Crónicas 10 minutos - Fragmentos escritos

(imagem retirada da internet)

A Felicidade

A verdadeira felicidade custa pouco; sendo cara, é porque a sua qualidade não presta.

François Chateaubriand 

Acredito que a felicidade encontra-se nas pequenas coisas. Não existe num estado perpétuo – existe em momentos. Na maioria das vezes custa-nos a vê-la, a identificá-la, mas ela está lá. Como procuramos algo grande, escapa-nos o pequeno. E os pequenos milagres são muito mais frequentes do que o grande milagre. 

Todos desejamos aquela fortuna, aquele carro, aquela mansão. Queremos a desconcentração contínua, aquele homem (ou mulher) que nos vai roubar o fôlego, aquelas cenas retiradas de um filme. O nosso próprio happy ever after. E desilude-nos que o tempo vá passando e nada disso aconteça. Que continuemos a esticar o dinheiro para chegar ao fim do mês, que o carro esteja a precisar de conserto, que o apartamento seja muito pequeno. Que o stress nos invada o dia a dia, que não apareça o homem (ou mulher) perfeito. Que o nosso happy ever after se transforme em cinzas. Esquecemo-nos de estar agradecidos pelo que temos e pelas pessoas que estão na nossa vida. Pelas pequenas insignificâncias que nos tornam, mesmo que apenas por um segundo, completamente felizes. 

Estas insignificâncias são individuais. Têm significados próprios para cada pessoa – o lixo de um é o tesouro de outro. 

Comer chocolate. Estrear um par de sapatos novo. Ouvir uma história engraçada do pai. O abraço da mãe. Beber um copo com os amigos à beira mar. Perceber que não estou só. Acreditar que amanhã vai ser melhor. Encontrar generosidade em estranhos. Um sorriso num empregado de mesa. Darem sinal para passar mesmo quando a prioridade é do outro condutor. Uma caneta a passar sobre uma folha nova. Um bom livro. Um pôr-do-sol majestoso. Um problema resolvido. Um convite inesperado. 

Deslumbre-se com a sua própria vida. Não se esqueça nunca de viver. 

Seja você mesmo, seja livre. 

Márcia Leal 

Outras crónicas 

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