de agosto de 1939 (a II começaria a 3 de setembro). 


Infante D. Henrique 

Há exatos 619 anos, a 4 de março de 1394, nascia o Infante D. Henrique, na cidade do Porto. Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre. 
D. Henrique foi armado cavaleiro com 21 anos. Feito então duque de Viseu e senhor da Covilhã. Em 1417 participou com o pai e os irmãos na Conquista de Ceuta, ponto de partida para os Descobrimentos. O infante D. Henrique fundou uma vila no promontório de Sagres, para onde foi viver, a Vila do Infante. A expansão europeia dava os seus primeiros passos, com o Infante a subsidiar e a apoiar ao máximo os Descobrimentos. Madeira, Açores e por aí adiante, Portugal dava mundos ao Mundo. O Infante ganhava o cognome do Navegador. 
D. Henrique foi ainda Grão-mestre da ordem de Cristo, fronteiro-mor de Leiria, cavaleiro da ordem da Jarreteira, de Inglaterra, senhor da Covilhã, de Lagos e de Sagres, do Algarve, de cujo reino foi governador perpétuo. 
Morreu na sua Vila, em Sagres, estávamos a 13 de novembro de 1460 e Portugal já explorava África até onde hoje é a Serra Leoa. 


Josef Stalin 

A 5 de março de 1953, há exatos 60 anos, morria Josef Stalin, líder da URSS e do Partido Comunista da União Soviética, uma das personalidades mais marcantes do século XX. 
Josef Stalin nasceu a 21 de dezembro de 1879 em Gori (Geórgia), filho de um humilde sapateiro, foi um estudante excecional em História, Filosofia e Teologia. De estatura baixa e com um problema motriz no braço esquerdo, era um jovem cruel, física e psicologicamente, tanto com os animais como com as pessoas. Curiosamente foi um adolescente religioso, que eliminou as suas crenças quando se converteu ao marxismo. 
Stalin exerceu contabilidade no Observatório de Tiflis, na Geórgia, em 1903, aliou-se a Lenine e aos bolcheviques. Entre 1902 e 1913 foi preso seis vezes. 
Após a Revolução soviética de 1917, deteve cargos importantes no governo revolucionário e, em 1924, tomou o poder após a morte de Lenine. Como líder soviético, Stalin promulgou um programa económico, os Planos Quinquenais, com o objetivo de estabelecer prioridades para a produção industrial e agrícola do país para períodos de cinco anos. Estes planos levaram à morte de milhões de camponeses. 
Em 1934, Stalin conduziu à depuração da sociedade soviética, eliminando muitos dos seus opositores políticos. Em 1939, a URSS assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha nazi, mas Hitler só o respeitou durante dois anos. Em junho de 1941, a Alemanha invadiu a Rússia e 22 milhões de soviéticos morreram antes da derrota nazi. Após a guerra, Stalin isolou a URSS e a Europa do Leste, que dominava, do resto do mundo. 
Stalin morreu a 5 de março de 1953 e apenas 3 anos depois da sua morte, o líder soviético Nikita Kruschev denunciou Stalin e os seus crimes no XX Congresso do Partido Comunista da URSS. 


Tratado das Alcáçovas-Toledo 

Há exatos 533 anos, a 6 de março de 1480, era ratificado o Tratado das Alcáçovas-Toledo em que Portugal cedia as ilhas Canárias a Castela em troca das reivindicações na África Ocidental. 
O Tratado das Alcáçovas-Toledo (também conhecido como Paz de Alcáçovas) foi um diploma assinado pelos representantes dos Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão e dos de D. Afonso V e do seu herdeiro, o futuro D. João II. Este Tratado foi assinado na vila Alentejana de Alcáçovas a 4 de setembro de 1479 e ratificado a 8 de setembro de 1479 por Portugal e a 6 de março de 1480 na antiga capital Visigótica de Toledo pelos Reis espanhóis, ficou, por isso, conhecido como o Tratado de Alcáçovas-Toledo. 
A Paz de Alcáçovas pôs fim ao conflito ibérico, que se desenrolara entre 1475 e 1479, devido à disputa da sucessão do Reino de Castela, com D. Afonso V a apoiar a sobrinha Joana, a Beltraneja. A Batalha mais marcante foi a de Toro, retratada por mim na Crónica 10 minutos “Viver o passado para construir o futuro” desta semana (http://meio-crescente.blogspot.pt/2013/03/cronicas-10-minutos-viver-o-passado.html).
No Tratado ficou decidida ainda que Portugal mantinha o controlo sobre as suas possessões da Guiné, a Costa da Mina, Madeira, Açores e Cabo Verde. Castela via reconhecida a sua soberania sobre as Canárias. Era reconhecida a exclusividade de Portugal sobre a conquista do Reino de Fez. 
Em paralelo ao tratado das Alcáçovas, negociaram-se as chamadas “Tercerias de Moura”, que resolviam a questão dinástica castelhana, impondo a Joana, a Betraneja, a renúncia a todos os seus títulos castelhanos. Ficou também acordado o casamento da infanta Isabel, filha dos Reis Católicos, com o filho do futuro D. João II, o Príncipe D. Afonso. O enorme dote pago pelos pais da noiva representou a indemnização de guerra obtida por Portugal. 
Este Tratado foi marcante de devido ao seu papel indelével na História dos Descobrimentos e da Expansão portuguesa. Este acordo foi o 1º a incluir disposições que definiam não só as relações entre os Reinos na Península, como também reconhecia zonas de influência nos espaços extraeuropeus, que os reinos ibéricos vinham explorando nas décadas anteriores. 


