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Portugal - Restauração da Independência
Corria o ano de 1640, quando no dia 1 de Dezembro, um grupo de 40 nobres, os Conjurados, pôs fim a 60 anos de União Ibérica e restauraram a Independência de Portugal.
A época dos Filipes foi marcada pelo descontentamento dos portugueses, que viram as promessas feitas por Filipe II de Espanha, em Tomar, em 1581, serem esquecidas. Os cargos portugueses eram entregues a espanhóis, os impostos eram pesados e Portugal suportava as despesas do exército espanhol em guerra. Os portugueses sentiam-se revoltados com a situação de serem tratados, não como parte do Reino, mas como uma simples província de Espanha.
Em 1640, Espanha encontrava-se envolvida na Guerra dos 30 anos e Portugal sentia o peso das despesas de guerra. O Império Português era atacado pelos inimigos de Espanha, o que vinha confirmar, para muitos nobres, que a União Ibérica era um desastre para a economia portuguesa. Foi neste contexto que os conjurados prepararam o fim do domínio castelhano, e só um nobre reunia as condições para ser aceite como Rei de Portugal, D. João, Duque de Bragança, neto de D. Catarina de Bragança, uma das pretendentes ao trono em 1580.
Dezembro era o mês destinado ao golpe, pois com o aproximar da época natalícia, os governantes espanhóis, partiam para as suas terras, mas a Vice-rainha, a Duquesa de Mântua, e o escrivão da Fazenda do Reino Miguel de Vasconcelos ficaram em Portugal. D. João, segundo se diz, não terá aceitado prontamente o convite, pois era um Nobre de Primeira Grandeza, um membro da família Real e as consequências para a sua família seriam gravosas caso o golpe fracassasse. Muito já de escreveu sobre este momento, talvez o tempo tenha glorificado esta Rainha, mas foi D. Luísa de Gusmão, espanhola, a grande impulsionadora para demover D. João a aceitar. Segundo relatos da época, terá dito que era melhor “morrer reinando do que acabar servindo".
No dia 1 de Dezembro, alguns minutos depois das 8 horas, os 40 Conjurados convergiram ao Terreiro do Paço e às 9 horas, assomaram ao Palácio Real, dominando a guarnição castelhana, matando a tiro Miguel de Vasconcelos, depois defenestrado (atirado da janela abaixo). Já a Duquesa de Mântua recebeu de D. Antão de Almada e D. Carlos de Noronha a informação que Portugal não reconhecia outro rei senão D. João IV. A Duquesa tentou impor-se, mas D. Antão de Almada convenceu-a a aceitar a decisão e a sair dali. A Vice-Rainha retorquiu: “manda-me sair a mim? E de que maneira?”, ao que D. Carlos de Noronha respondeu: “obrigando Vossa Alteza a que, se não quiser sair por aquela porta, tenha de sair pela janela”, como acontecera com Miguel de Vasconcelos. A Duquesa de Mântua acedeu e D. Miguel de Almeida apareceu na varanda do Palácio, anunciando a Restauração da Independência de Portugal. D. João IV foi aclamado Rei a 15 de Dezembro de 1640. Começava uma nova fase da História de Portugal, a 4ª Dinastia, no momento de afirmação da Europa Absolutista.
Portugal, com o Primeiro de Dezembro de 1640, conseguiu recuperar a sua Independência. Foi um momento de grande importância para o país e para o Império, pois os anos de União Ibérica foram marcados por assaltos, saques, pilhagens e ocupação de territórios ultramarinos. Portugal só conseguirá o reconhecimento da sua independência por Espanha, em 1668, embora vivendo uma Guerra da Restauração (1640-1668) minimamente “calma”, pois Espanha encontrava-se envolvida na Guerra dos 30 anos e internamente “a mãos” com uma sublevação na Catalunha. Estas situações ocuparam os exércitos espanhóis nos primeiros tempos do Portugal restaurado e permitiram que Portugal se preparasse para a “Guerra” e conseguisse importantes apoios diplomáticos para a sua causa.
