(imagem retirada da internet)
O paradoxo: A família ontem e a família hoje!
A versão atual de família reduz-se a um núcleo formado por pai, mãe e filhos. Diferente da de ontem, desde a família alargada, família tronco… No entanto, não deixa de ser diversificada consoante as diferentes etnias! A globalização deu-nos a capacidade de converter séculos em escassos anos de mudanças! Neste sentido, divagamos quanto ao amor e dedicação aparentemente esquecidos do que a Família de ontem nos proporcionava!
A cada dia que passa, estou mais entulhada de diversificadas tarefas, cada qual parece adquirir particularidades, mas que na verdade estão todas interligadas: “estudar para trabalhar e trabalhar para estudar”! Assim são as disciplinas das Ciências Sociais, cada uma com vida própria, mas que não deixam de sobreviver sem a base científica de cada uma delas. Sou “amante da sociedade”, admiro a multiplicidade de acontecimentos, repletos de constantes mudanças.
Não há muito tempo, numa conversa entre amigos, discutíamos a atual ligação familiar, falávamos em individualização, projetando-a como se de algo de negativo se tratasse. De facto, a família tem uma dimensão macro e microssocial. São as famílias a razão pela qual empresas apresentam bens que desconhecemos necessitar! Têm deveres/direitos jurídicos, administrativos… Este pensamento obriga, por si só, à existência das famílias em sociedade!
Mas por que não apresentar os factos de outra forma? Nem tudo precisa de ser tão linear, tão redondo… sem saída… Cabe a nós visionar alternativas! Para começar, aprendi que a individualização familiar dá primazia ao lazer, ao “nós” e também ao “nosso”! Segundo Émile Durkheim, também Pai da Sociologia, na sua obra La Division du Travail Social: “Cada um assume cada vez mais a sua própria fisionomia, a sua própria maneira de pensar.” Os pais de hoje preocupam-se com a formação dos filhos, ensinam-nos a comportar-se como cidadãos, são para eles um equilíbrio emocional. No contexto conjugal, a modificação ocorre quando os membros deste grupo primário deixam de trabalhar em função de um deles e passam ambos a dividir tarefas, visando objetivos e preconizando harmonia conjugal.
Será que antigamente a família era mais unida? Para além de sermos parte de um grupo familiar, a família é a “semente” da personalidade de cada sujeito e, nessa perspetiva tão pouco linear, o conceito atual de família parece apaziguar-se! Entretanto, recorri a um dos meus rascunhos, vejo sublinhado que Durkheim refere que a família não desapareceu, mas que apenas se modificou e assim continuará!
O ser humano não sobrevive sem o sentimento de amor e sem o respeito. É imprescindível para todos nós sentirmos que alguém que nos é muito próximo se preocupa quando estamos doentes, quando não atingimos um objetivo, quando as ações não são as melhores… e nos repreendem. Sim, porque a repreensão é também um sinal de amor (não seria parte desta análise subjetiva).
Com o pensamento de Durkheim a perseguir-me nestes últimos dias, e com o que vejo nestas ruas, depreendo que a família de ontem se regia por tarefas específicas para cada género, camuflando assim o amor fraterno. Teriam, antes, a preocupação de dar continuidade às gerações, às heranças (terras), o que, nos dias que correm, não deixou de se verificar totalmente. Contudo, hoje, a família, que já não é extensa e não se reúne por completo no Natal e na Páscoa, esse agregado familiar que pouco ultrapassa os quatro indivíduos, passou a uma família reduzida, modernizada, sem tão severas regras preconizadas para cada género e mais desprendida dos restantes parentescos.
Sendo ou não progenitores biológicos, mas cuidando e dedicando-se e incentivando os “papéis sociais” que cada um mais deseja seguir, é igualmente a oportunidade de viver um romance entre cônjuges, entre duas pessoas despreocupadas em tarefas dentro de uma espécie de contrato! E nesta perspetiva, sublinho que o divórcio também deve ser encarado como uma oportunidade de refazer a felicidade e de se refazer uma nova família nos dias de HOJE! O nosso maior defeito é o de olharmos para o passado e deixar a sua marca estática! Somos fruto da mudança, pois não seriamos o que somos hoje, “Homens sem tempo, Homens projetados no amanhã”! E por falar no amanhã… Como será de facto a família?
(- Sapatos?… Sei! São para os pés e ponto.)
autoria de Marisa Leonardo
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MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!
Bravo!
ResponderEliminarComo seria de esperar...uma crónica bem conseguida e muito interessante e que levanta o véu sobre uma realidade social, a família de hoje!