Família Real chegava ao Rio de Janeiro 

Há 205 anos, a 7 de março de 1808, a família real portuguesa chegava ao Rio de Janeiro, no dia seguinte desembarcavam na nova cidade. 
A 29 de novembro de 1807, com Junot e as tropas francesas às portas de Lisboa, a frota da corte portuguesa partia de Belém para o exílio, no Brasil, escoltada por navios ingleses, e no dia seguinte os franceses chegavam à capital. Junot e suas tropas dirigiram-se ainda ao Forte de S. Julião da Barra e dispararam sobre a frota, mas sem sucesso, por isso, ficaram a “ver navios”, expressão que ainda hoje se utiliza.
A corte portuguesa viajou por cerca de 2 meses, enfrentando as refeições racionadas, as condições sanitárias precárias e o calor que se fazia na zona dos trópicos. O escorbuto (falta de vitamina C) e outras doenças típicas das viagens longas de mar ceifaram a vida de muitas pessoas. A frota chegou à Baía a 22 de Janeiro e no dia seguinte, desembarcaram os primeiros portugueses fugidos da metrópole. 
Depois de uns dias, a esquadra portuguesa partiu rumo ao Rio de Janeiro, onde chegou a 7 de março de 1808. Com o desembarque, a 8 de março, inaugurava-se um novo ciclo na História portuguesa, com a transferência da Corte para a colónia Brasileira. Era a primeira vez que uma família real europeia residiria oficialmente numa colónia do seu Império. 


D. Beatriz de Molina e Castela 

Há exatos 720 anos, a 8 de março de 1293, nascia D. Beatriz de Molina e Castela, infanta do Reino de Castela e rainha de Portugal. 
Filha do rei Sancho IV de Castela e de sua esposa Maria de Molina. D. Beatriz teve 6 irmãos, entre os quais o rei Fernando IV de Castela. Casou-se a 12 de setembro de 1309 com o herdeiro do trono português, filho do rei D. Dinis, o príncipe D. Afonso. 
O marido tornou-se o rei D. Afonso IV, o Bravo, em 1325. Tiveram 6 filhos. Devido à Guerra instalada entre o marido e o filho herdeiro D. Pedro depois do assassinato de D. Inês (7 de Janeiro de 1355), a rainha D. Beatriz procurou conciliar os dois. 
D. Beatriz recebeu em doação a vila de Viana do Alentejo. De D. Dinis recebeu, como dote, Évora, Vila Viçosa, Vila Real, Gaia e Vila Nova, estas duas últimas trocadas por Sintra em 1334. Dispunha ainda de herdades em Santarém e desde de 1337 da lezíria da Atalaia. Através de mercê do seu filho D. Pedro já como Rei (1357) recebeu as herdades de de Torres Novas. 
D. Beatriz morreu em Lisboa, a 25 de outubro de 1359. 
Jaz, junto com o seu marido, na capela da Sé de Lisboa. 


Porque recordar é viver, para a semana continuaremos a aprender! 
Francisco Miguel Nogueira 


MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!

1 comentário:

  1. Muito bom! Gostei muito de ler. Desconhecia a vida de Josef Stalin. Obrigada por mais este momento de história.
    Um abraço.

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