E, hoje, em que o feriado de 1 de Dezembro deve ser extinto, passando a ser relembrado no Domingo mais próximo da data, não podemos deixar de nos preocupar com esta notícia. Porquê terminar com este feriado? Este marca uma data importante para a nossa nacionalidade (que vamos perdendo para uma Europa em crise…e na voragem da Globalização). O Primeiro de Dezembro é ainda a confirmação que não queremos ser espanhóis…a nossa génese como país está lado a lado com a eterna oposição a Espanha…não faz sentido terminar com um feriado que evidencia a mais antiga disputa portuguesa e que recorda-nos que Portugal cresceu, lutando contra o seu “gigante” vizinho.
Ficaremos firmes e convictos da nossa Portugalidade, mesmo que nos tirem o feriado.
É preciso viver o passado para construir o futuro!
Francisco Miguel Nogueira
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MEIO CRESCENTE - Ideias em movimento!
Como seria de esperar mais uma excelente crónica de um jovem que sente a necessidade de mostrar que nós jovens temos a necessidade de construir o nosso futuro tendo em conta o nosso passado... É necessário que sejamos Portugueses com orgulho e dignidade sabendo a História do nosso país pois nada melhor do que saber quando nos tornamos independentes e porqu~e, faz parte do nosso ciclo de vida que só fará sentido quando tem conteúdo para mostrar que somos um grande país a nível histórico.... o Céu é o limite que a nossa empresa (vida) pretende atingir....
ResponderEliminarobrigada por partilhares estes conhecimentos continua Francisco...
Lisandra Silveira
Francisco, pessoalmente nunca fui de acordo que gozasse-mos tantos feriados e muito menos tolerâncias de ponto. É verdade que ficamos mais um dia por casa no lazer, mas o País necessita de dias com trabalho e dedicação de todos. Contudo, foste o primeiro a mostrar me plausivelmente uma razão digna de gozarmos este Feriado. Tens toda a razão, é um feriado que mostra a nossa independência! Claramente! Ás vezes são pormenores dos quais esquecemo-nos!! Por outro lado, e tal como eu, muitos desconhecem a nossa história por completo e talvez poucos se questionam quanto a este feriado!
ResponderEliminarE de ti, só se pode esperar o ponto de vista Histórico crítico na sua total realidade!
Continua, :)
"Ficaremos firmes e convictos da nossa Portugalidade, mesmo que nos tirem o feriado."
ResponderEliminarEsta é a postura de cidadão comum e muito epecialmente de um Historiador. Parabens este é um bom trabalho com atualidade e digno da razão da nacionalidade.
Julgo mesmo que possibilita a quem o ler, meditar sobre os vendelhões da Portugalidade por uns punhados de euros, ainda nos obrigam a falar alemão e a levantar o braço direito em direcção a Berlim.
Bom fim de semana e continua que tal como eu outros acham que as tuas cronicas históricas, ajudam-nos a conhecer mais um pouco do nosso ego.
Optima abordagem da restauração da independência de Portugal.Exposição clara e concisa.É bom conhecer o passado para melhor construir o futuro. Não tenhamos dúvida, que a História é a grande mestra da vida.
ResponderEliminarJoão Moniz
Adorei! Venho acompanhando o percurso do autor e volto a ser surpreendida com esta crónica. O Francisco Miguel Nogueira tem sempre temas interessantes e pertinentes nas suas crónicas, aliás, conta-nos a história e no fim faz uma reflexão sempre actual. Desta vez, como seria de esperar, escolheu um dia importante e falou, diria muito bem, da importância do feriado de 1 de Dezembro e faço minhas as suas palavras:
ResponderEliminarFicaremos firmes e convictos da nossa Portugalidade, mesmo que nos tirem o feriado.
É preciso viver o passado para construir o futuro!
Gostei muito do que escreveste. Abordagem direta e concisa.
ResponderEliminarContinua assim. Um abraço
É um feriado importante mas se forem para os estudantes vão ficar espantados com as respostas que dão sobre o que é a implantação da independência.
ResponderEliminarTenho coligas de trabalho que não sabiam.
Boa explicação.