ResponderEliminarSem dúvida que o conceito de família mudou ao longos dos últimos tempos...anteriormente as famílias estavam mais unidas e ligadas para se ajudaram mutuamente, agora é o próprio núcleo duro que se desenrasca sozinho...perdemos o conceito de família? não acho, apenas modificou-se e numa fase, em que a sociedade é mais individual, em que as relações sociais perdem importância, onde o homem é cada vez mais um "objecto" e menos um ser humano...a família é essencial para recriar uma sociedade menos individualiza e egocêntrica e mais humana e solidária...pois a educação para isso, começa em casa com a vivência familiar...
Muitos Parabéns :) acabei de ler a tua Crónica “Meio Crescente” e gostei muito! Realmente as famílias de hoje em dia, não tem nada a ver com as de antigamente; a troca de afecto no meio familiar era muito maior e de grande valor; as histórias e tradições contadas pelos nossos avós eram enriquecedoras ♥ ;a forma de educar totalmente diferente , entre outros... Deveríamos dar mais valor e respeitar a nossa família, pois, nós somos «fruto» dela :) são eles que estão sempre ao nosso lado, nos bons e maus momentos...e não nos devíamos lembrar da família apenas nas férias ou em épocas festivas, a família é o ontem, o hoje, o amanhã e sempre ♥ Continua com o teu trabalho, pois, vais muito bem! Parabéns bjm *
ResponderEliminarAmigos, agradeço todo o vosso apoio declarado no facebook, no entanto espero aqui uma maior partilha de opiniões! Precisamos de pegar nesses efeitos que vincam no nosso quotidiano e detectar as suas causas. Porque razão existe essas modificações? Serão elas alarmantes?
ResponderEliminarDe facto temos a necessidade de olhar um pouco mais para “dentro”. E o que é isso de “dentro”? São as nossas emoções, os nossos projectos, as relações, o respeito…A falte de atenção nesses ramos traduz-se em várias problemáticas que não estão a ser devidamente postas em causa por uma atenção exacerbada do factor crise económica…não nos podemos descuidar dessa forma!
Vamos analisar melhor esses acontecimentos diários e porque não começar com o âmbito familiar?
adorei :D a medida que crescemos e que percebemos e idealizamos uma familia... e preciso dar valor a nossa tds dias! continua Marisa! bj
ResponderEliminarPrimeiro que tudo, uma atenção especial à Marisa pela "preocupação" com este grupo que afinal de contas é a génese de uma sociedade... muitos parabéns!
ResponderEliminarSegundo, gostaria de partilhar desta preocupação pois penso que a família - ou o espírito partilha, preocupação com o outro, inter-ajuda, respeito, suporte emocional, que a caracterizam - poderá ter/ser uma "solução" para alguns dos problemas sociais: crise económica, civismo, educação,... para isso torna-se premente que cada indivíduo lhe dê esse valor, de forma que depois de consolidado, faça a transposição para os restantes grupos sociais em que está inserido e suas áreas de ação, os princípios inerentes à mesma.
Nenhum outro grupo social - como a sociedade actual o pretende fazer - poderá incutir num ser humano estes princípios com tanta intensidade como a família!
Concordo com a essência da cronica....a ideia de família nuclear tem mudado vertiginosamente e ao contrario de algumas teorias mais conservadoras julgo que essa desfragmentação não implica necessariamente uma perca de "qualidade educativa".
ResponderEliminardeixo so uma sugestão à autora..sendo que os textos são ja por si opinativos não precisa de na forma escrever tanto na 1ª pessoa "eu", "tive uma conversa" etc...
ResponderEliminarD. Cátia, sem dúvida que há medida que vamos amadurecendo, apercebemo-nos das responsabilidades de pertencer a uma família e de formar uma família.
ResponderEliminarDr. Alexandre, também vou de encontro à sua “solução”! São as famílias que consomem e que “produzem”. Saindo já do âmbito económico, se a sociedade olhar para dentro das famílias, estas desenvolverão o país. Parecerá estranho a muitos esta análise, mas é a família a causa destruidora da própria sociedade no âmbito político/económico e educacional, uma vez que cada um de nós que constitui uma família, agimos e escolhemos!!! Serão as melhores atitudes? Serão os melhores gestos? Daí surgiu a minha ideia para esta crónica!
Gostaria que os leitores reflectissem sobre a família actual, porque nem tudo está perdido como se julga! Penso que é esta a ideia também partilhada pelo Dr. Renato.
Dr. Renato, memorizarei a sua sugestão.
Agradeço imenso os vossos comentários!
Em primeiro lugar quero-te dar os parabéns afilhada!!! Sim concordo com o conteudo da crónica... é claro que o conceito de familia tem vindo a ser modificado, mas a sua essência continua...
