(imagem retirada da internet)
Crianças de 18 meses conseguem fazer complexas análises estatísticas e os seus dias parecem ser uma notável sucessão de experiências científicas. Aos 18 meses, já são capazes de perceber e agir em conformidade com o que acham ser a perspectiva dos outros.
Filósofos, psicólogos e até o conceituado teórico do desenvolvimento infantil suíço Jean Piaget julgaram bebés e crianças muito novas como seres irracionais, individualistas, ilógicos e amorais, incapazes de percepcionarem a perspectiva de outros ou de perceberem a causa-efeito.
Mas através de novas técnicas científicas foi possível perceber que, mesmo as crianças mais novas têm um grande conhecimento acerca de objectos, pessoas e linguagem, são capazes de aprender muito mais. Descobriu-se, até, que têm implícito métodos de aprendizagem tão poderosos e inteligentes como os mais destacados cientistas.
Inconscientemente, as crianças conseguem fazer complexas análises estatísticas e os seus dias parecem ser uma notável sucessão de experiências científicas. “Experienciam a vida de uma forma muito mais intensa do que nós”, explicou Alison Gopnik, professora de Psicologia e de Filosofia na Universidade da California, em Berkeley, durante uma palestra TED Talk.
Um dos maiores problemas para os adultos é tentarem perceber o que é que as outras pessoas querem, pensam e sentem. “E é algo especialmente difícil quando o que os outros querem não coincide com o que queremos”, precisa Alison Gopnik. Tradicionalmente, os psicólogos consideram, até, que as crianças até aos oito anos não conseguem perceber a perspectiva das outras pessoas.
Durante a palestra, Alison Gopnik partilhou a experiência que, juntamente com uma das suas alunas, fez com crianças de de 15 e de 18 meses.
Distribuíram duas taças às crianças, uma cheia de brócolos, a outra cheia de bolachas. Claro, que todas preferiram as bolachas aos brócolos.
Depois, e com as crianças a verem, Betty Repacholi, a estudante que participou no estudo, provou a comida de cada uma das taças, fazendo no final uma cara de agrado ou de desagrado no final de cada uma das provas.
As taças foram devolvidas às crianças, às quais Betty estendeu a mão pedindo: “Podes dar-me um bocadinho?”. Os bebés de ano e meio, que mal conseguem andar ou falar, deram-lhe bolachas, no caso em que antes demonstrou gostar mais dos doces, e brócolos, quando mostrou preferir o legume.
“Estas crianças muito pequenas tiveram um profundo conhecimento que outra pessoa – neste caso a Betty – podia ter uma perspectiva diferente do Mundo, ou pelo menos, dos brócolos, e ajudaram-na a obter o que ela queria”, constata Alison Gopnik.
Os bebés de 15 meses apenas entregaram as bolachas. “E isto revela algo ainda mais notável, é que os bebés aprendem de alguma forma, entre os 15 e os 18 meses, este factos tão profundos da natureza humana”, acrescentou a investigadora, que atribuiu essas aquisições “a análises estatísticas e às experimentação a que chamamos brincar”.
A investigação partiu, diz, de questões puramente científica, filosóficas, até. “Como podemos nós seres humanos aprender tanto quanto aprendemos a partir de uns poucos fotões que atingem as nossas retinas e de umas perturbações de ar que chegam aos nossos tímpanos? De que forma é que os poucos genes que nos separam dos chimpanzés pode conduzir-nos a diferenças tão grandes na forma como pensamos e vivemos? Como poderemos alguma vez saber o que é que outra pessoa pensa ou sente?
“É surpreendente como, ao estudarmos bebés e crianças pequenas, podemos encontrar respostas para estas grandes questões. Do ponto de vista evolucionário, parece que a nossa excepcionalmente longa infância pode desempenhar um papel crucial em muitas das habilidades que nos distinguem enquanto humanos”, faz notar a docente universitária.
Créditos: em letra miúda
Ver video Alison Gopnik AQUI
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