(imagem retirada da internet)
A Futilidade
“Às vezes, a diferença entre o céu e o inferno pode ser um pouco de batom”
Rob Bell
Como mulher de posições firmes, há um conjunto de pressupostos (quero realmente dizer estereótipos) que eu considerava inabaláveis. Mas como tudo na vida nada é simples e a realidade é subjectiva (carece sempre de interpretação). Tenho descoberto que algumas das verdades (dogmas insuperáveis) não são bem assim e que outras são simplesmente absurdas.
A maturidade ensina-nos isto. Nada como a experiência de vida para nos abrir os olhos. E uma das coisas que aprendi recentemente é que um pouco de futilidade é bom. Sim, leram bem (venham daí os comentários a contradizer): um pouco de futilidade é bom. Não falo daquela futilidade exacerbada, que gasta o ordenado em sapatos e que não sabe onde fica a Austrália ou que acha que Paris é a capital de Itália (tudo casos reais). Nem das plásticas que impedem um sorriso ou desafiam as leis da gravidade.
Falo dos pequenos gestos que nos dão confiança, que nos alimentam o espírito e a auto-confiança. Falo do par de sapatos perfeito que nos faz sentir no topo do mundo ou do verniz cor-de-rosa que nos faz sentir felizes. Falo do batom vermelho, daquela cor ridiculamente escarlate, que nos incendeia os lábios. Mais do que aqueles pequenos gestos que têm como objectivo nos tornar mais bonitas, interessa-me os que nos tornam mais confiantes. Os gestos que são um desafio que lançamos a quem nos rodeia: “Vejam-me, existo, estou aqui. Sou alguém e gosto de ser quem sou”.
Daí que interessarmo-nos por nós não significa que sejamos estúpidos ou fúteis. Significa simplesmente que somos felizes na nossa própria pele. E se for esse o caso, se por causa de um batom vermelho ou de um verniz rosa eu me sentir só um bocadinho mais feliz, então, o céu é o limite. Serei capaz de grandes coisas, de me mudar e de mudar o mundo à minha volta. Se eu não tiver medo de me mostrar como sou, sem inseguranças nem preocupações pelas opiniões dos outros, então nada me conseguirá parar.
Por isso (e só por isso), hoje glorifico as pequenas futilidades. E amanhã vou sair à rua de lábios vermelhos rubis. E quem não gostar que se afaste.
Seja você mesmo, seja livre.
Crónica de Márcia Leal
P.S. Esta crónica estará em destaque aqui no blogue até a próxima crónica para dar oportunidade de todos os visitantes lerem e darem opinião sobre a mesma.
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Lábios vermelhos rubis. Atitude!!
ResponderEliminarLábios vermelhos rubis. Atitude!!
ResponderEliminarExistem várias teorias sobre a futilidade como arma essencial para a sobrevivência do ego. Algumas justificativas psicologicamente, mas a grande maioria são argumentações banais e injustificadas. Pessoalmente nem sei como fazer a leitura.
ResponderEliminarÉ verdade adquirida que a indústria empresarial aproveita a “futilidade” como meio produtivo para fazer dinheiro. (Sempre a vertente económica a sugar tudo que produza mais valia económica… nem que para isso tenha que seduzir os seus clientes com superficialidades ocasionais e de interesse muito duvidoso.)
Gostava de citar – Angélica Carnevali Miquelin – que afirma - A futilidade é a alma gêmea da ignorância. A arrogância é a alma gêmea da incompetência. A vaidade é a mãe delas.
Não tenho uma opinião fundamentada e por isso fico-me pela leitura da crónica que acaba por contribuir, para o meu conhecimento pessoal. Não posso deixar de referir que – “ A Futilidade- “Às vezes, a diferença entre o céu e o inferno pode ser um pouco de batom” - Rob Bell – Sem ser desmancha-prazeres, penso que Rob Bell como americano está virado para uma parte da sociedade norte - americana e talvez mesmo nem seja abrangente como desejava, ou como a “Time” o pretende projetar. Julgo mesmo que não conseguiu chegar ao patamar de internacionalização e muito menos ao espectro globalizante… O tempo dará razão a quem a tem… O final da sua crónica, espelha bem um sentimento pessoal… -“Por isso (e só por isso), hoje glorifico as pequenas futilidades. E amanhã vou sair à rua de lábios vermelhos rubis. E quem não gostar que se afaste.”
Não me afastarei, porque só invade o meu território quem tem permissão e gostava de Lhe recordar que a Liberdade de cada um acaba quando tentamos invadir a liberdade dos outros…
Mesmo que não totalmente concordante, gostei da sua crónica.
Serenamente e sem futilidade, por aqui fico, no dia do nascimento de Umberto Eco, em 1932, que tem entre outros romances, que provavelmente conhece... – “O Pendulo de Foucault, “ A ilha do dia anterior “, “O nome da Rosa” ou o mais recente publicado em 2011 – “O Cemitério de Praga”
Inté - mário