Obrigada por mais esta riquíssima crónica recheada do melhor da nossa História e muito oportuna nesta fase de inseguranças politica e social em que o povo tem revelado uma enorme falta de orgulho do que é ser-se Portugês. Isto revela que continuamos parados no tempo em que a igreja é que incutia no povo o conhecimento (pouco) para que todos formassem um rebanho formado de dogmas e interesses do clero. Na verdade com tanto feriado religioso porque se vai alterar uma data tão significativa que honrou a nossa História e génese da nossa identidade. É caso para se deixar como recado a quem neste momento tal decisão optou por tomar o mesmo que D. Carlos de Noronha respondeu à Duquesa de Mântua: “obrigando Vossa Alteza a que, se não quiser sair por aquela porta, tenha de sair pela janela”, como acontecera com Miguel de Vasconcelos". Felizmente ainda mantemos muitas e largas janelas abertas, talvez nos falte é a coragem e a honra dos guerreiros que no passado fizeram da nossa História o que a mim me faz orgulhosa de ser portuguesa. Grata pela partilha Doutor Francisco Miguel Nogueira de quem ainda muito ouviremos falar.
ResponderEliminarBem nem tenho mais palavras para elogiar as tuas crónicas, apenas ocorre-me uma : Fantástica!:)
ResponderEliminarÉ verdade, já não vamos ter esse feriado...mas a causa é nobre....antes trabalhar nesse feriado do k irmos à falência...E quem sabe um dia reavemos esse dia feriado à Troika e a uma Europa cada vez mais falida...cm Portugal reaveu a sua independência...
É verdade andamos a viver uma nova "ditadura" cm ouvi à uns dias de um "híbrido franco-alemão" que andam a dominar de novo a Europa...Será que agora vamos reviver o passado?Um "Hitler adormecido" se levanta...??o que virá daí....
Temos de voltar de novo à luta como os nossos antepassados...agora os"Espanhois" são outros....Já nos safamos do Hitler uma vez...mal ou bem mas safamos...Agora será k nos vamos safar dessa nova "ditadura de Híbridos"? Agora temos de mostrar a nossa força e livrar-nos de 2 ditadores: a Troika e a frente franco-
-alemã(Hitler adormecido)...que por esse andar o passado recente na tarda nada a voltar aos nossos dias.....
Agora a luta já n é a braços e de armas, mas sim de luta económica, kem manda é kem tem dinheiro e se nós n keremos ser mandados temos de levantar a nossa economia!
Em homenagem aos nossos antepassados de coragem , como tão bem demonstra essa crónica, temos de fazer respeitar o nosso país, a nossa história, e k somos capazes de nos levantar e reerguer!Como no passado fomos!
No fim de contas descendemos dessa gente... afinal que mais kerem?
Arregaçar as mangas e trabalhar para levantar o nosso país!
Um país unido... jamais será vencido...
Obrigada pela elucidação sobre este dia que vai mesmo "ficar para a História". Concordo contigo quando dizes que devemos ter o mesmo amor a Portugal que outrora se teve. Não concordo com a eterna oposição a Espanha. Desde que haja bom senso podemos ter sempre boas relações com "nuestros hermanos" e vice-versa.
ResponderEliminarFiquei agora a perceber finalmente porque é que o Duque de Bragança disse nas comemorações do dia 1 de dezembro que este dia é mais importante que o 25 de abril e até acrescentou que o propósito deste último vai ser esquecido daqui a uns anos... (Essa seria a vontade dele tendo em conta que a monarquia é oposta por natureza à democracia).
Mas não, apesar da enorme importância do dia 1 de dezembro ninguém sabe a que se deve. Pelo contrário, toda a gente sabe que o 25 de abril libertou-nos da ditadura e tornou-nos pessoas realmente LIVRES! (pronto! já puxei a brasa à minha sardinha, lol)
bjins Francisco continua a ensinar-nos que país foi este porque o que se tornou todos estão a ver e a sentir na pele :(
Agradeço os comentários e é bom perceber que a História da Restauração foi compreendida por tds...quando digo oposição, estou a falar de afirmação do país, Portugal tem 2 fronteiras, uma terrestre e uma marítima e afirmamo-nos no mar, por oposição ao vizinho terrestre, pois Portugal nao tinha como crescer, se não ir para os mares...uma oposição que se viu nas várias guerras que tivemos ao longo da História...
