sábado, 5 de novembro de 2011

Qualidade vs Quantidade

(imagem retirada da internet)


Uma hora de qualidade com os pais é melhor para as crianças 
do que a melhor das escolas

Depois de meses de esforço a ocupar os dias das crianças, o regresso às aulas pode ser um alívio para os pais, mas os especialistas avisam que "a família não termina quando a escola começa" e que os "os pais não são um bem de segunda necessidade".

As crianças precisam da escola, claro, mas sobrecarregá-las com actividades pode ser um erro. Rouba-lhes convívio familiar, brincadeira e tempo para aprenderem a ocupar-se sozinhas, explicaram Eduardo Sá, psicólogo, e Adalberto Dias de Carvalho, especialista em Antropologia da Educação, em declarações à Lusa. 

Eduardo Sá defende que as "entidades públicas deviam chamar a atenção dos pais de que mais escola não é melhor escola" porque "uma hora de qualidade com os pais é melhor para o crescimento das crianças do que a melhor das escolas". 

"Os pais não são um bem de segunda necessidade. Por vezes, desvalorizam-se de forma inquietante. Mas têm a função das proteínas no crescimento das crianças, ou seja, são um alimento fundamental", nota o psicólogo. "É batota dizer que hoje os pais trabalham mais": "Eles delegam é muitas responsabilidades na escola", acrescenta. "Os pais deviam, uma vez ou duas por semana, ir com as crianças ao parque ou às compras. Não podemos ser pais à pressa. Quaisquer 20 minutos entre o jantar e o dormir não são suficientes", avisa.

A própria escola devia mudar, sugere o psicólogo apontando o dedo aos "horários que podem ser de 12 horas, se os pais usarem todos os que a escola oferece". "O que se pede é, pelo menos, uma semana de 40 horas de trabalho, e as crianças às vezes têm semanas de trabalho infernais", critica.

A duração dos recreios também devia ser mais alargada, porque quanto menos as crianças brincam, menos aprendem. "Trabalho demais faz mal à aprendizagem e recreio de menos também", alerta. 

Adalberto Dias de Carvalho, especialista em Antropologia da Educação, prefere falar na família, mas tem as mesmas críticas. "Quando a família se escolariza, está a privar a criança da própria família, ou seja, de um contributo insubstituível para a sua formação". 

É que, para crescer, a criança tem necessidades afectivas, sociais, de valores e de valorização da auto-estima, que "não se encontram na escola ou nas aulas de música ou natação". 
"Isto é fundamental e passa pelo tempo efectivo de relação entre as famílias e as crianças. Quando a família delega tudo na escola ou leva a criança a correr para não sei quantas actividades, não contempla todos estes aspectos e introduz instabilidade num momento do dia em que a criança precisa de tranquilidade", assegura. 

O especialista reprova até os tradicionais trabalhos de casa: "Eles vão ocupar a criança num tempo em que ela devia até não ter nada para fazer, para que encontre maneiras de se ocupar e não ter horror ao vazio. Isto será importante pela vida fora. Estes momentos existem e todos temos de ser educados para lidar com isto". 

Créditos: Em Letra Miúda

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