Nunca deveremos minimizar a importância dada a uma tentativa de suicídio, pois ela constitui sempre o pedido de ajuda de alguém perturbado emocionalmente, muito vulnerável e que vive mergulhado num profundo sofrimento.
Frequentemente, as tentativas de suicídio são encaradas como acontecimentos de pouca importância. Não é raro pais, amigos, parentes e até médicos acreditarem que este comportamento foi apenas uma forma de chamar a atenção não constituindo, por isso, razão para alarme. A esta forma de perspetivar a situação opõem-se os estudos realizados que claramente demonstram que toda a tentativa de suicídio é sinal de perturbação grave, indicação clara que o jovem não consegue realizar as tarefas maturativas da adolescência.
Nunca deveremos minimizar a importância dada a uma tentativa de suicídio, pois ela constitui sempre o pedido de ajuda de alguém perturbado emocionalmente, muito vulnerável e que vive mergulhado num profundo sofrimento. Além disto, muitos dos adolescentes que tentaram o suicídio repetem a tentativa, sendo muitos deles bem sucedidos. O que fazer então para prevenir o suicídio na adolescência?
Apesar de cada adolescente ser diferente de todos os outros, perceber um pouco sobre adolescência é talvez o 1.º passo.
O adolescente sente uma grande necessidade de se tornar cada vez mais independente dos pais. A companhia destes é progressivamente substituída pela companhia dos amigos. Frequentemente esta tentativa de afastamento é interpretada erradamente, pois os pais consideram que: 'se não quer sair connosco é porque não gosta tanto da nossa companhia'. A sensação de que estão a perder os filhos leva a que criem resistências às saídas frequentes destes do restrito meio familiar.
Se quer ajudar o seu filho deixe-o voar, explorar outros locais, conhecer outras pessoas. Ele precisa de sair do contexto protegido em que sempre viveu.
Se as regras que estipulou quando ele era ainda uma criança continuam a ser as mesmas agora que ele é adolescente, algo deve estar errado. Com a adolescência as regras devem ser flexibilizadas. Elas são muito importantes mas se não forem negociadas poderão gerar graves conflitos. Se ele já lhe disse: 'Eu já não sou uma criança', provavelmente tem razão. Não se esqueça que a rigidez exagerada é uma das características das famílias dos adolescentes suicidas.
A raiva e a agressividade são algo comum a todos os seres humanos. Quando a agressividade não é exteriorizada, frequentemente é dirigida para dentro. O suicídio é um ato em que a violência física é virada contra o próprio corpo. As birras, as fúrias, os gritos e outras manifestações menos simpáticas, que provavelmente já lhe causaram muitas dores de cabeça, são formas de exteriorização da frustração. Os adolescentes passivos e sossegados são-no muitas vezes devido ao receio de perder o afeto dos pais. Incentive-o a enviar para o exterior todo o 'lixo' que se foi acumulando, para que possa ser devidamente reciclado.
Os adolescentes riem-se quando lhes digo que ao saírem de casa são obrigados a levar o seu próprio corpo. A afirmação é tão óbvia que lhes parece ridícula, daí o riso. Aproveito o humor para lhes mostrar que se a minha afirmação é óbvia, então é óbvio que o cuidado a ter com o corpo deve ser obrigatório. Incentivá-los a praticar exercício físico e a ter uma alimentação equilibrada é um grande contributo para ajudar os adolescentes a gostarem de si próprios.
Muito havia ainda a dizer, mas terei de passar de imediato à 3.ª questão.
Se a tentativa de suicídio ocorreu não deve, tal como já foi dito no início deste artigo, encará-la de ânimo leve, mesmo quando lhe pareça superficial. Procure um especialista para apoiar não só o adolescente, mas também para ajudar a reestruturar todo o sistema familiar. Sem a mudança de todo o sistema será muito difícil o adolescente reencontrar o equilíbrio perdido ou encontrar o que nunca conheceu!
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