ResponderEliminarclaro que hoje fazemos ambos parte da UE e isso une-nos, tb formamos uma Península Ibérica, mas a rivalidade nao deixa de existir, está no nosso sangue...
Hjhe temos outros inimigos "espanhóis" e com a crise, a nossa afirmação tem de ser mais forte e urgente..altura de olhar para dentro e arranjar soluções para a crise...não podemos, nem devemos cruzar os braços à espera dou "ouro", temos de revitalizar a economia e o país, incentivando as indústrias, mas tb o mercado...
Essa mesma interrogação acerca do fim desse feriado já me tinha passado pela cabeça... Até comentei com uma ou ou...tra pessoa.. Acho q é a prova viva do nível de ignorância dos nossos governantes, e é demonstrativo da falta de patriotismo dos mesmos e incapacidade p governar, pois quem ñ acarinha a nossa independencia, ñ defende os nossos interesses.. Fico estupfacta pela falta de acção dos portugueses em relação ao fim deste feriado especificamente, mas acho q isto me vem dar mais uma vez razão, acerca da ignorância histórica do povo da nossa cada vez mais humilde e ajoelhada pátria... Isto demonstra o qt já se encontra em perigo a nossa já pouca soberania..Um povo sem memória é um povo condenado a desaparecer... E mais ñ digo..
ResponderEliminarTb me questiono da escala de importancia dos feriados, será q o 25 Abril 74, foi um nível de Liberdade mais importante q o 1Dez 1640??? Ou será q apenas é uma data mais recente e as pessoas ñ sabem o real significado do 1 Dez? Terá sido Sal...azar pior q os espanhóis? LOL Ou os portugueses preferiam ser espanhóis??? LOLOL Será q a Democracia trouxe mais beneficios q a independencia de Espanha? Ou q se respeita mais o 25 de Abr devido ao ainda poderoso "lobby" Comuna??? LOLOL Nada me espanta vindo de um país de tão fraca cultura e tão pouco orgulhoso das suas raízes.. Mas fica a pergunta no ar...
ResponderEliminarPensando bem, cheguei a uma conclusão.. É q os mortos, entenda-se, os intervenientes da restauração da independência de 1640, ñ se levantam da tumba p reclamar o fim do feriado nacional, mas os "capitães de Abril" ainda estão bem vivos e mesmo recente/te ameaçaram, (Vasco Gonçalves, entenda-se), concretizar motins, deve ser essa uma das razões por q o governo optou por manter um feriado e ñ outro... É q p revolução militar já chegou o 25 de Abril, Passos Coelho gostaria de evitar outra...
ResponderEliminarA importância do Primeiro de Dezembro é enorme para a nossa Portugalidade e isso ninguém nos pode tirar...foi a data em que recuperamos a nossa independencia e em que iniciamos a nossa luta pela restauração...foi outro momento chave da afirmação da nossa naçao, por isso, é triste que seja esquecido quando devia haver, pelo contrário, mais informação e até divulgação da data...nao que dizer que isso será aposta num sentimento anti-espanhol, mas sim a aposta na nossa história e no nosso percurso...hj ambos fazem parte da União Europeia, mas o percurso individual de cada país e de cada povo não pode ser esquecido...é o nosso passado que faz sermos o que somos hoje!
ResponderEliminarNa minha opinião Portugal está novamente a perder a sua independência para a UE, para o híbrido franco-alemão", e temos de nos unir e procurar um novo "D. João IV" para "restauramos" a independência, senão vamos cair nas mãos de uma nova "União Ibérica".
ResponderEliminarFixe, Francisco!
ResponderEliminarTambém escrevi esta história, mas foi em inglês. Obrigado por partilha!
Excelente crónica! Transpondo para os nossos dias (2012), não são os espanhois, mas todo um peso chamado União Europeia que nos vai arrastar para a nossa perda da independência (outra vez)...
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