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A dimensão interna e externa da
política religiosa de D. João V
A 1 de Janeiro de 1707, D. João V era aclamado solenemente como Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc. Era o início de um reinado de mais de 43 anos, em que a religião, nas suas várias dimensões, teve um forte impacto na política do país.
D. João V nasceu a 22 de Outubro de 1689, filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neubourg, o Magnânino subiu ao trono em plena Guerra de Sucessão de Espanha e decidiu dar continuidade à política do pai. Contudo o conflito estava a ser desastroso para as finanças do Reino e quando foi assinada a Paz, D. João V percebeu que o ideal era manter-se afastado dos problemas internacionais, e assim fará, excepto em 1715-16, a pedido do Papa Clemente XI, na luta contra os Otomanos. Portugal venceu a esquadra Otomana no Cabo de Matapan, mas com grandes custos para o país. Iniciava-se, então, uma relação complexa e intricada entre o Rei de Portugal e a Igreja Católica.
O Palácio e Convento de Mafra, o maior exemplo do Barroco e do Absolutismo régio de D. João V, iniciou a sua construção em 1717, no cumprimento da promessa do Rei no caso de a sua esposa lhe dar descendência, o que acontecera em 1711. Assim, começou-se a construção de uma obra monumental, que empregou mais de 20 mil pessoas e que, depois de concluída, abrigava 330 frades, um palácio real e uma das melhores bibliotecas do Mundo, além de 2 carrilhões, com 92 sinos, que pesavam mais de 200 toneladas e eram os maiores e melhores do Mundo à época, cerca de 4 700 portas e janelas, 156 escadas e 1 200 divisões. Uma obra à medida da Magnanimidade do D. João V. De seguida, o Rei remodelou e aumentou a Capela Real e conseguiu a divisão de Lisboa em duas, a cidade metropolitana (Lisboa Oriental) e a Sé Patriarcal (Lisboa Ocidental). Com estas obras, o Rei engrandecia o país, mas arrasava os cofres do Reino.
Nos anos seguintes, D. João V doou dinheiro e enriqueceu vários conventos. Diz-se que em 1742, enquanto se encontrava muito doente, após uma primeira paralisia, rodeou-se de frades e padres e mandou celebrar mais de 700 000 missas em seu nome. Conseguiu sobreviver para, em 1748, conseguir do Papa Bento XIV, o título de Rei Fidelíssimo para si e para os seus descendentes e pôr, assim, Portugal ao mesmo nível das mais importantes nações europeias. Quando em 1750, D. João V morreu, as jazidas de ouro que haviam sido descobertas no tempo do seu pai, já haviam quase desaparecido em gastos e pedidos a Roma.
D. João V, além desta dimensão religiosa com a Santa Sé, tinha também uma proximidade com as freiras, daí ser conhecido como o Freirático. O rei visitava muito o Convento de Odivelas, sobretudo a Madre Paula, a sua favorita. Mas são conhecidas as suas visitas nocturnas a vários conventos e freiras. Esta preferência “religiosa” pode explicar o apego que D. João V tinha em fazer obras em nome da Igreja. Seria uma forma de redimir os seus pecados? Ou de fazer felizes as Freiras? Terá a Madre Paula influenciado as construções?
Muito já se disse e escreveu sobre o Magnânimo, as suas obras e gastos excessivos, que infelizmente nem todos ficaram para a posterioridade, pois o Terramoto de 1755, destruiu muita coisa, mas não se pode esquecer que o Palácio e Convento de Mafra e o Aqueduto das Águas Livres em Lisboa, são dois dos maiores exemplos de grandes obras feitas por um Rei português,
D. João V porque tinha acesso ao ouro, não apostou nas indústrias e no avanço técnico, fazendo o país viver de um metal que depois deixou de existir. Esta falta de aposta no futuro, é a maior crítica que se pode fazer a este Rei e parece que hoje em dia, estamos a assistir ao mesmo. A aposta interna, nas indústrias e no avanço tecnológico, é reduzida, vive-se muito do “ouro” externo, vindo, sobretudo da UE, mas temos, na mesma, de repensar a nossa economia e incentivar a nossa produção nacional, como possível melhor solução sólida. Não devemos andar em disputas mesquinhas e infrutíferas e pensar numa solução para o futuro, que é já hoje.
É preciso viver o passado para construir o futuro!
Francisco Miguel Nogueira
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Sem dúvida um exemplo para se retirar varias e valiosas conclusões. Precisamos de património, que sustente emprego e seja motor de um turismo rentável e cultural. É urgente investir e abrir portas às tecnologias e ciências que tragam maior evolução a este país rico em História mas com os cofres vazios. De resto é também urgente que se façam as "freiras" felizes, alias todo o clero, é importante que a razão se alie à fé para que todos possam compreender a religião de forma clara e verdadeira e fazer escolhas livres e democráticas deixando de viver em rebanhos onde cada vez as ovelhas são mais negras...até porque cada vez mais as "freiras" cozinham menos e os pastores há muito que estão em vias de extinção...