ResponderEliminarFátima Simão
"Os pais de hoje preocupam-se com a formação dos filhos, ensinam-nos a comportar-se como cidadãos, são para eles um equilíbri0 emocional"
ResponderEliminar"Será que antigamente a família era mais unida?"
Peguei nestas dias tuas citações para começar por dizer que estruturas-te mt bem esta crónica muitos parabens sinceros alias só podiam ser pelo que temos conversado embora pouco deu para perceber que estas um bocado acima da média o que me encanta como ja te disse. Agora voltando a primeira citação que copiei quero acreditar que sim mas com as agressões (sentido figurado) e com as influências externas ao nucleo familiar ue hoje há (basta ver que um adolescente passa a maioria das horas fora desse nucleo) por vezes não é o suficiente para que a influência sobre ele exercida tenha preponderãncia sobre a maioria que com ele convive. Fazemos o melhor que podemos e sabemos de resto só nos basta confiar que ele absorveu o sentido e a responsabilidade do sento de familia que todos queremos e desejmos manter.
No segundo exemplo que retirei do texto acho que o sentido de familia tal como o conhecemos só se começo a formar e a ter algum sentido em meados do sex XIX, após as grandes modificaçõs culturais da revolução francesa e industrialização da europa (Falo aqui da civilização ocidental) e não dos milhares de nucleos existentes por esse mundo fora (por vezes com mt ais sentido de familia tal como hoje se conhece) ate determinada altura a familia como nucleo era uma coisa abstracta só entendida como meio de sobscistência e com maior peso ainda de sobrevivência acho eu mas disso tu sabes muito mais do que eu,
Comcluindo adorei
Bjnho Paulo Simões
Adorei ler a tua cronica.
ResponderEliminarConcordo plenamente, a família de hoje é muito diferente da de ontem mas uma coisa é certa, pode ter mudado ao longo dos tempos mas é sempre o nosso suporte, a nossa base, a fonte dos nossos principos e trazemos nas veias não só os genes dos nossos pais como também dos avós, bisavós, etc... Temos semelhanças físicas com um tio por exemplo, o feitio de um primo, as histórias dos avós que são pontos de referência para nós ou seja há sempre uma ligação com outros parentes, não transportamos só o que nos é concedido pelos nossos pais. Por isso a familia não pode reduzir-se só a pais, filhos e irmãos, temos todos os outros.
É verdade que cada vez mais o ser humano é individualista, é verdade também que o núcleo familiar é cada vez mais pequeno mas não podemos esquecer que o nosso suporte, a nossa base, é a família no seu todo.
Minha estimada Madrinha, agradeço-lhe não só pelo facto de comentar mas sim por tirar do seu escasso tempo, uns minutos para ler a minha crónica! Sem dúvida, que a essência familiar continua e vai continuar por que nós somos seres frágeis, precisamos de nos sentir amados para aí sim tornarmo-nos em seres capacitados. E Tal como a Sofia (grande amiga e uma das pessoas com sentido critico que tão bem conheço), aponta para as semelhanças físicas que transportamos! Isso levou-me neste preciso momento, a reflectir a preocupação constante que um filho adoptivo sente em “assemelhar-se” a seus pais adoptivos e toda a confusão e turbulência de sentimentos que estes sentem ao perguntar-se: “porque fui abandonado por meus pais biológicos?)
ResponderEliminarDr. Paulo Simões, gostei imenso da sua pertinência, principalmente e sabendo que é pai, quando referiu que só vos resta esperar que os filhos consigam absorver o que lhes foi ensinado! Aproveito apenas para referir que embora ainda muito jovem, acredito fielmente que a educação vem do berço! Muito obrigada pelas suas palavras!
Família, ainda sou do tempo, em que a família era a ápice da Igreja, e como tal de toda a sociedade.
ResponderEliminarMas uma coisa tens razão, Marisa, o pai da Sociologia, afirmava que esta instituição que é a família não desapareceu, mas sim modificou-se, então ela irá perpetuar-se nos tempos?
Mas hoje, com o conceito de Globalização, e como as novas políticas, a família tem que purgar, caso contrário não passará de uma quimera futura.
Parabéns pela crónica, pois esta não será uma efémera, mas sim um crónica que vai perpetuar-se nas nossas memórias.
Boa tarde a todos, um especial abraço ao Dr. João Araújo e sua esposa, que abdicaram uns minutos das suas rotinas para ler e opinar este modesto trabalho!
ResponderEliminarEspero encontrar a todos vós na próxima crónica!
Com os melhores cumprimentos,
ML