ResponderEliminarEis o Magnânimo! É retratado na obra do Memorial do convento de José Saramago! Uma linda História, mas com um final menos feliz! As ideias e o egocentrismo de D. João V. arruinou o País, mas ao menos herdamos dele um lindo monumento!
ResponderEliminarUm abraço, :)
Gostei da cronica. Admiro o convento de mafra e a sua oponência e agora é que descobri que o rei mandou construí-lo para cumprir uma promessa. foi uma promessa bem grande.
ResponderEliminarFelicidades.
Adorei a crónica. Conheço os monumentos em questão, mas não fazia a minima ideia de quem os mandara construir e porque. Só e pena que tenha simplesmente só olhado para o seu umbigo não investindo mais no futuro.
ResponderEliminarParabéns pela crónica, felicidades e que venham muitas mais ;)
Pois...realmente tens toda razão e com essa crónica , como as restantes, cada vez demonstras mais que Portugal chegou ao que chegou, não só devido aos governantes de hoje, mas sim derivado a todos os maus governantes ao longo dos séculos...Agora precisava que os governantes antes de subirem ao poder deviam ter umas aulas de história tuas, para relembrar as asneiras do passado e os sucessos a ver se vamos pa frente!
ResponderEliminarEsse "ouro" da União não está a ser bem usado...tanto que os governantes pagam para não se produzir....Agora estamos com uma dívida às costas...Mais que termos bons governantes também tem que existir uma mudança da cultura laboral e de consumo dos portugueses, de valorizar o que é nosso....nossa tecnologia, laboratórios e indústrias, pois mts tem nome a nível internacional, mas a maioria dos portugueses não sabem e mts vezes nem kerem saber.....
Parabéns pelas excelentes crónicas.....Agora será que ainda vamos ter algum governante gestor de sucesso que levante esse país??? só o tempo dirá....
Sabes tão bem qt eu q as aventuras e desventuras religiosas e de alcova de El-Rei D. João V e sua dignissima esposa e da construção do convento de Mafra, estão mt bem retratadas no "Memorial do Convento" do nosso prémio Nobel Saramago, q tão bem soube caracterizar a sociedade da época e os vicios de uma religião pouco dada à ortodoxia e os pecados régios...
ResponderEliminarA nossa falta de visão ñ se resume à Democracia, nem mesmo à República... É uma sucessão de erros sistemáticos de desinvestimento económico e apostas em grandes obras públicas q em nada engrandecem o país, apenas acentuam as vaidades tão tí...picas da nossa terra, o apego demasiado à religião,o laxismo no empenho e no trabalho afincado e a visão redutora e mesquinha qto ao progresso ... As nossas crises são crónicas, mas esta é a definitiva, ou mudamos de rumo e mentalidade ou precipitamo-nos p o fim de tão ancestral pátria... Acabaram-se as "bengalas" q sempre nos sustentaram o andamento, 1º o ouro do Brasil, depois as colónias em África e por último, os fundos europeus, agora q tudo acabou é hora de aprender a andar pelas próprias pernas...
Um rei que nasceu no mesmo dia que eu!! lol.. Sempre a aprender com o Sr. Doutor ;)
ResponderEliminarParabens mais uma vez!!
Não conhecia esta história mas agora percebo porque é um monumento tão "magnânimo" e bonito e grande.
ResponderEliminarParece que o defeito de gastar o que se tem e o que não se tem, já está entranhado no sangue lusitano.
um bem-haja por esta iniciativa.
Para quem quiser saber mais de D. João V, além da leitura disponível nas Histórias de Portugal e nas biografias do Magnânimo, recomendo:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=9arEBZ4jHJo#!
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=GPWRDYsKCoU#!
http://www.youtube.com/watch?v=JCBwDz2CpRs
http://www.youtube.com/watch?v=hzAU4-Hac7k
Esta é da parte da História que conheço, graças ao livro de José Saramago "Memorial do Convento", (pelo menos a razão pela qual o Convento de Mafra foi construído).
ResponderEliminarSem dúvida que este convento é uma obra fantástica :D
Como tu dizes há que apostar no nosso país!
Continua... :D
Gostei particularmente da dicotomia “… D. João V tinha em fazer obras em nome da Igreja. Seria uma forma de redimir os seus pecados? Ou de fazer felizes as Freiras? Terá a Madre Paula influenciado as construções?” e também do estabelecimento da ponte entre o passado e a actualidade. Estás de parabéns Mestre Francisco!
ResponderEliminarProfessor Dr. Mestre Francisco Miguel está de Parabéns com mais uma crónica aqui escrita. Relativamente ao ênfase que o Rei deu à Igreja nessa época foi pena ter investido só nisso pois deu mais poder à Igreja nas decisões do país e que muitas vezes não foram as melhores. Deixou o desenvolvimento do país de lado, coisa que um líder nunca deve fazer.
ResponderEliminarAs razoes que expões que o fizeram ter essa atitude são polémicas e a verdade ficou com ele. Como católica que sou, defendo que cada um sabe de si e Deus de todos e só Ele tem o poder de julgar!
cumprimentos.
aguardo próximas crónicas :)